UD Leiria-Sporting, 0-3 «Leão autoritário em Leiria a dizer que Varzim é passado»: a crónica do triunfo do Sporting
Sporting não brincou em serviço; jogo com o SC Braga esteve ausente do pensamento; leirienses organizados bateram no muro
A época do Sporting em 2022/23 foi muito curiosa, porque não é todos os anos que se vê uma equipa tombar, na Taça de Portugal, em campo neutro, frente ao Varzim, do terceiro escalão, e a seguir eliminar das competições europeias, o Arsenal, que à altura liderava a Premier League. Essa versão bipolar da equipa de Rúben Amorim parece ter desaparecido de cena, o plantel ganhou coerência e argumentos, e percebeu que nunca há jogos fáceis, há jogos que, por vezes, podem tornar-se fáceis.
Em Leiria, não obstante os leões terem de defrontar o SC Braga no próximo domingo, o técnico sportinguista mandou a jogo quem tinha de melhor (exceto Gonçalo Inácio, que ainda fez uma perninha na fase final da partida), e venceu com autoridade e clareza, pecando o resultado final, quiçá, por escassez. E não se pense que o UD Leiria foi pêra doce. A turma do Lis nunca perdeu o sentido da organização, ainda esteve, por duas vezes, à beira de fazer o gosto ao pé, mas teve de submeter-se à pressão leonina, traduzida num impressionante sprint de 80 metros de Viktor Gyokeres, por volta do minuto 90, que parecia ter iniciado, naquele momento a partida. Apesar do adversário ser do segundo escalão, o Sporting não facilitou em entrega e manteve compostura tática de princípio ao fim, aproveitando os 90 minutos de Leiria para repor os índices físicos alterados pelo jogo que não houve em Famalicão.
UD LEIRIA NÃO PODIA FAZER MAIS
O UD Leiria entrou em campo armada em 5x3x2, procurando tapar os caminhos para a baliza de Kiezek, sem perder o sentido do contra-ataque. Mas esta estratégia, bem pensada, era mais fácil de teorizar do que de fazer, porque o Sporting com o seu figurino habitual, esteve muito perto do golo, por Gyokeres, que atirou ao poste logo aos cinco minutos. Responderam os leirienses de bola parada aos 15, com um remate de Bura ao lado, mas a partir daí só deu Sporting que chegou ao intervalo a vencer por 0-2 e com uma posse de bola favorável de 71/29. Apesar de Morita já estar no banco, Amorim manteve Pedro Gonçalves ao lado de Hjulmand, e mesmo quando tudo estava mais do que resolvido, quis dar todos os minutos a Gyokeres, a Pedro Gonçalves - que pode vir a retomar uma posição mais avançada frente aos arsenalistas, em detrimento de Trincão, assim o treinador do Sporting queira mandar Morita a jogo - a Coates e a Edwards.
A verdade é que, pese embora em várias tentativas, quer através de uma mudança tática na segunda parte, abrindo espaços a meio-campo e dando mais corpo ao ataque, quer através de substituições, o técnico leiriense tenha tentado dar a volta ao texto, foi Sporting a mais para o 13.º classificado da Liga 2. Para haver tomba-gigantes, regra-geral, a equipa mais cotada tem de passar alguns períodos do jogo a dormir, e os leões, na noite de Leiria, estiveram sempre bem acordados.
Este mês de fevereiro vai ser determinante para o Sporting dizer-nos se a equipa está, como parece, tão bem, de saúde - a começar por Gyokeres, uma força da natureza que entrou no nosso campeonato coma subtileza de um elefante em loja de porcelanas, fazendo a diferença -ou se, perante o caudal de jogos, pode vacilar. Da mecanização que tem sido vista - jogue A ou jogue B o sistema não muda um milímetro - a ideia que passa para o observador externo é a de estarmos perante uma equipa de primeira água. E se Rúben Amorim não dá descanso aos mais óbvios, a começar por Viktor Gyokeres, ele lá saberá porquê.