Benfica: Gonçalo Ramos ajuda a investir
Gonçalo Ramos (IMAGO)

Benfica: Gonçalo Ramos ajuda a investir

NACIONAL23.11.202318:13

Transferência em definitivo do avançado permite aos encarnados manter as pérolas mais preciosas do plantel em janeiro; e também favorece investimento em reforços

Três dias depois de Rui Costa prometer que a eliminação da Liga dos Campeões não implicaria saídas das pérolas mais preciosas do plantel, nomeadamente António Silva e João Neves, em janeiro, o anúncio da transferência em definitivo de Gonçalo Ramos para o Paris Saint-Germain, por €65 milhões, aos quais está associada uma remuneração variável de €15 milhões mediante objetivos, permite ao Benfica encarar com tranquilidade o exercício financeiro da época 2023/2024, mesmo considerando que as receitas da UEFA vão baixar significativamente, e reforçar o plantel na próxima janela de transferências, em janeiro.

É cedo, ainda, para saber se os resultados financeiros do Benfica serão positivos, desde logo porque está distante o fecho do exercício das contas e, até 30 de junho de 2024, muito acontecerá, até eventuais transferências no final da época. Está claro, porém, que, como é sublinhado no último Relatório e Contas, que apresentou lucro de €4,2 milhões, «a aposta estruturante» nos resultados desportivos «será mantida durante o próximo triénio».

Quando, em agosto, o Benfica anunciou o acordo com o PSG para a saída, por empréstimo, de Gonçalo Ramos, garantiu, desde logo, uma taxa de cedência de €20 milhões, no fundo equivalente a primeira prestação de uma transferência que se transformaria, cedo ou tarde, em definitiva. Essa operação entra, pois, no próximo relatório, assim como os custos com as contratações de David Jurásek (€14 milhões), Anatoliy Trubin (€10 milhões) e Arthur Cabral (€20 milhões). Considerando, então, o total da transferência de Gonçalo Ramos e os investimentos sobram, contabilisticamente e sem considerar os custos de intermediações, €21 milhões.

O Benfica terá de acomodar, porém, a queda das receitas da UEFA. Na época passada, na qual a equipa chegou aos quartos de final da Liga dos Campeões, recebeu €74,3 milhões (desempenho desportivo e market pool). Na atual, estão assegurados €39,4 milhões pela participação na fase de grupos — Benfica ainda não somou qualquer ponto. Tem ainda mais dois jogos pela frente — com Inter, na Luz, e Salzburgo, na Áustria; uma vitória vale €2,8 milhões, um empate €930 mil — e a possibilidade de apurar-se para a Liga Europa e, dessa forma, suavizar a quebra de receitas. 

Na segunda competição europeia, a presença no play-off dá direito a bónus de €500 mil, oitavos de final a €1,2 milhões, quartos de final a €1,8 milhões, meias-finais a €2,8 milhões, finalista vencido a €4,6 milhões e vencedor a €8,6 milhões. O saldo europeu, ao dia de hoje, caiu cerca de €44 milhões.

Pedro Malheiro e Gianluca Prestianni

O Benfica vai investir, então, em janeiro no reforço do plantel. Pedro Malheiro, 22 anos, lateral-direito do Boavista, já está a ser negociado. A transferência não deverá ficar fechada por menos de €3 milhões. O acordo para o negócio não será, porém, a maior preocupação na Luz. O Boavista, como se sabe, está impedido pela FIFA de transferir jogadores e terá, primeiro, de saldar dívidas ou chegar a acordo com os credores, entre os quais Javi García, atual adjunto de Roger Schmidt, para que a operação se concretize.

Para lá de Pedro Malheiro, o Benfica negoceia a transferência do extremo Gianluca Prestianni, 17 anos, extremo do Vélez Sarsfield. Os encarnados tinham um pré-acordo com a anterior direção do Vélez Sarsfield e estão a tentar desbloquear a transferência com o novo presidente, Fabián Berlanda, que já anunciou que não colocará um travão à transferência, por €8 milhões (85 por cento do passe).

No último Relatório e Contas, o Benfica apresentou as maiores receitas de sempre da SAD (€195,8 milhões) sem transação de atletas e as segundas melhores de sempre (€284,7 milhões) incluindo transferências. Salvo mais vendas antes do final de junho de 2024, dificilmente chegará a esses valores. Mas, para lá da aposta desportiva, os encarnados querem voltar a apresentar contas positivas.

Em 2022/2023 verificou-se o resultado positivo de €4,2 milhões, depois de dois exercícios no vermelho: resultado líquido negativo de €35 milhões em 2021/2022 e de €17,4 milhões em 2020/2021.

«Para a manutenção da atual estratégia, a SAD continuará a privilegiar uma vertente económica e financeira que tem em vista a manutenção dos resultados económicos positivos e consequente recomposição dos capitais próprios», anuncia a SAD no último Relatório e Contas, no qual também se lê que «na base da geração de resultados económicos estarão sempre o crescimento das receitas operacionais, o controlo de gastos e a tomada de mais valias com a transação de direitos de atletas».