ENTREVISTA A BOLA «Esclerose múltipla está controlada!»
Iordanov revela que está tudo 'ok' com a sua saúde e que, se não continua a jogar futebol, «é por causa da idade...»
No verão de 1997, aos 29 anos, Iordanov recebeu mais uma notícia que poderia ter abalado a carreira e a vida: é-lhe diagnosticada esclerose múltipla. O búlgaro, no entanto, voltou a dar a volta por cima e depressa regressou aos treinos e aos jogos no Sporting. Iorda recorda para A BOLA como tudo aconteceu:
- Estava num estágio da Seleção búlgara, a preparar um jogo [com a Rússia] de apuramento para a fase final do Mundial 1998 e de repente, num dos treinos, percebi que qualquer coisa não estava normal e não terminei o treino. Ia ser titular, mas durante o aquecimento vi logo que não estava em condições de jogar e disse-o ao selecionador [Hristo Bonev]. Não podia arriscar entrar e depois falhar por causa do problema. Estava em causa a minha saúde e ainda a Seleção do meu país. Acabei por ser substituído, mesmo em cima do início do jogo, pelo Guintchev.
- E desconhecia qual era mesmo o problema?
- Sim, sim, sim. Chegou a admitir-se que poderiam ser resquícios do acidente de automóvel de 1995, mas não se sabia bem qual o problema.
- Continuou na Bulgária no estágio?
- Não. Regressei a Portugal logo a seguir, mas o doutor Fernando Ferreira, médico do Sporting, esteve sempre por dentro de tudo, porque ia falando com ele. Já em Portugal, comecei a fazer tudo o tipo de exames para o problema poder ser detetado. Por fim, alguns dias depois, julgo que foi o doutor Lobo Antunes que nos informou que o problema nada tinha a ver com o acidente de automóvel, como muita gente pensava, nem da coluna ou das pernas. O problema, segundo ele, era mais acima.
- No sistema nervoso?
- Sim. Realizei uma ressonância magnética e, pronto, foi-me dito que era esclerose múltipla.
- Mês e meio depois, em finais de outubro, em conferência de imprensa, Fernando Ferreira anunciava e confirmava as piores suspeitas: era mesmo esclerose múltipla. Como é que reagiu a esta bomba?
- Foram tempos muito complicados, claro. Havia o risco de parar de jogar, mas sempre acreditei que voltaria a jogar, embora não houvesse certeza de nada. Passei a dar ainda mais valor à vida, até porque tinha apenas 29 anos. E regressei à competição no final de novembro… [27 minutos frente ao Estrela da Amadora].
- Quase 27 anos depois, o problema está controlado?
- Sim. Em primeiro lugar, tenho de agradecer ao doutor João de Sá, que me acompanha desde 1997. É uma doença crónica, que não há cura, mas, com certos medicamentos, pode estar controlada. Gosto muito de jogar futebol, mas, se agora não jogo, é por causa da idade [risos]...