Destaques do Sporting: um ilusionista que executa cada vez mais como pensa
Trincão é cada vez mais decisivo no Sporting, tendo uma relação muito especial com a bola; Morita e Daniel Bragança varreram tudo a meio-campo, Gyokeres não se contentou com 'meio' golo
O melhor em campo: Trincão (8)
Utiliza o corpo longilíneo para proteger a bola de todas e quaisquer tentativas de roubo. Confiante como nunca, vai para cima dos adversários em zonas interiores e densas como se estivesse contra apenas um adversário junto à linha, serpenteando entre um, dois três homens que se lhe coloquem pela frente. Não importa o número, Trincão está naquela fase em que executa como pensa, sem perdas de informação ou energia no processo, saindo-lhe tudo bem, mesmo os remates com o seu pé mais fraco. O golo que abriu a contagem foi de ilusionista, o segundo foi de um killer que não perdoa na hora de aparecer na frente do guarda-redes. Um criativo cada vez mais decisivo.
Israel (6) - Não deve ter sido fácil manter a concentração numa primeira parte de domínio territorial absoluto dos leões. A ausência de solicitações não lhe tirou, no entanto, a noção de espaço e da importância de aparecer nos momentos certos, como naquela defesa difícil aos 64’ a cabeceamento de Depu.
Eduardo Quaresma (6) - Uma partida à base do rigor, sem aventureirismos, mantendo a meia direita defensiva imaculada e protegida para garantir liberdade total de movimentos para Geny Catamo. Foi assim em todo o jogo, raramente perdendo duelos defensivos.
Diomande (7) - Com Amorim, o central do meio é aquele que tem a responsabilidade de dirigir a linha de três. Esse papel de liderança assenta que nem uma luva a Diomande. E quando o adversário é praticamente inofensivo a capacidade do costa-marfinense torna-se ainda mais evidente nas poucas vezes em que tem de mostrar os dentes. É um nível muito acima da média, como o golo demonstra.
Gonçalo Inácio (6) - Dos três centrais em campo foi aquele com mais liberdade para sair a jogar, sabendo de cor onde estar nas triangulações ofensivas e quando lançar a bola longa para Esgaio, Pedro Gonçalves e Gyokeres.
Catamo (6) - O herói do dérbi desta vez esteve menos ativo e teve menos preponderância em 40 minutos avassaladores de uma equipa que esteve mais inclinada para o lado esquerdo na hora de ferir de morte o galo. Mudou para o flanco esquerdo na segunda parte, mas aí já o encontro estava resolvido. A ordem foi para gerir e manter a goleada intacta até ao momento da sua substituição.
Morita (7) - Parece ter uns riscos a mais na escala de potência. Foi numa dessas demonstrações de força que pegou numa bola divida a meio-campo, progrediu alguns metros e atirou cruzado de pé direito ao poste, de cuja recarga nasceria o primeiro golo do jogo, por Francisco Trincão. Trocou muitas vezes de posicionamento com Daniel Bragança e numa dessas alternâncias colocou novamente Trincão na cara de Andrew, com um daqueles passes que mereciam mais, muito mais.
Daniel Bragança (7) - Envergou a braçadeira de capitão e foi um dos líderes da distribuição. Como é habitual, muito do jogo do Sporting passou pelo seu pé esquerdo, mas foi no aspeto defensivo e da pressão que também se evidenciou, como ficou refletido aos 31’, quando roubou a bola a Gbane em zona alta, progredindo e entregando o esférico a Trincão para o bis do internacional português.
Esgaio (6) - Tal como aconteceu no flanco direito, o nazareno completou um Sporting feito de flanqueadores de pé contrário. O que numa primeira análise implicaria uma equipa demasiadamente a jogar por dentro, foi no entanto um engodo porque cada movimento interior foi acompanhado de ataques largos e verticais de Pedro Gonçalves. Esgaio cumpriu bem essa função de promotor do talento dos outros. Um fiel intérprete das ideias do treinador.
Gyokeres (6) - Fez apenas um meio golo com um cabeceamento à barra posteriormente desviado por Andrew para dentro da baliza. Percebeu-o na hora que a autoria não tinha sido dele, com aquela cara de combatente no meio de um tiroteio. Tentou várias vezes o golo ou a assistência , mas não foi das suas melhores noites.
Pedro Gonçalves (6) - Jogo de pantufas, capacidade de colocar a bola onde quer com apenas um toque, sem necessitar de adornos. O cruzamento para o 4-0, de primeira, com a bola no ar, foi à jogador de futebol de praia.
Coates (6) - 28 minutos num relvado onde foi feliz.
Edwards (4) - Sem fazer a diferença. Ou o remate que não saiu ou o passe que ficou demasiado longo.
Paulinho (5) - Criou linhas de passe e merecia, pelo menos, ter recebido uma bola de golo.
Fresneda (4) - Desta vez teve mais minutos e tentou aproveitá-los para ganhar ritmo, porém precisa de muito mais para mostrar que pode, já, discutir um lugar.
Koindredi (-) Duas ou três jogadas na passada.