SERVETTE-SC BRAGA, 1-2 Avançados rematam os pontos de dois belos bordados (crónica)
Superioridade bracarense progressivamente mais clara para uma vitória justa, com duas belas jogadas ofensivas, autênticos bordados que terminaram em cima da baliza suíça
O futebol é o jogo em que mais vezes os menos fortes conseguem superar os mais fortes, e é também por isso que constitui o desporto mais popular do Planeta. Mas na maior parte das vezes prevalece a lei do melhor, e felizmente para o SC Braga isso sucedeu uma vez mais, esta quinta-feira, em Genebra. Os minhotos são estruturalmente superiores ao Servette e colocaram as coisas no sítio na segunda parte desta eliminatória, depois do semitropeção que há uma semana ajudou a traçar o destino fugaz de Daniel Sousa como treinador.
Podemos começar por aqui: Carlos Carvalhal, experiente e conhecedor dos cantos da casa, não ousou por aí além no onze inicial e manteve a estrutura de 4x2x3x1. Com o decorrer dos minutos, porém, notou-se a sombra do «sistema híbrido» que referiu antes do jogo a pairar sobre os movimentos da equipa. Após uma relativa pressão inicial do Servette, o SC Braga arrumou as ideias e começou, muitas vezes, a sair para a frente com a formação de uma linha de três jogadores atrás e uma maior concentração na linha média. Marin, na esquerda, quedava-se como terceiro central e Victor Gómez subia por ali fora, na direita, permitindo a Zalazar (até aos 17 minutos, já lá vamos) e depois a Roger aumentar o contingente na zona central.
Os suíços tentaram entrar no jogo para mandar e nos primeiros 10/15 minutos tiveram um ligeiro domínio territorial. Nada que tenha causado mossa de relevo na defensiva bracarense, porque o talento, valha a verdade, não abunda na formação do Servette. Certinha, sim, competitiva, sim, mas cada um no seu poleiro.
Ainda antes do infortúnio de João Moutinho, que teve de sair lesionado aos 17 minutos num momento raro em carreira tão preenchida, já o SC Braga ia tomando conta das operações. Devagar, sem grandes rasgos, mas de forma cada vez mais segura. A saída do internacional português acabou por não se revelar tão grave quanto poderia, até porque Rodrigo Zalazar, inicialmente balanceado para a direita do meio-campo, conhece aqueles terrenos como poucos. Foi colocar-se ao lado de Vítor Carvalho (que exibição tão adulta!) e entrou Roger, que acabou por agitar as águas e dar substância à paulatina instalação dos minhotos no comando do jogo.
A primeira parte, convenhamos, estava pouco interessante. Veja-se, por exemplo, que só depois da meia hora (31 minutos), apareceu uma oportunidade real de golo, por intermédio de Ricardo Horta (que jogador tão distinto!). Mais ameaça de Crivelli, de um lado, menos ameaça de Bruma, do outro, entrou-se para o período de compensação à espera do descanso e a rezar por boas vibrações do balneário que trouxessem um pouco de emoção ao relvado.
Afinal não foi preciso: no primeiro de dois grandes momentos de futebol coletivo, Arrey-Mbi fez um corte brilhante e deu início à jogada que terminou no 1-0 para o SC Braga. O bordado foi construído por vários, mas teve um toque de classe suprema de Horta, a descobrir Victor Gómez dentro da área (estão a ver a subida no terreno de que falávamos?). O lateral direito serviu El Ouazzani e o avançado fez aquilo para que nasceu, rematando o ponto com convicção.
O golo de vantagem ao intervalo escreveu a história da eliminatória. No segundo tempo os minhotos consolidaram o controlo do jogo. Em toada de velocidade média, e já com outros protagonistas em campo, criaram nova obra de arte, desta vez com o omnipresente Vítor Carvalho a servir Roberto Fernández para novo remate de um ponta de lança a bordado coletivo de luxo.
O Servette reagiu, mas pouco. Chegou ao golo um pouco aos tropeções, já na compensação, sem conseguir colocar em cima da mesa a possibilidade de salvar a eliminatória. O SC Braga marca encontro com o Rapid de Viena.