Francisco Esteves explica razão de preferir o Arouca a um dos três grandes: «Para esses emblemas, serei apenas mais um»
Francisco Esteves recebeu a camisola de Alfonso Trezza

Francisco Esteves explica razão de preferir o Arouca a um dos três grandes: «Para esses emblemas, serei apenas mais um»

NACIONAL08:30

Fervoroso adepto viajou com a equipa no regresso a casa; justifica a paixão pelo emblema arouquense

Até onde vai a lealdade e um amor a um clube? Será que há limites? Em dia do 23.º aniversário, celebrado no passado domingo, Francisco Esteves, estudante de gestão hoteleira, no Instituto Superior de Administração e Gestão, abdicou de passar a ocasião com familiares e amigos para viajar sozinho de autocarro cerca de 550 quilómetros, de Vila Nova de Gaia até Faro, para apoiar o emblema arouquense no encontro da 6.ª jornada da Liga.

«Quando saiu o horário [18 horas] do jogo, comprei o bilhete. Os meus pais sabem da minha obsessão pelo Arouca, deixaram-me ir e acabei por receber a melhor prenda possível», refere o jovem em conversa com A BOLA, admitindo que não estava à espera de realizar a viagem de volta no autocarro da equipa junto dos jogadores e restante equipa técnica.

«Foi um momento único na vida andar no autocarro do Arouca. Tudo aconteceu por acaso, quando o jogo terminou [com vitória, por 1-0, dos lobos da Serra da Freita], reparei que tinha algum tempo ainda até ir para a estação de autocarros e decidi ficar à beira do autocarro do Arouca e aproveitar para pedir autógrafos e fotografias aos jogadores. Passado algum tempo, um dirigente e o capitão David Simão chegaram perto de mim e ofereceram-me a camisola de jogo do Alfonso Trezza, que marcou o golo da vitória. Já estava super feliz, mas tudo melhorou quando me perguntaram como ia para o Norte. Eu disse que ia para a estação, mas eles esboçaram um sorriso e disseram que a viagem de autocarro seria no da equipa. Fiquei incrédulo», conta o fervoroso adepto.

E como foi a viagem? Francisco Esteves relata a experiência: «Estava, naturalmente, tímido. Só quando passamos o Rio Tejo, em Lisboa, que comecei a acreditar que aquilo não era um sonho. Todos os jogadores foram simpáticos comigo, meteram conversa, deixaram-me à vontade. Talvez, o que mais me surpreendeu foi o Pablo Gozálbez. Ele não jogou, mas estava de espírito aberto, foi muito acessível e deu para ver que é uma ótima pessoa. O Arouca deixou-me no estádio e, depois, vim até Gaia de boleia com os jogadores. Cheguei à casa depois das 5 da manhã»

Questionado o porquê de não seguir a maioria e optar por um Benfica, FC Porto ou Sporting, Francisco, que também é treinador de futebol na equipa sub-15 no Atlético Club de Gervide, afirma que a diferença também é necessária na modalidade. «Quando era pequeno não ligava muito ao futebol. A minha mãe é de Arouca e sempre me transmitiram o sentimento de apoiar o clube da terra. Comecei a ver os jogos e o bichinho foi evoluindo. Passei a ir a todas as jornadas, quer fosse sozinho, quer fosse com os meus pais, que agradeço o esforço. Sinceramente, sinto que o Arouca precisa mais do meu apoio do que um Benfica, Porto ou Sporting. Para esses emblemas, serei apenas mais um. Já vivi e vi o Arouca nos seus tempos mais áureos desportivamente, como também já batemos no fundo. É futebol, podemos ganhar ou perder, mas o amor ao clube é para sempre.»

Melhor estádio

Presença assídua nos estádios do futebol português, Francisco Esteves elege o mais bonito, sem contar, claro, com o Municipal de Arouca. «O Estádio do Gil Vicente [Cidade de Barcelos] é moderno, bonito e adequado às dimensões do clube. Gosto muito», revela, expressando os maiores desafios para um adepto visitante. «Felizmente, nunca passei por uma má experiência, no que diz respeito a conflitos. No entanto, diria que ir um Estádio da Luz, Dragão, ou Alvalade ou a Braga é desconfortável no sentido que, além de já estarmos longe, temos de levar com uma rede enorme de proteção, que retira um pouco da experiência ao adepto. Vês o jogo através de buraquinhos da rede [risos]», salienta, reforçando as boas coisas que o futebol proporciona: «Nos Açores, um dirigente ficou à conversa comigo depois do apito final. Ofereceu-me lanche e deu-me boleia para o hotel.»

Desejo para 2024/25

No domingo, pelas 18 horas, o Arouca enfrenta uma complicada deslocação ao reduto do FC Porto. Francisco garante que estará na bancada a apoiar, torcendo por um resultado semelhante ao da época passada [1-1]: «Espero que sim. Serão 90 minutos e vamos esperar que a bola entre. Vou fazer a minha parte e sei que os jogadores do Arouca também vão fazer a deles, têm capacidade para isso.»

Depois de um 7.º lugar alcançado em 2023/24, o jovem faz a análise da equipa orientada por Gonzalo Garcia. «Tínhamos um ataque muito interessante, este ano penso que a defesa é o nosso ponto forte. No final da época, aponto ao top-7 do campeonato. É ambicioso, mas na temporada passada, no iníco de dezembro, só tínhamos 9 pontos em 12 jornadas. Esta época, já somámos 6 em seis jogos. É possível», desejou Francisco Esteves.