«Boas notícias para o Real Madrid também serão para mim, menos quando defrontarem o Racing Power»
Manuel Merinero, consultor estratégico do Racing Power para o eixo 2024/2030. Foto: Racing Power FC.

«Boas notícias para o Real Madrid também serão para mim, menos quando defrontarem o Racing Power»

Chegada de Cristina Martín-Prieto ao Benfica vista como «ponto de viragem»; não guarda rancor ao Real Madrid, que espera defrontar pelo... Racing Power

Não é o primeiro espanhol a trabalhar no futebol feminino português. Há, entre outros casos, jogadoras como Pauleta e Cristina Martin-Prieto no Benfica ou Brenda Pérez no Sporting. Acha que a porta para este eixo ibérico está aberta?

Creio que houve um ponto de viragem muito importante para que as jogadoras profissionais espanholas venham, cada vez mais, jogar para Portugal, que é a aposta em Cristina Martin-Prieto. Isto porque a Martin-Prieto é uma jogadora de seleção espanhola, chamada a jogar em Portugal, porque quando jogava em Espanha não era chamada à seleção. Então, a sua boa trajetória e a sua boa presença na Liga portuguesa possibilitaram-lhe ir à seleção espanhola quando em Espanha, sendo titular indiscutível do Sevilha, não era uma jogadora convocada. É importante porque irá fazer ver às jogadoras espanholas que o que, à priori, pode ser uma Liga de menor nível como a portuguesa, em relação à espanhola, afinal pode fazê-las posicionar-se a nível internacional.

Enquanto cofundador do
Real Madrid feminino, tem algum lamento por ter saído antes de poder estar ligado ao Real de hoje, que disputa a Liga dos Campeões?

Bom, no final acredito que para mim, a nível profissional e pessoal, não há nada maior e que me deslumbre mais que ter trabalhado no
Real Madrid. Foram três anos apaixonantes, creio que fui parte da história do Real Madrid e, para quem se dedica a isto, não pode haver nada maior, mas não há nenhum tipo de despeito, nem de rancor. Pelo contrário: tudo o que sejam boas notícias para o Real Madrid, também o serão para mim, menos quando defrontarem o Racing Power, que é claro que iremos defrontar (sorri).

Onde crê que o clube estará em 2030, ano de término deste plano estratégico?

O objetivo é, por um lado, ter muito claro que o crescimento tem de dar-se a partir de uma estratégia e não de uma maneira artificial. O crescimento tem de ser sólido e a estratégia tem de ser plano, ordem, trabalho e atitude; temos um plano, temos de executá-lo com ordem, trabalhar muito e a atitude tem de ser positiva. A partir daí, tranquilamente – e é por isso que o plano estratégico dura até 2030 – precisamos de alavancar as raízes locais e regionais.
Entendo, assim como o Racing Power, que o clube tem de ser mais atrativo para os talentos locais e depois temos de ser capazes de otimizar as experiências que pressupõem um jogo de futebol feminino além do próprio jogo, o que nos permitirá gerar mais ingressos e reduzir os custos. Vamos desenhar um sistema de formação e seleção de talento, criando uma academia de futebol feminino internacional em Setúbal (ndr: já anunciada pelo clube, no Complexo Municipal de Vale da Rosa), e instalando uma metodologia de trabalho nossa para atrair talento jovem, tanto nacional como internacional.
Teremos, sobretudo, de ser capazes de combinar a paixão com que se construiu este clube desde o primeiro minuto e que levou a que o que é hoje em dia, uma referência, com uma gestão profissionalizada, porque a paixão com a gestão levarão ao êxito.