Cidade não enche o Maracanã mas já tem clube na Série A
A festa dos jogadores do clube da zona de São Paulo (Foto: Mirassol)

Cidade não enche o Maracanã mas já tem clube na Série A

INTERNACIONAL20:37

Mirassol em 2019 não estava em divisões nacionais. Após três subidas seguidas após, medirá forças com gigantes em 2025. Amor e gestão são os segredos

SÃO PAULO - Yuri Castilho, ex-Portimonense, marcou o golo mais importante da história do Mirassol no domingo, 24, frente à Chapecoense. Graças ao 1-0 na última jornada da Série B de 2024, o leão vai, pela primeira vez, disputar a elite do futebol brasileiro, em 2025. Nunca um clube de uma cidade tão pequena, 65 mil habitantes, que cabe toda no Maracanã, no Morumbi ou na Arena Castelão, disputou o Brasileirão no atual formato da prova.

A ascensão do Mirassol não foi da noite para o dia. O clube, que festeja o centenário para o ano, começou só a partir de 2008 a infiltrar-se passo a passo na engrenagem do futebol paulista e do futebol brasileiro – até, em 2019, chegar à Série D, subir em 2020, subir outra vez da Série C para a B, em 2022, e agora, depois de no ano passado ter ficado a um ponto da promoção, atingir o céu, em forma de Série A.

O segredo está, «além do amor, na gestão de longo prazo», disse Júnior Antunes, vice do leão, ao GE. «A escolha dos atletas é muito seletiva, sempre em conjunto com a equipa técnica, levando em conta o histórico dos jogadores e preservando o físico deles, com a ajuda do núcleo de performance, fisioterapia, fisiologia e nutrição, para termos poucas lesões», afirma o dirigente.

Um exemplo da gestão do clube está no investimento dos 30%, cerca de 1,3 milhões de euros, ganhos com a transferência de Luiz Araújo, atacante formado no clube, do São Paulo para o Lille, na construção de um moderno centro de treinos, onde o citado Castilho e jovens e veteranos, como Muralha, Zeca ou Dellatorre, goleador da equipa e ex-FC Porto B, trabalharam este ano. À frente da orquestra, o treinador Mozart, antigo atleta de Reggina e Spartak Moscovo.

Além do pequeno Mirassol, um rival, o Novorizontino, da ainda menor Novo Horizonte, ficou a milímetros de subir – só perdeu no critério de desempate para o Ceará. Os dois clubes, separados por 100 kms, disputam o clássico Tião – o tigre, Novorizontino, contra o leão, Mirassol – ou «dérbi da selva» e partilham o mesmo tipo de gestão: contratações ponderadíssimas, rigor nas contas, paciência com os treinadores.

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Agora, tendo em conta que no Brasileirão de 2024 os clubes de cidades menores, como Bragantino e Criciúma, mas ainda assim com o triplo ou o quádruplo dos habitantes, correm risco de descida, o Mirassol sabe que em 2025 terá um desafio hercúleo. «Mas por enquanto fizemos história», disse Mozart que, depois de seis «quase subidas» à A, cumpriu o sonho da sua vida e de 65 mil mirassolenses.