As baixas, o ‘caso’ das botas, Benfica e FC Porto: tudo o que disse Rúben Amorim

Treinador fez o lançamento do duelo de amanhã e abordou vários temas. Falou do crescimento dos rivais, das memórias do Casa Pia e do esforço que alguns jogadores terão de fazer face às muitas ausências por lesão

- O que espera deste Casa Pia, com um novo treinador, muito jovem, que utiliza o mesmo sistema do Sporting?

- Temos dúvidas em alguns jogadores do Casa Pia e isso pode mudar as caraterísticas, mas a forma global do Casa Pia jogar já estamos habituados. Temos de ter imaginação para criar problemas a um bloco mais baixo. É uma equipa que poderá ter a bola parada com os três centrais. Cassiano na frente poderá ser perigoso, Nuno Moreira já foi nosso jogador... O bom do sistema contra sistema é que já estamos habituados às referências, estamos preparados.

- Fala-se muito na mudança de chip após os jogos Europeus. Faz sentido o Sporting pensar nisso neste jogo?

- Essa mudança de chip começa a ser mais natural, os jogadores já sabem que para manter a nossa posição temos de ganhar. Tudo bem que ainda só houve um jogo europeu, mas os jogadores fizeram bem isso. Foi uma viagem fora, um jogo intenso, e o nosso foco foi recuperar e dar a parte tática. Vamos jogar sistema contra sistema e temos muitas horas disso.

- Em que ponto está a situação clínica de Diomande? A falta de centrais nesta altura é algo que o preocupa?

- Ninguém gosta de empatar. Senti que os jogadores sentiram o resultado, estavam habituados sempre a ganhar. Ousmane vai estar parado durante umas semanas, nem irá à seleção. O Quaresma ainda não curou bem, o Inácio também está com algo muito chato. Vamos ver amanhã. Não temos muitas soluções e, se conseguirem, terão de fazer o sacrifício. Teremos 11 jogadores. Temos, ainda, Fresneda, o Esgaio que se adapta a qualquer posição, temos a equipa B… Ousmane está claramente fora, Matheus Reis fora, sobra pouca gente.

- O jogo com o PSV foi uma espécie de ‘abre-olhos’ por o Sporting andar muito mais forte que os adversários?

- Para mim de certeza que não foi. Há jogos que não estamos tão bem. Estamos em 1.º lugar, mas não interessa o que os outros fazem. Os jogos de Champions são todos difíceis, o Lille ganhou ao Real Madrid e provou isso esta semana. Temos de ver tudo o que temos de melhorar para o próximo jogo.

- Quais são as verdadeiras ausências para este jogo?

- Ausências? Certos: Matheus Reis, St. Juste, Diomande, Edwards e Pote. O resto ainda vamos gerir, vamos levá-los mas temos de ver em que condições estão.

- Portugal está em primeiro no ranking das competições europeias. Qual a sua opinião pelo desempenho das equipas?

- É sinal que temos tido bons resultados, estamos a fazer bem o nosso trabalho. Claro que depois o calendário pode complicar, isto é muito longo. O que digo para a minha equipa é o que quero para as equipas portuguesas, mas ainda há um longo caminho para manter esse lugar.

- O Benfica parece ter ganho nova vida com a chegada de Bruno Lage. Isso traz uma pressão extra para o Sporting?

- Temos de Olhar para o que temos de fazer, melhorar relativamente ao que fizemos no último jogo. Já sabemos que, cada vez mais, temos de fazer um enorme número de pontos. Isso não vai mudar, este ano ainda vai ser pior. Isso não muda nada, cada um faz o seu caminho. Estamos em primeiro lugar, queremos manter e pensar no Casa Pia. Fazendo isso podemos dormir descansados uma semana e depois voltamos ao trabalho.

- Falou-se muito nos últimos dias pelos escorregões do Sporting em Eindhoven. Afinal quem foi o principal culpado e o Sporting irá rever a situação no futuro?

- Quando há estes casos sou eu que os começo. O Morita não escorregou nenhuma vez e tinha borracha. Quaresma escorregou isolado e tinha alumínio. Fui fazer a avaliação, como vocês fizeram e não teve ligação. Podem dizer que não houve adaptação ao relvado. Mas enquanto eu pensar que precisamos de um treino extra para a equipa estar confortável vamos abdicar da adaptação ao relvado. Se isso for um problema a culpa será minha. Não há relação entre as botas e os jogadores escorregarem. Houve jogadores que usaram borracha e não escorregaram e outros que usaram alumínio e escorregaram. O Nuno Santos nunca usa alumínio e e já teve duas roturas de ligamentos. Não vou obrigar jogadores a jogar com aquilo que não se sentem confortáveis. Não vou dizer o que devem fazer porque depois a culpa é minha. Se acho importante? Acho. Parte tática ou adaptação ao relvado? Escolho a parte tática, acho que é mais importante. Vamos tentar não escorregar esta semana, principalmente depois fora, com o Sturm Graz. Agora acho que isso teve muita influência no jogo e saímos prejudicados com isso. Não fizemos a adaptação por escolha do treinador.

- Gyokeres foi muito criticado pela exibição por não marcar. Que reação espera dele?

-Quando mais se sobe, maior é a queda. É preciso andar muito distraído para não perceber estas dinâmicas no mundo do futebol. O Viktor o que tem de fazer é: não ler nada, nem num bom dia nem num mau, e fazer o seu trabalho. Ainda é o melhor marcador. É o avançado com mais ações defensivas, o que me alegra muito. Não teve um dia tão bom com o PSV, isso acontece. O que espero dele é que, agora com o Casa Pia, continue com a sua fome e marque golos.

- Qual a importância de uma vitória antes da paragem para as seleções? E quem pode jogar na frente, Maxi ou Harder?

- Vamos ver… não vou dizer porque isso muda a abordagem do jogo. Jogando na mesma posição, jogam de forma totalmente diferente, mesmo nos apoios tem muita influência. Paragem? Temos sempre de ganhar. Antes do jogo com o PSV, toda a gente dizia que o Sporting não ia perder o campeonato. Agora dizemos que Benfica e FC Porto estão melhores. Têm excelentes treinadores, são grandes equipas e nós continuamos aqui também.

- Que memórias guarda do Casa Pia o ponto de partida que teve como treinador? É o mesmo treinador?

- Treinador estagiário (risos)…  Acho que superou as expectativas que tinha [desde aí]. Lembro-me de tudo. Das pessoas, do momento, das dificuldades que me ajudaram a chegar aqui. Dos jogadores, do primeiro treino, da falta de água, do processo que tive. Sou uma pessoa completamente diferente pelas vivências, sou mais experiente. Mas como me lembro de tudo, sei que de um dia para o outro podemos voltar para trás. Não quero voltar para trás. Recordo isso com muita felicidade, mas por isso é que trabalho todos os dias para não dar passos atrás.

- Fresneda pode ser uma solução para este jogo face às muitas ausências?

- Fresneda é uma adaptação diferente, era um lateral. Não tendo aquela fisionomia de central, acho que se enquadra muito bem na posição. É muito rápido, forte no um para um. Acho que é perfeito em alguns jogos para aquela posição. Tem de se habituar a construir naquela posição. Está preparado para jogar amanhã. Lembro-me que o Ugarte demorou seis meses para jogar e passado um ano estava a ser vendido para o PSG. Há jogadores que levam mais tempo, mas a lesão deste e daquele podem trazer uma oportunidade.

- O Rúben já tinha alertado para os desafios ‘diferentes’ na Champions. Afinal o que muda tanto assim?

- Temos um estilo de jogo que é sair com a bola de trás, e isso tornou tudo muito intenso de início. Houve situações em que empurrámos o PSV, mas eles pressionam a toda a hora e o jogo é mais rápido. Tentamos levar o jogo assim. Claro que temos de melhorar nesse aspeto, na construção, porque passamos o tempo todo aqui a fazer uma construção calma e com estas equipas, a pressão delas é muito alta. Vamos descobrindo coisas. O Dani foi um terceiro médio que entrou e tivemos logo muito mais bola, criou superioridade. Há coisas que acontecem na vida de um treinador que nos fazem descobrir certas coisas. Houve lances em que perdemos a bola a construir junto da baliza. Não posso abdicar da ideia da Europa para depois darmos passos atrás, temos de arriscar um bocadinho. Ganhámos um, empatámos outro. Não é perfeito, não é uma desgraça. Posse de bola é relativa, mas queremos melhorar esse aspeto porque criamos mais perigo com mais bola.

- É possível ver um corredor esquerdo composto por Maxi e Harder ou o uruguaio ainda não dá essa estabilidade na ala como Nuno Santos?

- Gostei muito da forma como o Maxi entrou frente ao PSV, mas o jogo estava muito partido. Entrou bem, intenso, acompanhou o Bakayoko. Está preparado. Podem jogar os dois no mesmo corredor, vamos ver amanhã. O Maxi está cada vez mais preparado. Pode claramente jogar e pode claramente jogar com o Harder.