Depois de uma semana de protestos devido a caso de abuso, Cuca deixa comando da equipa

Corinthians Depois de uma semana de protestos devido a caso de abuso, Cuca deixa comando da equipa

INTERNACIONAL27.04.202310:17

O treinador Cuca deixou o comando do Corinthians apenas uma semana depois de ter assumido a equipa e realizado dois jogos.

A decisão foi anunciada pelo próprio treinador depois de o Corinthians se qualificar para os oitavos de final da Taça do Brasil, ao vencer o Remo nos penáltis.  

O clube citou «pedido da família para resolver assuntos particulares», algo citado também por Cuca: «Eu saio neste momento, mas não queria. Espera-se uma vida inteira para estar aqui. É um pedido da minha família. ‘Pai, vem, estamos precisando’. Amanhã estou em casa, vou cuidar de vocês» – disse Cuca.

Cuca fora anunciado como substituto de Fernando Lázaro na última quinta-feira e fez a estreia no domingo, em derrota por 1-3 com o Goiás, na segunda jornada do Brasileirão.

Porém, a vida pessoal do treinador acabou por dominar a atualidade do clube, com Cuca a ser vetado pelos adeptos – Cuca foi condenado por abuso sexual em 1989 na Suíça, mas sempre se declarou inocente.

«Os último três, quatro dias foram muito pesados para mim. De pesadelo. Foi quase um massacre. Chega um momento em que, sinceramente... Eu vou fazer 60 anos, uma pessoa pesa o que vale e o que não vale a pena na vida. Neste momento, quero fazer valer a pena a minha família, a coisa mais importante que tenho no mundo. Não esperava a avalanche que aconteceu aqui. São coisas já passadas há muito tempo, ressurgidas como se tivessem acontecido hoje. Fui julgado e punido pela internet e isso tem consequências», disse Cuca.

Em 1989, Cuca, então treinador do Grêmio, e três jogadores, foram acusados de abuso sexual a uma menina de 13 anos em Berna, na Suíça, que teria ocorrido dois anos antes, num quarto de hotel da equipa, quando o Grêmio fez um estágio na Europa. Cuca, que admitiu a presença da adolescente no quarto mas negou qualquer abuso, foi julgado à revelia e condenado a 15 meses de prisão na Suíça, mas nunca cumpriu pena pois já estava no Brasil, e o país não extradita cidadãos.

Em 2021, o treinador defendeu-se numa entrevista ao lado da mulher e das filhas: «Não houve abuso como falam. Houve uma condenação por uma menor ter entrado no quarto. Simplesmente isso. Não houve abuso sexual, tentativa de abuso ou coisa assim. (...) Esse episódio de 1987 precisa ser explicado. Eu estava no Grêmio há duas ou três semanas, não conhecia ninguém. Nunca toquei numa mulher indevidamente ou inadequadamente. Tenho cabeça e consciência tranquila.»

O assunto voltou à baila agora, quando o treinador assumiu o Corinthians.