Benfica: «João Neves é um animal de competição»

Tiago Faustino treinou o jovem médio no Algarve e vê-o a formar dupla com Vitinha no PSG

João Neves deixa o Benfica e vai jogar no PSG, com outro tipo de desafios, fora da zona de conforto e com somente 19 anos. Estará o jovem formado nas águias preparado? A BOLA falou com Tiago Faustino, treinador do médio no Centro de Treinos e Formação do Benfica no Algarve, e a projeção não poderia ser mais animadora.

31 julho 2024, 16:26

Acordo total: Benfica vende João Neves ao PSG

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«Não estou surpreendido, era uma questão de tempo. Ele tem vindo a demonstrar muita qualidade, carisma, é um atleta de elevada qualidade. Gostaria que fosse mais tarde, se calhar daqui a uma época, mas o futebol é assim, são coisas que não se controlam», lamentou Faustino, que, porém acredita no sucesso do jogador.

«Pode acrescentar uma coisa que o PSG não tem tido: trabalho de equipa. Poderá ser aí uma mais valia para o clube, que tem tentado mudar o paradigma nas contratações, com estrelas mundiais que trabalham para a equipa e que possam elevar a qualidade coletiva. João Neves é um desses jogadores.»

Com as dificuldades que o clube teve e a situação pessoal com o falecimento da mãe, só demonstra que a sua maturidade é bastante elevada ao dar a cara

E onde cabe o jovem nos franceses?
««Para mim é um oito, porque baixa facilmente para dar opções e linhas de passe aos defesas e sem bola consegue fazer uma pressão alta sobre o portador dela e estar em várias situações do jogo, quer defensivamente, como ofensivamente. Não se esconde, assume o jogo e consegue ocupar bem os espaços», apontou, afirmando ainda que João Neves poderá formar dupla com Vitinha, no meio-campo parisiense: «Claramente! são dois jogadores de qualidade elevada e conseguem sempre coabitar em qualquer equipa. Não aconteceu na seleção? Isso envolve muitas questões que não se sabe. Mas ele também tem tempo, é muito novo, tem 19 aninhos, e mais cedo ou mais tarde irá conquistar o seu espaço na seleção.», diz Tiago Faustino, complementando: «João Neves é um animal de competição. «A sua qualidade é inquestionável, está sempre disponível para trabalhar e controla vários momentos do jogo. Para a sua idade mostra uma maturidade enorme e ao longo desta época, com as dificuldades que o clube teve e a situação pessoal com o falecimento da mãe, só demonstra que a sua maturidade é bastante elevada ao dar a cara várias vezes em momentos negativos e resultados menos positivos do clube, quando não deveria ter sido ele a fazê-lo. Mas isso demonstra o seu carisma e personalidade forte que tem de assumir nos momentos negativos.»

Tiago Faustino foi treinador de Gonçalo Ramos no Olhanense e de João Neves no CTF do Benfica, como adjunto de Manuel Ramos… pai de Gonçalo. Algarvios de gema, encontrar Gonçalo Ramos no PSG vai ser muito importante para João Neves e é um orgulho para si. «Encontrar um colega como o Gonçalo [Ramos], que jogaram e treinaram muitas vezes juntos desde o CTF do Benfica no Algarve, vai ser muito bom para a sua integração. É um orgulho e uma felicidade enorme ver os dois no PSG, em competições como o europeu, é a nossa alegria e felicidade ver os miúdos que trabalharam tanto para isto e estão a recolher agora os frutos. Que corra tudo bem aos dois, que sejam campeões no PSG e que façam uma boa Liga dos Campeões e que tentem ganhá-la», deseja.

Para Tiago fautino, a saída de Mbapé do PSG, poderá facilitar a afirmação de Gonçalo Ramos: «O ano passado foi complicado para ele, que chegou um bocadinho mais tarde, já com a pré-época a decorrer e depois teve um problema de saúde quando perdeu peso. Quando se restabeleceu na 2.º fase da época fez oito ou dez golos e acabou bem o ano. Com a saída do Mbapé pode ter mais espaço, mas tudo tem a ver com o que ele pensa para o Gonçalo [Ramos] e para a equipa.

«O João Neves não forçou a saída, até pelo contrário…»

Tiago Faustino garante conhecer parte do processo que coloca Neves no PSG.

«O João nunca quis sair. O Benfica é que precisou e forçou ou quis a venda! Um atleta que era a joia da coroa do clube, a ligação que tinha com os adeptos em campo… na minha opinião não foram feitos os esforços necessários para a continuidade, pelo menos por mais uma época. Foi a necessidade de vender que tornou este negócio possível», acrescentou, caindo assim por terra um dos sonhos de João Neves: ser capitão do Benfica. «Poderá ser mais tarde, ele gostava muito, tinha esse desejo de sair como capitão. Mas o mercado é que dita as leis e o clube precisou de vender», disse Faustino, acetuando o tom crítico:

«60 ou 70 milhões é sempre um bom negócio. Agora, temos que tentar perceber se o Benfica precisa deste dinheiro ou se está com os níveis financeiros regulares e por isso feito uma venda por um preço tão baixo, para o valor do jogador. Parece-me que foi uma venda facilitada e não tentaram negociar mais, foi feito um bocadinho à pressa.»