11 novembro 2024, 00:06
«Exibição à Benfica», distância para o Sporting e aprendizagens de Munique: tudo o que disse Lage
Treinador do Benfica reagiu à vitória enfática sobre o FC Porto em conferência de imprensa
Treinador do FC Porto enalteceu a primeira parte equilibrada e lamentou o facto de que os seus jogadores estavam «estoirados» na segunda; explicou ainda a não titularidade do brasileiro
Vítor Bruno sofreu a quarta derrota da carreira como treinador principal do FC Porto, a segunda consecutiva e a mais pesada, dado que nunca tinha sofrido quatro jogos num só jogo. O técnico de 41 anos reagiu à goleada sofrida diante do Benfica (1-4), no Estádio da Luz, em conferência de imprensa, lamentando tanto o resultado como a exibição, especialmente no segundo tempo.
- Sente que este FC Porto ainda está muito longe daquilo que mostrou em épocas anteriores?
- Em relação ao resultado, o Benfica ganhou bem e isso não se coloca. Penso que falamos de duas partes completamente diferentes, uma primeira parte em que me parece equilibrada. Entrámos relativamente bem no jogo, temos dois lances perigosos do Galeno à baliza. O Benfica faz o 1-0, é verdade que pode fazer o 2-0 com uma bola no poste, mas a equipa continuou a agarrar-se ao jogo. Primeira parte 1-1, com dados estatísticos muito próximos, sem grande supremacia de uma em relação à outra. Na segunda parte, a partir do momento em que sofremos o segundo golo penso que a equipa se desorganizou muito, no geral, muito pouco intensa, pouco agressiva. Pareceu-me um Benfica sempre mais fresco, mais rápido e, no fundo, acaba por ganhar bem jogo. Em relação àquilo que me coloca, é um FC Porto que está a crescer, que está a dar os seus passos, que não estava perfeito antes deste jogo, mas também não está péssimo depois de um resultado deste tipo. São passos que temos de dar, obviamente que temos de deixar uma marca diferente, temos de ser mais FC Porto, mais audazes, mais ambiciosos, mais intensos. Mas também não me querendo descuidar, não ia fazer disso um escudo protetor, mas acho que este ciclo é preciso repensar algumas coisas também no nosso campeonato, porque fazemos três ciclos a jogar ao terceiro dia. O único em Portugal que isso aconteceu, uma viagem fora, mais uma viagem para vir aqui para a Luz, privados de uma sessão de trabalho, tudo isso, parecendo que não, eu senti no banco, que a equipa em determinado momento foi incapaz de dar mais porque fisicamente não podia, porque estava estoirada. Para além disso tivemos a questão do Pepê, que estava para ir a jogo, e teve problemas ontem e anteontem com febre, diarreia, vómitos. Fizemos de tudo para o recuperar e não conseguimos. Obrigou-nos a mudar estrategicamente aquilo que estava planeado enquanto lançamento do jogo, ainda assim, o Benfica ganhou, ganhou bem. É preciso repensar algumas coisas aqui dentro e trabalhar, trabalhar muito. Obviamente estamos à 11.ª jornada, falta muito campeonato ainda, não está nada resolvido, está tudo em aberto, temos de dar passos em frente.
- Este resultado e a exibição podem deixar marcas para os jogos que ainda vêm?
- A marca que deixa é nas próximas 24 horas, aí vai deixar marca, vai-nos deixar em agonia. Isto não representa em nada aquilo que é a marca forte que tem de ser deixada em campo por uma equipa como o FC Porto. Temos essa perfeita noção, agora a partir do segundo dia é atacar, é trabalhar, é continuar a construir aquilo que queremos construir, sabendo que temos um longo caminho para percorrer. Como disse estamos numa fase precoce da época, há muito campeonato para jogar, há muitas competições em disputa, nada está resolvido. Não estava nada fechado antes deste jogo, neste momento também não está, agora sabemos que há coisas que temos de inverter rapidamente.
- Ainda anda à procura da melhor defesa? Otávio e Zé Pedro ‘desapareceram’ da equipa, pode explicar a situação?
- Não foi de um momento para o outro, temos tentado dar alguma estabilidade à linha defensiva. Há cinco jogos atrás toda a gente dizia que era a linha perfeita, que não sofria golos, agora por sofrer quatro já é a pior linha defensiva. Acho que temos de ser um bocadinho equilibrados nestes momentos, eu não sou do 8 ao 80, tento manter-me sereno, perceber, analisar. Essa é a minha função, a minha tarefa e eu sou o máximo responsável por aquilo que aconteceu hoje aqui. Sou eu, a cara, tudo tem de ser metido em cima de mim e não dos jogadores, eu sou o responsável por aquilo que se passou. Em relação à linha defensiva, não me parece que tenha sido só a linha defensiva, acho que a organização defensiva ficou aquém em determinados momentos, sobretudo a partir do 2-1, a equipa levou muito o jogo para o lado emocional e desorganizou-se com facilidade... sabendo que o Benfica constantemente tinha como alvo saídas pelo Di María e nós não conseguimos travar. Posicionalmente tínhamos mecanismos para poder fechar aquele espaço, mas a verdade é que a partir do 2-1 a equipa tentou muito com o coração e pouco com a cabeça e desorganizou-se com facilidade.
11 novembro 2024, 00:06
Treinador do Benfica reagiu à vitória enfática sobre o FC Porto em conferência de imprensa
- Quão cara pode sair esta derrota para si enquanto treinador, além do resultado, sobretudo a exibição. Acha que os portistas vão manter a confiança no treinador?
- Isso não consigo responder, porque não me consigo colocar do lado de lá. Agora eu tenho muita confiança naquilo que posso fazer e isso é claro e inequívoco. Eu sei que vai haver a tentação de dizerem que é um treinador inexperiente, que é o primeiro ano como treinador, que não tem capacidade, mas eu sei aquilo que posso e sei fazer e isso a mim não me preocupa nada. Eu sei que amanhã vou sofrer, hoje à noite vou sofrer, mas a partir de amanhã vou atacar este jogo e analisá-lo a fundo e saber que tenho muito para fazer ainda com estes jogadores, com quem vamos conquistar, com quem já conquistámos também, que é importante não esquecer, contra um rival que, neste momento, toda a gente praticamente idolatra. E não foi obra do acaso, foi obra de muito trabalho, de muitas horas de investimento, daquilo que levamos diariamente ao treino e que vamos continuar a fazer. Essa é a única forma que temos para ultrapassar momentos de insucesso, é trabalhar, olharmo-nos olhos nos olhos, cara a cara, dizer verdades. Em conjunto podemos ultrapassar um momento que não é o melhor, duas derrotas consecutivas no FC Porto é algo raro e nós não queremos que isso volte a acontecer. E, por isso, só temos um caminho, que é trabalhar. Se as pessoas acreditam mais ou menos, eu acredito muito naquilo que posso fazer, eu e a minha equipa técnica, por isso, a partir daí, estou completamente tranquilo.
- O que é que sente que falhou nesta saída de bola do FC Porto para ser mais eficiente?
- Faltaram posicionamentos. Tentámos corrigir ao intervalo os posicionamentos das nossas duas linhas do meio-campo, colocar em zonas que pudessem pôr em check o Florentino, para que ele não conseguisse cobrir toda a largura do relvado. A verdade é que a partir do momento em que abordamos a segunda parte a sofrer golo logo na fase inicial, tudo aquilo que foi esse tipo de posicionamentos... nós não conseguimos também sair da melhor maneira, porque o jogo foi levado, a meu ver, para o lado emocional. Na primeira parte aquilo que eu senti também foi que a equipa teve sempre dificuldade do ponto de vista físico em estar fresca, em estar rápida a agir sobre a bola, em puder trabalhá-la com alguma fluidez, com frescura, e sinceramente não senti isso na equipa. Senti a equipa, não diria inerte, mas com dificuldade em desfazer-se da bola rápido, em fazer boas decisões, em pensar rápido, e neste tipo de jogos em que a dificuldade do jogo aumenta, geralmente quando resolvemos um problema, aparece outro logo para resolver. É tudo mais intenso, mais rápido, que nos obriga a sermos muito capazes naquilo que são as nossas tomadas de decisão e eu senti a equipa... sinceramente, foi o dia em que eu senti a equipa realmente cansada, fatigada em campo. Não explica tudo, não explica, mas explica alguma coisa também.