«Di María e Lautaro podem fazer a diferença»
Nuno Campos trabalhou dois anos em Itália, como adjunto de Paulo Fonseca na Roma, e continua atento ao futebol transalpino. Considera que o Inter mantém as características, apesar das muitas mudanças de jogadores no verão. E revela como os encarnados podem explorar as fragilidades dos ‘nerazzurri’
- O que mudou no Inter desde a última vez que jogou com o Benfica, na Champions, na última época?
- Saíram muitos jogadores, começando pelo guarda-redes, Onana, que foi para o Man. United, e passando pelo central Skriniar [PSG], o médio Brozovic [Al Nassr] e os avançados Dzeko [Fenerbahçe] e Lukaku [Roma]. Também entraram muitos jogadores, como o central Pavard, o guarda-redes Sommer, os avançados Thuram e Alexis Sánchez ou os médios Frattesi e Klaassen. É uma equipa substancialmente diferente. Mas mantém a forma de jogar.
- Quais são as características táticas e principais dinâmicas da equipa?
- A equipa procura referências individuais, para pressionar, sem a bola. E, com bola, joga com um avançado mais de apoio e outro, Lautaro Martínez, mais em profundidade. Joga em 3x5x2 e tem duas formas de pressionar sem bola: homem a homem na pressão alta, procurando que o adversário não saia na fase de construção; quando o adversário sai dessa primeira pressão, compacta o bloco, baixa muito junto à área, com dois avançados mais à frente. Na saída de bola, conta com um avançado para fazer apoio frontal e sair da pressão e o Lautaro a procurar a profundidade.
Quando a pressão do Inter não tem sucesso, a equipa fica partida e dá espaços
- Quais são as fragilidades do Inter?
- Estão relacionadas com a questão da marcação individual na pressão ao adversário. Quando não tem sucesso, torna a equipa mais partida e podem surgir espaços para o adversário, que poderá ter vantagem numérica no ataque. É um ponto a aproveitar pelo Benfica.
- E quais são os pontos fortes?
- Lautaro Martínez. Ainda no sábado marcou quatro golos depois de sair do banco de suplentes. E Mkhitaryan é fabuloso. Foi meu jogador na Roma, entende todos os momentos do jogo. E, depois, jogam juntos há algum tempo. Mas Simone Inzaghi faz com que a equipa valha por um todo. Não alterou muitas coisas.
- Que estratégia deve utilizar o Benfica?
- O Benfica é uma equipa que tem uma forma muito clara de jogar, gosta de ter a bola, de circular a bola e encontrar o momento certo para atacar. E tem jogadores que podem resolver individualmente, como Di María tem feito. A preparação também terá de considerar o adversário e poderá alterar algum detalhe.
- O que falhou com o Salzburgo que tem de ser corrigido para o jogo com o Inter?
- Não há jogos iguais. Não queria entrar em detalhes, talvez não tenha sido a estratégia que falhou. Quem está de fora pode ter outra perspetiva. Foi um jogo marcado por lances individuais, foi por aí que se decidiu.
- Quais são os jogadores que podem fazer a diferença?
- Di María e Lautaro Martínez. Queria destacar, talvez, Di María, pelo potencial, pela carreira, por ter sido decisivo todas as épocas, pelo início no Benfica. Na defesa, vai jogar Morato, espero que essa alteração não tenha repercussão. Rafa também costuma ser preponderante nestes jogos. No Inter, apesar de todas as mudanças no plantel, diria Lautaro e Mkhitaryan. São os jogadores que mais bem conhecem a forma de jogar do treinador e podem ser perigosos na saída para o ataque.
- Jogaria com Neres e Di María de início?
- O treinador conhece bem a equipa, saberá qual a melhor estratégia em função deste adversário. Quando não estamos por dentro da equipa, não conhecemos todos os detalhes.