Bayern-Benfica, 1-0 Benfica só defendeu em Munique (crónica)

NACIONAL06.11.202423:10

Águias tentaram tudo para não perder mas nunca estiveram sequer perto de vencer o jogo desta quarta-feira, da 4.ª jornada da fase de liga da Champions

Uma das grandes dúvidas antes deste jogo era tentar perceber como iria Bruno Lage montar uma estratégia para contrariar uma das melhores equipas do Mundo, ainda por cima  no estádio dela; mas seria quase impossível antecipar tantas mudanças no onze e nas ideias colocadas pelo Benfica no relvado.

O treinador mudou boa parte dos habituais titulares e montou uma ideia de jogo bem diferente da que era conhecida desde que assumiu a liderança das águias, com três defesas-centrais numa linha de cinco defesas, promovendo a entrada de Kaboré para lateral-direito, com Renato Sanches, Aursnes e Kokçu no meio-campo, muito juntos aos defesas, e Zeki Amdouni e Akturkoglu mais à frente, à espera de um passe na profundidade ou de um erro dos alemães, que, durante a primeira parte, diga-se, nunca sucedeu. Porém, também os avançados turco e suíço jogaram os primeiros 45 minutos quase sempre no meio-campo encarnado, atrás da linha da bola, procurando juntar linhas, não dar espaço, em suma: não permitir perigo ao Bayern.

O Benfica tentou manietar o adversário através de uma boa ocupação dos espaços defensivos, para depois tentar uma saída a três ou na transição que pudesse surpreender o adversário, mas quase nunca teve bola e quando a teve não conseguiu fazer nada de verdadeiramente entusiasmante. Embora em alguns momentos, poucos, tenha conseguido incomodar os bávaros e esboçado tentativa de pressão alta, foram fogachos sem consistência e a equipa do Benfica assumiu, claramente, uma posição reativa, defensiva, contrariando a habitual personalidade ofensiva que coloca em campo. Na verdade, o Benfica, pela forma como entrou e jogou na primeira parte (e depois também na segunda), vestiu claramente a pele de equipa mais fraca do que a do Bayern e montou um autocarro no seu meio-campo que de certa forma terá surpreendido também os alemães. O Bayern pressionou muito, teve quase sempre a bola, mas nunca conseguiu entrar com sucesso na muralha formada pelo Benfica. Sem inspiração ou espaço, os jogadores do Bayern foram vivendo de alguns lances de Gnabry e sobretudo dos remates frontais de Harry Kane, que aos 38 minutos disparou forte para aquela que terá sido o único lance de golo iminente na primeira parte; mas Trubin encaixou o remate sem grande dificuldade.

Chegou o intervalo, com uma imagem pálida do Bayern, sem oportunidades que aquecessem uma noite muito fria no Allianz Arena. E ficou uma imagem estranha de um Benfica ao qual não estamos habituados, mas que, reconheça-se, foi competente no plano que trouxe e executou na Alemanha.

Para a segunda parte Bruno Lage mudou protagonistas, mas não mexeu no esquema e nem na ideia de jogo. Beste ocupou o lugar de Kaboré, Pavlidis e Di María entraram para tentar o que Amdouni e Akturkoglu tinham tentado antes. A bola continuou quase sempre no meio-campo do Benfica e o jogo manteve-se com sentido único, apesar de Pavlidis, mais possante de Amdouni, e Di María, mais inspirado que Akturkoglu, terem causado maior sensação de perigo junto à área do Manuel Neuer. Mas os dois quase sempre muito sozinho na frente e sem possibilidade perante a qualidade e bom posicionamento dos defesas alemães.

Por outro lado, o Bayern foi conseguindo maior critério na definição, aumentou a pressão e percebeu-se que o Benfica teria muita dificuldade para aguentar o jogo desta forma. Leroy Sané entrou bem e aos 64 minutos rematou muito forte para uma grande defesa de Trubin, mais uma e que fazia adivinhar o que estava para vir. Três minutos depois, Musiala, de cabeça, na área encarnada, rematou de cabeça para o golo do Bayern.

Foi, então, depois do golo dos alemães, e de vários outros lances que ameaçaram nova festa do Bayern, que Bruno Lage tornou a equipa um pouco mais ofensiva, lançando Arthur Cabral no jogo, provavelmente procurando que o ponta de brasileiro conseguisse marcar posição ao meio, segurar bola para depois combinar em transição com Di Mária e Pavlidis. O problema foi que para entrar Cabral teve de sair Kokçu e a equipa cedeu mais espaço e convidou ainda mais o Bayern a lançar-se no golo. Ainda entrou Rollheiser, para substituir um desgastado Renato Sanches, mas, apesar de um posicionamento mais agressivo do ponto de vista ofensivo, o Benfica não teve qualidade nem forças, nesta altura, para contrariar o adversário e escrever um final de história diferente.

O Benfica volta a perder na Champions, depois da derrota da jornada anterior frente aos neerlandeses do Feyenoord, e deixa em Munique uma imagem que contraria a que vinha mostrando. Com este plano, o Benfica talvez tenha estado mais perto de conquistar pontos, mas esteve sempre muito, muito longe de sair vencedor.