EURO 2024 Croácia: o guia
Expectativas
A Croácia nunca ganhou um jogo a eliminar no EURO. E se isso parece estranho, tendo em conta o facto de parecerem sempre superar as expetativas, aqui vai isto: a última (e única) vez em que ganharam a alguém no tempo regulamentar depois da fase de grupos num grande torneio foi há 26 anos, em França (Roménia e Alemanha). No Catar, até chegaram às meias-finais após ganhar apenas um jogo nos 90 minutos – frente ao Canadá – e não serem superiores aos seus adversários em nenhum dos outros quatro jogos.
Ainda assim, os adeptos croatas têm sido mimados com enormes sucessos e agora é esperado mais ou menos o mesmo da equipa na Alemanha. Desta vez, contudo, as coisas andam menos boas do que nos outros torneios – e isso não é tendo em conta a inconsistente qualificação dos Vatreni.
Zlatko Dalic monta a seleção num 4-3-3, com o 4-2-3-1 a ser o plano de reserva. Tem sido sugerido que uma linha defensiva de 3 seria mais apropriada a este grupo de jogadores, mas isso não vai acontecer enquanto Luka Modric estiver por perto e, provavelmente, tem muito crédito nas suas decisões de bastidores.
E, embora construir a equipa à volta do (envelhecido) capitão ainda faça sentido, isso significa que os outros jogadores importantes e em boa forma sejam empurrados para fora da sua zona de conforto. Tanto que o papel híbrido de Josko Gvardiol no Manchester City não pode ser replicado na seleção, com Dalic deixado a decidir se o vai utilizar como central ou lateral-esquerdo.
Andrej Kramaric tem sido brilhante pelo Hoffenheim a operar mais atrás, como médio, mas na seleção é obrigado a jogar na ala ou como ponta de lança. Até Bruno Petkovic, que gosta de recuar e ligar o jogo pelo Dínamo, terá de ter um papel mais tradicional na frente de ataque. Além de tudo isso, muitos jogadores têm tido dificuldades nesta época com lesões e há muitas incertezas antes do EURO.
O selecionador
«Queremos a Croácia feliz e orgulhosa novamente», disse Zlatko Dalic após anunciar o plantel para o EURO 2024. «Temos elevado muito a fasquia com três medalhas em cinco anos e esse nível não é realista a longo prazo», acrescentou, falando também na Liga das Nações do ano passado, na qual a Croácia perdeu na final com a Espanha, depois do desempate por penáltis. A equipa tem desfrutado de um tremendo sucesso às ordens de Dalic, mas, ao longo dos anos, a sua comunicação populista não tem caído muito bem junto dos adeptos e (pelo menos alguns) jogadores. Será provavelmente o seu último torneio como selecionador e quererá certamente sair pela porta grande.
O ícone
Sem dúvida, Modric, se dúvidas houvesse. Fazendo 39 anos em setembro, joga na seleção há 18 anos e somou mais de 170 internacionalizações. E, se o Real Madrid geriu cuidadosamente o seu tempo de jogo durante a época, irá muito provavelmente fazer horas extra pela Croácia no verão. «Limitar o tempo de jogo do Luka não lhe faz bem», disse Dalic dessa gestão. «Tem de jogar todos os jogos, é isso que o faz ser ainda melhor. Esperamos sempre que seja o nosso líder.» Neste momento a Croácia conta com o seu maestro para um canto do cisne.
Para ter debaixo de olho
Ninguém, na verdade. É uma equipa maioritariamente veterana e só há dois jogadores mais jovens do que Gvardiol, que, aos 22 anos, já é um estabelecido jogador de classe mundial a caminhar para o seu terceiro grande torneio. Esses dois são os médios criativos Luka Sucic (RB Salzburgo) e Martin Baturina (Dínamo Zagreb), dos quais não se espera que joguem muito no EURO, mas que podem ser alvos de grandes clubes europeus muito em breve. Vale a pena, pelo menos, registar os seus nomes.
Espírito rebelde
O trono, infelizmente, está vazio desde que Dejan Lovren se retirou da seleção e Marko Livaja – a maior estrela doméstica – se recusou a jogar por Dalic, depois de um confronto com os adeptos e com o selecionador a falhar na sua defesa. Se alguém chega perto desse título é Bruno Petkovic, um avançado raro, uma espécie de Dr. Jekyll/Mr. Hyde. Vê-lo a jogar é alternar nas perguntas entre «porque é que este deus do futebol não joga numa equipa de topo da Premier League?», e «o que é que este piscineiro/resmungão está a fazer em campo?» Qualquer uma das imagens é provável.
A espinha dorsal
Livakovic, Gvardiol, Modric, Perisic. Separados por 16 anos de idade, Gvardiol e Modric são os únicos jogadores de classe mundial da Croácia neste momento. Dominik Livakovic foi herói no Qatar, assegurando um lugar nas fases a eliminar com as suas grande defesas contra a Bélgica, antes de dominar o desempate por penáltis frente ao Japão e de enlouquecer os brasileiros nos quartos de final. A influência de Perisic ao longo dos anos tem sido secundária à de Modric e, embora esteja a voltar de lesão grave aos 35 anos, a sua importância para a equipa ainda é assinalável, jogue como extremo ou (possivelmente) como lateral.
Onze provável (4-3-3)
Livakovic; Stanisic, Sutalo, Gvardiol e Sosa; Brozovic, Kovacic e Modric; Kramaric, Petkovic e Perisic
Adepto famoso
É difícil encontrar alguém que se enquadre na categoria, infelizmente. Snoop Dogg, que já foi visto a usar a camisola xadrez, ou possivelmente Bill Belichick, o mais famoso treinador da NFL, que tem antepassados croatas? Ou Baby Lasagna, segundo classificado da Eurovisão 2024? Não estão impressionados? Tudo bem, nós também não.
Petisco
A cozinha croata pode ser entusiasmante e versátil, mas não teríamos essa noção durante um jogo de futebol. Nos estádios, o comum é comprar pipocas, amendoins ou sementes de abóbora salgadas, ou, talvez, se tiveres sorte, um cachorro-quente mal cozinhado. Quem assistir os jogos em casa de outra pessoa pode ver ser-lhe servida uma tábua de queijo e carnes curadas como presunto ou kulen picante. No geral, os croatas preferem beber e fumar quando estão a ver futebol – e, se a boca não estiver cheia, é possível dizer palavrões mais alto e mais facilmente.