Extremo escapa do estereótipo do jogador de futebol convencional; toca piano e guitarra, escreve sobre o espírito de superação na sua carreira e lê livros de filosofia; quer compilar textos numa futura obra
BAD TATZMANNSDORF — Muitas vezes parece enraizada na sociedade a ideia de que só existe um estereótipo de jogador de futebol , aquele que se preocupa apenas com questões relacionadas com o desporto-rei e que a cultura geral passa-lhe ao lado. O tempo diz-nos que esse tempo já lá vai e os atletas saem com frequência de uma bolha instalada e que, por norma, fica circunscrita aos treinos, jogos e conferências de imprensa.
19 julho 2024, 20:25
Fabuloso golo de trivela do extremo portista, a tirar oxigénio aos austríacos; capitão Alan Varela a comandar o meio-campo, Namaso a criar estímulos e Nico González já conhece o golo de cor
O caso mais flagrante desta nova realidade é o de Gonçalo Borges, um produto da formação do Olival, que apontou diante do Áustria de Viena um golo monumental, imitando o grande ídolo Ricardo Quaresma. O talento do extremo vai muito para além das trivelas que encantam, os cruzamentos primorosos para a área, como o fez no lance que deu o golo de Nico González frente ao conjunto austríaco ou das fintas e sprints que deixam os adversários com a cabeça complemente à roda.
Com 23 anos, Gonçalo Borges tem valências que vão para além do mero pontapé na bola. Toca piano com destreza e também guitarra, demonstrando uma enorme paixão pela música. Nos tempos livres inspira-se em casa, buscando nesses momentos motivação que transporta para as quatro linhas. Mas não se ficam por aqui os atributos de Gonçalo Borges, que tem um gosto especial por literatura, em especial livros relacionados com filosofia.
19 julho 2024, 19:42
Excelente apontamento técnico do extremo ante o Áustria de Viena
É nas letras que também busca sabedoria e força para o seu trabalho diário, uma forma diferente do que estamos habituados a lidar com a maioria dos profissionais do desporto-rei.
Da leitura à escrita vai uma curta distância, pois Gonçalo Borges gosta de escrever episódios que vivenciou enquanto futebolista, mormente relacionados com as adversidades com que se deparou na carreira. Passa para o papel esses momentos complicados, mas a sua intenção vai mais longe, já que pretende compilar todos esses textos num livro. A ideia está em cima da mesa e passará a ser uma realidade quando terminar o fio condutor que já iniciou há alguns meses.
Não se pense que a vida de um jogador se resume apenas ao trabalho e a ordenados principescos. Há momentos de frustração, raiva e descrença. Gonçalo Borges já os sentiu e teve necessidade de recorrer aos préstimos do psicólogo Luís André, que faz parte dos quadros do FC Porto há anos alguns. Superação e resiliência são palavras que fazem parte do quotidiano do ainda menino que sonha singrar de dragão ao peito. Se no relvado consegue ser desconcertante, tentando levar este mundo e o outro à frente, fora das quatro linhas tem postura diferenciada: toca, lê e escreve. Com os dedos ou com os pés é um craque em potência...
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