ENTREVISTA A BOLA «Despedir Bobby Robson terá sido o maior erro de Sousa Cintra»

NACIONAL20.04.202411:00

A seguir à eliminação frente ao Casino Salzsburgo, presidente do Sporting despediu o treinador

Krassimir Balakov, um dos melhores estrangeiros que passaram por Portugal, esteve em Portugal durante três dias a convite de A BOLA. Visitou as novas instalações do nosso jornal, passou pelo Jamor onde conquistou um troféu com o Sporting e, claro, esteve no José Alvalade, recebido por Frederico Varandas. Prometeu voltar para ver o Sporting campeão, mas, entretanto, deu uma longa entrevista, que agora pode ler em A BOLA.

-Em 1992/1993, chegou Bobby Robson, vindo do PSV da Holanda, onde tinha sido bicampeão. Como é que vocês o receberam?

- Bobby Robson era um 'gentleman'. Tinha grande classe e era um treinador respeitado por todos. Por isso tivemos bons resultados até ao inverno de 1993. Depois aconteceu o que aconteceu no jogo com o Casino Salzburgo e ele foi despedido. Terá sido esse o maior erro de Sousa Cintra. Tirar Bobby Robson, naquela altura, foi um erro. Acho que, com Bobby Robson a treinador, poderíamos ganhar o campeonato. Estávamos no primeiro lugar e ele é despedido!

- Logo após a saída dele acontece algo que também marcaria a época do Sporting…

- Sim, aquele acidente com o Cherbakov abalou uma equipa que estava a ser muito forte psicologicamente. A partir daí, só raramente conseguimos jogar como jogávamos antes.

- Bobby Robson foi mesmo despedido na viagem de avião de Salzsburgo para Lisboa?

- Sim. Incrível, não é? Foi a primeira vez na vida que ele foi despedido. Era um treinador com nome e acontece aquilo. Mas o Bobby Robson tinha uma personalidade forte. Levantou a cabeça, convidou toda a equipa para jantar e, pouco depois, vimos Robson ao lado de Pinto da Costa para assinar pelo FC Porto.

- Na equipa técnica de Bobby Robson estava um ainda muito jovem José Mourinho. Dez anos depois venceria a Taça UEFA e a Liga dos Campeões. Como era Mourinho em 1992, com 29 anos?

- Ajudava Bobby Robson em algumas coisas. Ajudava-o na tradução do inglês para os jogadores, mas não só. Via-se que era ambicioso e que queria muito mais. Ele não ganhou o que ganhou como treinador por ser bonito ou falar bem. Ganhou porque ele é competente.

- O mito de que ele era apenas tradutor claramente não é verdade.

- Ele ajudava Bobby Robson como tradutor, sim, mas também ajudava no campo. Falava com os jogadores e ajudava-nos. Tinha uma função muito importante.