Augusto Inácio identifica lacuna no plantel do Sporting
Augusto Inácio treinou o Sporting campeão em 1999/2000 (Sérgio Miguel Santos/ASF)

Augusto Inácio identifica lacuna no plantel do Sporting

NACIONAL12.10.202322:12

Rúben Amorim está a fazer mais com menos, com um plantel mais curto. O antigo jogador, treinador e diretor desportivo do Sporting fala sobre o assunto, considera que os leões acertaram na mouche nos reforços mas diz que «era preciso mais um médio»

— Qual a sua opinião em relação a esta aposta de plantel mais curto com reforços de qualidade? 

—  Dentro da lógica de aproveitamento de jogadores da equipa B e dos sub-23 é normal ter um plantel mais curto, desta forma há possibilidade de dar mais oportunidades a jovens jogadores de aparecerem, por exemplo a inclusão de Gonçalo Inácio e Daniel Bragança na equipa principal e outros que já só estão a treinar-se com o plantel de Rúben Amorim, se a política de contratação fosse mais alargada isto não seria possível. Claramente que isto faz com que, ano após ano, com as vendas, as contratações tenham que ser assertivas. 

— Considera que as contratações que o Sporting fez este ano foram na mouche?

—  Claramente, este ano o Sporting acertou em cheio, embora, na minha opinião, considere que era preciso mais um médio, mas está lá o Essugo, que pode colmatar uma lacuna premente, em que ter mais uma solução não seria demais, tendo em conta que o campeonato é grande. É certo que o Sporting gastou muito dinheiro em três jogadores [Gyokeres, Huljmand e Fresneda], mas foi na mouche. 

— Que análise faz dos três reforços: Viktor Gyokeres, Morten Hjulmand e Iván Fresneda? 

—  O Gyokeres está a surpreender, foi uma grande contratação; o Hjulmand ainda não atingiu aquele nível para o que diziam dele e para aquilo que o Sporting pagou. Começou bem, mas nos últimos jogos não atingiu esses níveis, espero vê-lo em campo com mais certeza, confiança e influência na equipa. Parece que era um jogador que o plantel precisava, embora a adaptação esteja a ser mais lenta do que o esperado. O Fresneda teve a sua oportunidade com a Atalanta, mas as coisas não correram bem face à forma como a equipa se apresentou, acho que teria tido melhor inclusão na equipa que defrontou o Arouca. A ligação com o Diomande não foi eficaz, faltava mais um jogador para travar as investidas da Atalanta por aquele corredor. Tem 19 anos, o Sporting fez uma aposta no futuro. Está a ter dificuldades na adaptação, mas há que dar tempo ao tempo. 

— Este arranque de época está a ser auspicioso. Tem uma explicação?

—  Os resultados põem o Sporting lá em cima e isso tem a ver com a produção da equipa. Ao contrário do ano passado, em que o Sporting teve um calendário complicado e ficou afastado da luta pelo título muito cedo. Até agora o jogo mais difícil foi com o SC Braga, que terminou empatado. E o jogo com o Farense também criou algumas dificuldades, foi um adversário que atravessava bom momento, num campo complicado mas, para ser campeão, o Sporting não pode perder pontos diante destes adversários para poder ter uma almofada caso haja algum desaire. O Sporting está em primeiro lugar por mérito. Dos três grandes é a equipa que está a jogar melhor e a convencer. Mas, há um senão. E aproveito para deixar aqui um alerta. Cuidado com o mês de janeiro! Digo-o por aquilo que vivi na pele. Em 2000 o Sporting perdeu jogadores para o CAN [Ayew e Saber] e fomos ao mercado de inverno buscar três reforços [André Cruz, Mpenza e César Prates], o que acabou por ser importantíssimo, era um mês em que se podia perder ou ganhar o campeonato e fomos campeões! Este ano tenho algum receio, o Sporting tem de estar precavido, pode ser um mês fulcral. 

Cuidado com o mês de janeiro! Digo-o por aquilo que vivi na pele. Em 2000 o Sporting perdeu jogadores para o CAN [Ayew e Saber] e fomos ao mercado de inverno buscar três reforços [André Cruz, Mpenza e César Prates], o que acabou por ser importantíssimo, era um mês em que se podia perder ou ganhar o campeonato e fomos campeões! Este ano tenho algum receio, o Sporting tem de estar precavido, pode ser um mês fulcral

— Rúben Amorim foi considerado pela Liga como melhor treinador do mês de janeiro. É merecido? 

—  Faz bem ao ego do treinador. Ele quer é ser o treinador da equipa campeã nacional. É justo. Tem feito bons jogos, melhor que os treinadores de FC Porto e Benfica, também excelentes treinadores, mais o do FC Porto, o do Benfica foi campeão no ano passado, mas está a ter muitas dificuldades esta época. O treinador é o reflexo do que a equipa faz em campo.