Rio Ave Luís Freire: a reflexão sobre chegar aos 350 jogos e uma palavra de conforto ao Paços
Luís Freire quer somar dois triunfos no que falta completar da temporada e aponta já aos três pontos na deslocação, amanhã, às 18 horas, ao terreno do Paços de Ferreira, adversário já despromovido ao escalão secundário do futebol nacional.
O técnico dos vila-condenses garante que vai lutar para vencer. «Da nossa parte, amanhã, como é lógico, é um jogo que queremos jogar. Sinto os jogadores com vontade de jogar, de acabar bem a época, queremos isso. Tivemos uma época desgastante a todos os níveis. Subimos de divisão, tivemos de reestruturar o plantel, um calendário difícil nas primeiras jornadas, com jogadores a entrar. Aos poucos chegámos a patamares de estabilidade e conseguimos chegar com a permanência rapidamente atingida, independentemente de termos perdido três jogadores em janeiro. Ao longo deste trajeto, conseguimos lançar jovens, como o Magrão, o Costinha, o Fábio Ronaldo, o Ventura, o Lumboto. Há possibilidades de mais um jogador se estrear até final. Estamos a fazer este trabalho de ajudar o clube a arranjar soluções. Foi uma época de superação clara e queremos dar um prémio a nós próprios, por tudo o que fizemos, pela união e atitude dos jogadores, pela relação que tivemos cá dentro, pelo apoio da direção. Queremos acabar bem a época, queremos esse prémio. Acho que valemos mais do que o 12.º lugar, fizemos bons jogos, valorizámos o nome do Rio Ave. Queremos entrar com personalidade e acabar bem a época. No que depender de nós, temos de querer ser felizes. Estamos num momento para procurar dar o máximo para ter esse sentimento de vitória junto dos nossos», salientou.
Luís Freire deixou também uma palavra de conforto ao Paços de Ferreira pela descida de divisão. «Este jogo com o Paços devia ter sido disputado ontem ou o do Marítimo hoje. Não se percebe, por muito que falem de direitos televisivos, estamos a falar de profissionais e homens. Abdicamos de muitas horas com a família, temos muitos sacrifícios. Há quem diga que só tem que se escolher coisas boas, mas há muita coisa que não é assim tanto. Temos sacrifícios e acho que chegar ao fim, à penúltima jornada, e uma descida não ser disputada ao mesmo tempo é mais duro para o adversário. Se tentar e não conseguir… agora nem na penúltima jornada dão essa oportunidade. O interesse do futebol tem de estar salvaguardado em vez do interesse televisivo. É futebol, temos de nos adaptar à realidade do futebol. Há uma competição em que alguém vai descer, ser campeão e ir à Europa e essas competições devem ser à mesma hora. Não foi adequado. Para o Paços deve ser um golpe duro», disse.
Luís Freire atinge amanhã uma marca especial na carreira. Frente ao P. Ferreira, o técnico do Rio Ave vai fazer o jogo 350 como treinador principal, registo do qual se disse orgulhoso.
«É passar por eles. 350 vezes 90 minutos, vezes semanas de treinos, vezes 11 anos. É passar por eles. Há uma reflexão que terei de fazer sobre esse trajeto, todo ele feito com a mesma equipa técnica. São 11 anos juntos. É uma carreira de muito trabalho, sacrifício, luta pessoal. Nem sempre fácil, mas com esse sabor a orgulho do que temos feito. Que venham mais 350, porque é isto que gostamos de fazer como equipa técnica. É um orgulho atingir essa marca no Rio Ave. Neste momento, é esse o sentimento», adiantou, explicando depois a reflexão a que se referia e que nada tem que ver com a continuidade ao leme dos vila-condenses.
«A reflexão tem que ver com o que já passamos. Às vezes temos de olhar para trás para ver o que já conseguimos. Às vezes estamos insatisfeitos com o presente, mas olhamos para trás e vemos o que já conseguimos. Às vezes agarro-me a isso um bocado. Há a capacidade para chegar lá. É olhar para trás e sentir-me orgulhoso. Fizemos tanta coisa boa. Estamos num bom caminho. Em relação à continuidade, estamos a preparar a pré-época, planeamento está feito, o plantel, com mercado ou sem mercado, está falado. Já houve reuniões de preparação da próxima temporada. Agora, no final da época e só no final da época, vamos falar os dois, eu e o presidente, e falar o que há a falar e acertar o que há a acertar», referiu.