Avassaladora entrada com quatro golos até ao intervalo; há 16 anos que tal não acontecia fora de casa; sete pontos de avanço sobre o Benfica
Poucas dúvidas haveria sobre o resultado, se o rendimento de ambas as equipas fosse aquilo que tem sido: altíssimo o do Sporting, baixinho o do Gil Vicente. Assim foi. O rei leão da Liga 2023/2024 entrou verdadeiramente esfomeado em campo, como se de mais três pontos e de muitos golos dependesse a sua vida: velocidade, intensidade, classe com bola e agressividade sem ela. Depois, quando a estes atributos se junta um adversário demasiado frágil, desconcentrado e até apático, tudo se conjugava para uma goleada das antigas.
E depressa, bem depressa, o leão foi devorando o galo de Barcelos, o qual, de tão anémico, quase pareceu um pintainho: 0-1 aos 7’ e 0-2 aos 11’, 0-3 aos 31’, 0-4 aos 38. Tão fácil foi o passeio leonino em Barcelos que é preciso recuar mais de 16 anos, até 30 de março de 2008, para encontrarmos outro jogo do Sporting com quatro golos marcados ao intervalo: 4-1 em casa da Naval, golos de Liedson (11’, 22 e 36’) e Miguel Veloso (20’).
Porém, quando tudo se encaminhava para uma goleadas das antigas (ou das modernas, pois já houve, esta época, um 8-0 ao Dumiense, outro 8-0 ao Casa Pia e um 6-1 ao Boavista), tendo o Sporting terminado a sua obra, ele descansou ao 45.º minuto. Já na próxima terça-feira, realiza-se o jogo em atraso com o Famalicão, da 20.ª jornada, pelo que mais importante do que somar golos atrás de golos era dar algum descanso aos jogadores. Coates e St. Juste, por exemplo, estavam no banco e Hujlmand e Nuno Santos, por castigo, nem sequer puderam estar na ficha de jogo.
Trincão é cada vez mais decisivo no Sporting, tendo uma relação muito especial com a bola; Morita e Daniel Bragança varreram tudo a meio-campo, Gyokeres não se contentou com 'meio' golo
VENHA DE LÁ ALGUM DESCANSO
Ao intervalo, Carlos Cunha mexeu no onze e trocou Pedro Tiba, Murilo e Martim Neto por Alipour, Félix Correia e Fujimoto. Rúben Amorim limitou-se a trocar o posicionamento dos alas: Ricardo Esgaio passou da esquerda para a direita e Geny Catamo deslocou-se da direita para a esquerda. E o Gil Vicente melhorou. Não devido a esta troca leonina, claro está, mas melhorou. Deixou de ser o galo anémico e esquálido, levantou a crista e equilibrou a tendência do jogo. Claro que, quando assim acontece, dificilmente se dirá com exatidão se foi o mais pequeno que cresceu ou o maior que decidiu encolher-se um pouco. Sempre pareceu, porém, ter sido por decisão do Sporting e do seu treinador que o jogo se tornou mais equilibrado. Havia 4-0 ao intervalo e, com novo jogo dali a 96 horas, importante era minimizar potenciais desgastes e não, sofregamente, ir em busca de mais e mais golos.
O Gil Vicente passou, então, a ter mais bola, mais espaço para jogar até perto da área leonina, mas, sejamos justos, quase nunca criando perigo junto da baliza de Israel. O Sporting passou a uma espécie de descanso com bola, diminuindo a intensidade e a agressividade até níveis que não colocassem em causa o zero defensivo. E sabe-se como Rúben Amorim, aliás como qualquer treinador, sente a preciosidade de não sofrer golos, algo que acontecera apenas em dez das 27 jornadas de Liga realizadas até então.
Pareceu ainda, na parte final, que os jogadores do Sporting tentaram oferecer um ou mais golos a Viktor Gyokeres para acalmar a óbvia ânsia do sueco em marcar, depois de três jogos sem o fazer. Não o conseguiu e passa agora a somar quatro sem festejar individualmente, pois o quarto golo foi, justamente, atribuído a Andrew na própria baliza. Com ou sem golos do seu 9, os leões têm agora 7 pontos de avanço sobre o Benfica.