13 outubro 2023, 18:07
Os pormenores do escândalo que abala o futebol italiano
Houve o Totonero (1979/1980), o Calciopoli (2005/2006), o Scommessopoli (2011/2012) e o Plusvalenza (2022/2023). Agora são as apostas online ilegais...
Do Totonero ao Calciopoli e do Scommessopoli ao Plusvalenza
O futebol Italiano é apanhado, ciclicamente, por diversos tsunamis quase todos relacionados com apostas fraudulentas. Tudo começou, que se saiba, em 1980, com o famosíssimo Totonero. O grande Paolo Rossi esteve envolvido no esquema da apostas, foi penalizado (três anos, mais tarde reduzidos a dois), mas apareceria a tempo de no Mundial-1982, em Espanha, se tornar na peça mais influente do título da Seleção de Itália. Vejamos outros escândalos a envolver o futebol italiano, que não o atual com futebolistas profissionais a apostarem ilegamente
13 outubro 2023, 18:07
Houve o Totonero (1979/1980), o Calciopoli (2005/2006), o Scommessopoli (2011/2012) e o Plusvalenza (2022/2023). Agora são as apostas online ilegais...
Até final dos anos 70, a única forma legal de ganhar dinheiro em apostas no futebol italiano era acertando nos resultados de 12 jogos. Porém, Alvaro Trinca (dono de um restaurante em Roma) e Massimo Cruciani (fornecedor do mesmo) arranjaram, em 1979, um plano para chegar aos resultados corretos. Como o restaurante era frequentado por diversos jogadores da Lazio, a certa altura estes concordaram em ‘arranjar’ os resultados em troca de dinheiro. O primeiro jogo ‘arranjado’ foi um particular entre a Lazio e o Palermo, a 1 de novembro de 1979. Que terminou empatado, como estava previsto. Mais tarde, como alguns dos jogos não terminaram com o resultado acordado com os dois homens a perderem 350 mil euros, ao câmbio de 2023, decidiram em março de 1980, apresentar um relatório ao Ministério Público com os nomes de 27 jogadores e 13 clubes da Série A e da Série B implicados no escândalo.
Milan e Lazio caíram para a Serie B, Avellino, Bolonha e Perugia começaram a Serie A de 1980/1981 com cinco pontos de atraso, Palermo e Taranto começaram a Serie B de 1980/1981 com igual pena. Felice Colombo, presidente do Milan, foi irradiado; Tommaso Fabretti, presidente do Bolonha, apanhou um ano de suspensão. Dezassete jogadores foram igualmente penalizados, alguns dos quais internacionais por Itália, como Paolo Rossi (Perugia) com dois anos de suspensão, Enrico Albertosi (Milan) com quatro anos e Bruno Giordano (Lazio) com 3 anos e meio.
Foi um escândalo na Serie A e Serie B que envolveu clubes e dirigentes italianos e ainda alguns árbitros e assistentes. Escutas telefónicas revelaram comunicações entre dirigentes de clubes e organizações de árbitros durante 2004/2005 e 2005/2006, sendo acusados de selecionar árbitros favoráveis. Juventus, Fiorentina, Lazio, Milan e Reggina estavam implicados. A Juventus perdeu o título de 2004/2005, foi rebaixada para o último lugar na Série A e rebaixada para a B. O título foi posteriormente concedido ao Inter. Investigação subsequente, em abril de 2007, chamada de Calciopoli bis, implicou Brescia, Cagliari, Chievo Verona, Empoli, Inter, Palermo, Udinese e Vicenza, mas os clubes não foram a julgamento devido ao prazo ter prescrito. Massimo De Santis e Roberto Rosetti foram os árbitros acusados. Também a Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina foram deduzidos pontos. Entre dirigentes e homens ligados à arbitragem foram punidos 22 pessoas ligadas ao futebol, entre as quais Luciano Moggi, Antonio Giraudo, Tullio Lanese, Massimo De Santis, Pierluigi Pairetto e Adriano Galliani.
Outro escândalo com várias figuras a serem presas ou detidas por suposta manipulação de resultados. A lista incluía nomes como os ex-futebolistas Giuseppe Signori, Mauro Bressan, Stefano Bettarini e Cristiano Doni. O grupo foi acusado de ter tentado arranjar os resultados de jogos da Serie B, Lega Pro Prima Difesa e Lega Pro Seconda Sicurezza. O inquérito nasceu após denúncia do Cremonese, clube da Lega Pro Prima Difesa. Atalanta, Ascoli, Hellas Verona, Sassuolo, Alessandria, Benevento, Cremonese, Esperia Viareggio, Piacenza, Portogruaro Summaga, Ravenna, Reggiana , Spezia, Taranto e Virtus Entela foram punidos com perda de pontos para a época 2011/2012 e multas. Foram igualmente penalizadas 19 pessoas, entre as quais Giuseppe Signori (5 anos de suspensão, embora em 2021 a pena tenha sido revogada), Mauro Bressan (3 anos) e Cristiano Doni (3 anos).
As autoridades italianas responsáveis pela regulação da bolsa de valores lançaram uma investigação sobre ganhos de capital no mercado de transferências. A história veio à tona quando a Juventus publicou o seu relatório financeiro anual, arquivado antes de uma assembleia de acionistas no mês seguinte liderada pelo presidente Andrea Agnelli e incluindo uma nota que dizia que uma inspeção estava «atualmente em andamento» na «documentação e informações relacionadas aos rendimentos decorrentes da gestão dos direitos dos jogadores». Foram investigadas 62 transferências de jogadores entre 2019 e 2021, 42 das quais envolvendo a Juventus. O argumento foi de que os valores de transferências estavam inflacionados e registados como ‘plusvalenza’. Ou seja, mais valias. A Juventus foi, de início, penalizada em 10 pontos pela federação italiana por «irregularidades financeiras» e «contas falsas» em transferências, deixando o top-4 da Serie A e ficando de fora da Champions 2023/2024. Foi ainda penalizada em 20 milhões de euros.