Jorge Sousa: «Temos capacidade para trabalhar de forma livre e autónoma»

FUTEBOL10:41

Candidato a presidente do Conselho de Arbitragem da FPF destaca que a liberdade de decisão da equipa que lidera é crucial para credibilizar o setor

Qual é a primeira bandeira desta candidatura?

A arbitragem já foi inventada, o futebol já foi inventado e eu não vou vender aqui falsas ilusões. Grande parte daquilo que são ideias para a arbitragem já estão implementadas. Outras estão em processo de reflexão. Nós temos de pegar, em grande parte dessas medidas que estão implementadas, analisá-las, reformulá-las e potenciá-las, de forma a retirar o máximo dividendo de cada uma. E acrescentar outras, que temos em mente, para acrescentar e tornar todo este processo o mais completo possível. A arbitragem deve ser dos árbitros e esta capacidade de termos aqui uma equipa constituída por árbitros, pela arbitragem, pelo futebol, dá-nos esta capacidade, e esta leveza de espírito, de ter total autonomia e independência em relação a todos os setores do futebol. É importante não deixar qualquer dúvida de que, com este Conselho de Arbitragem, nós temos toda a capacidade de fazer, de forma tranquila, livre e autónoma o nosso trabalho. E, isso é importante dizer. A arbitragem tem qualidade. Devidamente trabalhada, promovida e potenciada pode perfeitamente deixar de ser o parente pobre, o patinho feio e ser aquela equipa que as pessoas olham com respeito. Nós temos de perceber o que é que um árbitro pretende de um Conselho de Arbitragem. Depois nós não podemos esquecer que estamos aqui para servir os clubes. Os clubes não podem dar-se ao luxo de fazer investimentos avultadíssimos e depois terem uma época como que boicotada, sabotada, por três ou quatro arbitragens que acabaram por não corresponder às expectativas.

Mas, como é que isso se evita?

Muitas vezes mostrando aos clubes o trabalho feito, com um bom processo de comunicação e até de proximidade. Muitas vezes criam-se fantasmas, e criam-se erros, que verdadeiramente não chegam a ser. Às vezes é preciso desmistificar isso. Um erro não é propriamente aquilo que alguém queira que seja um erro. Um erro será sempre um erro. Não é aquilo que os outros queiram que seja um erro. Abrir um bocadinho a arbitragem, fará com que fique muito mais serena. Nós temos de perceber aquilo que são as exigências que os clubes querem de um Conselho de Arbitragem. Querem bons árbitros, querem bons desempenhos. E, nós temos de oferecer isso aos clubes. Temos de os compreender. Não existem boas competições sem boas arbitragens. Não há boas arbitragens sem boas competições.

Mas, hoje alguém quer ser árbitro?

Há muita gente que quer ser árbitro. Muita gente mesmo. Homens e mulheres. Se no passado 99% das pessoas que iam tirar o curso de árbitro eram homens, hoje a percentagem não é essa. O problema não está em recrutar, porque isso consegue-se, o problema está em fidelizar os árbitros depois na estrutura da arbitragem. Nós para conseguirmos ter 20 árbitros, se calhar vamos ter de formar 100. É preciso proteger estas pessoas. Pessoas que são, na sua maioria, jovens. Alguns deles, adolescentes, porque aos 14 anos podem tirar o curso.

Jorge Sousa: «Ofereceremos as melhores condições para a arbitragem»

18 janeiro 2025, 10:56

Jorge Sousa: «Ofereceremos as melhores condições para a arbitragem»

Dia 14 de fevereiro vão ter lugar as eleições para os novos órgãos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Mas, para além de decidir quem vai ser o novo presidente da FPF, há vários conselhos que também vão a eleições. Um deles é o Conselho de Arbitragem. Jorge Sousa é o candidato ao cargo de presidente do Conselho de Arbitragem, pela lista de Nuno Lobo. Jorge Sousa esteve na redação d’ A BOLA para falar do que pretende para a arbitragem portuguesa.

Olham para nós como uma equipa muito válida, uma equipa que dá todas as garantias.

Como é que tem estado a correr a passagem de mensagem, junto dos delegados, que são aqueles que votam e que vão decidir se será a equipa do Jorge Sousa a próxima a liderar o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa do Futebol?

Tem sido fantástico. As pessoas querem sentir confiança e credibilidade naquilo que é a capacidade de desempenhar cabalmente a missão, quer ao nível da gestão, quer ao nível da formação. As pessoas olham para nós como uma equipa muito válida, uma equipa que dá todas as garantias. Seja ao nível das competições profissionais, seja ao nível das competições não profissionais, seja ao nível dos próprios árbitros, naquilo que é a avaliação de desempenho, seja nas associações. As associações estão, muitas vezes, dependentes de um Conselho de Arbitragem, naquilo que são os seus incentivos, as suas parcerias, sejam elas logísticas, financeiras ou ao nível de recursos humanos. Nós temos de criar aqui uma dinâmica muito forte que faça com que as pessoas acreditem em nós e confiem em nós.

Jorge Sousa, candidato à presidência do Conselho de Arbitragem da FPF, à conversa com a jornalista Irene Palma nos estúdios de A BOLA
Jorge Sousa, candidato à presidência do Conselho de Arbitragem da FPF, à conversa com a jornalista Irene Palma nos estúdios de A BOLA

Melhorar e aumentar o número de horas de formação de árbitros e videoárbitros é uma das medidas que querem ver implementadas?

Indiscutivelmente. Sem uma boa preparação, sem um bom treino, não haverá um bom desempenho. Ninguém consegue ser bom árbitro acabando o jogo ao domingo à noite e voltando a arbitrar no domingo seguinte, sem fazer nada. Assim como ninguém consegue ser um grande VAR, do ponto de vista qualitativo, se acabar o jogo no domingo e voltar a ser VAR no domingo seguinte, não fazendo absolutamente nada. A formação é o segredo. Seja do ponto de vista das competições profissionais ou não profissionais.

Essa formação vai ajudar na credibilização, que é fundamental para a arbitragem?

No passado já houve muitas formas de se ver a arbitragem. Com algum descrédito, outras vezes com descrédito e uma imagem que as próprias promiscuidades que existiam entre o setor da arbitragem e o exterior denunciavam algum perigo. Nos últimos anos, e sobretudo a partir de 2016, e com este Conselho de Arbitragem é bom que se diga isso, nós conseguimos mudar completamente a imagem dos árbitros. Hoje, ninguém põe em causa a credibilidade do setor. Toda a gente sabe que árbitros vão para o terreno de jogo e tentam arbitrar o melhor possível. Às vezes as coisas não correm bem, mas vão ser alvo apenas da crítica do ponto de vista do seu desempenho, não ao nível daquilo que é a imagem da arbitragem. Nós acreditamos cegamente que com este Conselho de Arbitragem teremos, nos próximos anos, um órgão que irá prestigiar o setor.