João Pinto: «É um ano de preparação para conseguir títulos para o FC Porto»
Antigo jogador fala da mística, dos contratos, do momento dos dragões com nova Direção
O antigo jogador João Pinto esteve presente esta segunda-feira na abertura de exposição temporária do Museu do FC Porto sobre os 25 anos do Penta, com os ex-colegas Rui Barros, Semedo e Bandeirinha. João Pinto esteve na conquista dos três primeiros campeonatos, Bandeirinha e Semedo, estiveram na conquista dos dois primeiros, e Rui Barros participou nos cinco.
- O João falou de mística. Hoje em dia é muito difícil ter mística, porque os jogadores estão 2 anos, 3 anos, e saem quando têm qualidade, quando não têm qualidade também saem. Como é que é esta mudança no futebol, em relação ao vosso tempo?
-No meu tempo assinávamos por 5, 6 anos, estávamos à espera que o contrato acabasse, para renovar novamente. Hoje em dia é totalmente diferente. Sem menosprezar ninguém, sem dizer do mal de ninguém, o que eu costumo dizer é comprar por 10 e vender por 20. Normalmente um clube quando vai buscar um jogador, assina por 4 ou 5 anos, mas terá de o vender no final do terceiro, porque se não, mais ano, menos ano, podem ir de borla, em vários clubes já isso aconteceu. Acho que o FC Porto teve a sorte de, ao longo dos anos, ter a tal mistura de valores serem passados de jogador para jogador. Lembro-me perfeitamente de ter passado ao Jorge Costa, depois ele com o Vítor Baía e por aí fora, e isso trouxe ao FC Porto, nessa altura, grandes trunfos para que conseguisse ombrear com os rivais da Lisboa, sem desprezo para ninguém. Por vezes não éramos o plantel mais forte, nem a equipa mais forte, mas pela nossa maneira de estar, não só nos treinos, como nos jogos, em que queríamos ganhar tudo o que fosse para ganhar, levou a que o clube, ao longo dos anos, conseguisse ganhar aquilo que conseguiu ganhar.
- Tem cinco títulos e cinco troféus atrás. Acredita que este feito pode ser repetido em breve?
-Espero bem que sim, mas tem que pensar num título de cada vez. Ou melhor, ganhar jogo a jogo e depois, no final dos campeonatos, fazer as contas se deu para ficar em primeiro ou não. Pensar numa coisa de cada vez. Na minha altura, se perdêssemos um jogo, queríamos jogar logo no dia a seguir para tapar a má imagem que tínhamos deixado de um jogo que perdemos. Mas hoje em dia, há muitos jogos.
-O Diogo Costa falou recentemente da possibilidade de o FC Porto voltar aos títulos europeus e ganhar a Liga Europa. Acredita que pode estar no horizonte desta equipa?
-Neste momento, pelo plantel que tem, pela equipa que tem, uma equipa jovem, está a construir uma equipa para o futuro. Falta saber se vai conseguir manter estes jogadores durante muitos anos. Claro que uma equipa muito forte não se faz de uma época para a outra. Estou convencido de que as pessoas que estão à frente, o seu presidente e as pessoas que trabalham com ele, com o plantel que conseguiram este ano, é a pensar, se calhar, no próximo ano. Mas, como disse, o FC Porto só quer é ganhar. Mesmo com a equipa que tem, vai ganhando jogo após jogo. Se ficarmos em primeiro, como portista e associado ficarei muito satisfeito por uma nova Direção ter conseguido isso. Mas, se não conseguir, acho que é um ano de preparação para muitos anos após este, conseguir títulos para o FC Porto.
-Agora foi contratado o Castro, que tem a sua camisola, a camisola 2. Como é que interpretou essa decisão da direção de recuperar um jogador da casa e trazê-lo para um ambiente de Porto B, eventualmente até estar com a equipa principal?
-Na equipa B sempre se tentou ter um jogador com mais idade em relação àqueles que saem das camadas jovens. Acho que é importante terem ido buscar o Castro, jogou nas camadas jovens, conhece bem os cantos à casa, conheço-o muito bem como jogador e como homem, e acho que o Castro mereceu, ou vai merecer, se calhar, acabar a sua carreira com a camisola do FC Porto.