Jogadores confirmam que receberam propostas para perder com o Benfica
Cássio e Marcelo, ex-Rio Ave, compareceram em tribunal esta quarta-feira, no início do julgamento do empresário César Boaventura
Cássio e Marcelo, antigos jogadores do Rio Ave, marcaram presença esta quarta-feira no Tribunal de Matosinhos, para testemunharem no início do julgamento do empresário César Boaventura, acusado de corrupção ativa, por alegado aliciamento de jogadores para perderem com o Benfica em 2015/16, época em que o clube foi tricampeão nacional.
Segundo o jornal Público, o guarda-redes brasileiro de 43 anos revelou que César Boaventura o tentou aliciar com 60 mil euros para facilitar no jogo contra o Benfica, enquanto o central de 34 anos disse ter pensado tratar-se de «uma brincadeira», contrariando algumas partes da versão que avançou em 2017.
«Ele tinha interesse que o Benfica vencesse o jogo e disse para eu fazer o que tivesse de fazer. Eu disse que não, pedi que saísse do carro e ele disse que se eu não aceitasse que o Marcelo e o Lionn aceitavam», contou Cássio, justificando a conversa no carro com César Boaventura com o facto de estar em final de contrato e poder existir algum interessado.
«Ele ligou e apresentou-se, perguntou se estaria interessado numa proposta de fora. Disse-lhe que aquela não era uma boa semana, que tinha jogo. Ele insistiu e disse que queria falar comigo», recordou Marcelo, que recusou ter recebido qualquer recomendação para facilitar no jogo com o Benfica – contrariando o primeiro depoimento à PJ, no qual referiu que o empresário lhe tinha sugerido fazer falta para penálti.
Lionn, outro dos antigos jogadores do Rio Ave que terão recebido propostas para beneficiar o Benfica nos encontros entre as duas equipas em 2015/16, não marcou presença em tribunal.
César Boaventura é acusado pelo Ministério Público de três crimes de corrupção ativa e um crime de corrupção ativa na forma tentada, por alegadamente ter pedido aos jogadores Marcelo, Cássio, Lionn (à data do Rio Ave) e Salin (Marítimo) para influenciarem os resultados das partidas dos respetivos clubes contra o Benfica, a 24 de abril de 2016 e 8 de maio de 2016, respetivamente.
O Benfica, recorde-se, está alheio a este processo, por não ter sido dado com provado que o empresário «tenha sido incumbido de qualquer tarefa» pelos dirigentes benfiquistas, segundo as procuradoras responsáveis.