Benfica-Rio Ave, 5-0 Aursnes é sir Lancelot na Camelot do Rei Aktur (crónica)

Norueguês foi determinante para criar desequilíbrios num modelo já de si bastante híbrido consoante os momentos do encontro. Turco abriu caminho com 'hat trick' e a goleada tornou-se uma inevitabilidade

Bruno Lage acabou mesmo por mexer no onze, mas não onde se esperava. Se tinha desfeito o duplo-pivot de Roger Schmidt logo ao primeiro jogo, acrescentando a Kokçu e Florentino Luís o compromisso de Rollheiser, e depois o de Aursnes em vez do argentino, sempre com a missão de estar atento ao desligar sem bola de Di María, agora, após o primeiro desaire, na Liga dos Campeões com o Feyenoord, não teve receio de voltar atrás, à procura de uma maior presença na área e em mais momentos de finalização. Voltou o 4x2x3x1 - por vezes um 3x4x3 com Carreras por dentro na primeira fase de construção, Bah e Beste projetados, e Di María, Pavlidis e Akturkoglu num tridente mais estreito - que aproximava a unidade com mais golo na atualidade do seu ponta de lança.

A resistência do 5x2x3 dos visitantes, um 3x4x3 wannabe nunca funcional pela dificuldade de se estender em campo, durou apenas 12 minutos. De um ponto de partida bem mais recuado do que antes, Aursnes atacou o espaço à frente de Di María, que baixara, e recebeu a bola como um extremo. Correu, cruzou, Pavlidis não chegou e foi Akturkoglu a levar a melhor no duelo com Aguilera, virando-se e atirando para o 1-0.

Quatro minutos depois, Aursnes voltou a estar sobre a direita e Di María a baixar, desta vez para receber a bola. A canhota do campeão do mundo funcionou à medida, enquanto Akturkoglu passava à frente de Patrick William, saltava antes do defesa e surpreendia o polaco Miszta, que saía da baliza. Toda a estratégia de Luís Freire estava por terra.

Pouco depois da meia-hora, o técnico vila-condense ficou sem Panzo, por problemas físicos, e fez entrar Renato Pantalon. Foi de um mau alívio do central croata já no tempo de compensação - Freire manteve o esquema e a vigilância apertada de Aderlan a Pavlidis -, que nasceu o terceiro das águias. Aursnes recuperou a bola e esta passou por Kokçu, Di María e acabou a ser enviada por Akturkoglu para as redes. Era o hat trick do turco, a atravessar um grande momento de forma, e a justificar a maior liberdade oferecida por Lage com a sua presença em terrenos mais interiores.

À procura de Pavlidis

Já se nota a ansiedade de Pavlidis pela falta de golos. O ponta de lança grego exagerou aqui e ali em alguns momentos e os companheiros tentaram várias vezes, com o resultado controlado, servi-lo para a finalização. Não conseguiram e ainda não foi desta que o goleador voltou a sorrir. Aos 61 minutos e ao mesmo tempo que Akturkoglu deixava o campo para a ovação de pé e para ser rendido por Amdouni, também Pavlidis recebeu ordem para trocar com Arthur Cabral. O brasileiro sentiu o momento e quis aproveitá-lo, apesar dos aplausos do estádio para o colega, e atirou logo de seguida de longe para grande defesa de Miszta.

Uma questão de tempo

Logo depois da bomba de Cabral, seria Beste a ameaçar o quarto e o guardião polaco a responder. A goleada era apenas uma questão de tempo, tais as dificuldades dos visitantes em todos os setores e metros quadrados do terreno. Amdouni e Arthur Cabral ameaçaram várias vezes, tal como Schjelderup, que finalmente assinou o 4-0, aos 79 minutos, após cruzamento e simulação de Kokçu. O turco, dois minutos depois, cruzou, o norueguês não chegou, e foi Amdouni a atirar para o quinto.

Sem certezas se o modelo funcionará com rivais mais encorpados, hoje é certo que chegou e convenceu.