ENTREVISTA A BOLA «André Villas-Boas tem uma ética brutal»
Daniel Sousa elogia o seu antigo chefe de equipa e atual presidente do FC Porto: «A comunicação dele é brutal»
- O Daniel nasceu a 3 de outubro de 1984, dia de competições europeias. Benfica ganhou ao Estrela Vermelha, Sporting empatou com o Auxerre, SC Braga foi goleado pelo Tottenham e FC Porto venceu o Wrexham, mas foi eliminado a um minuto do final. Nascer em dia de grande futebol significa algo para si?
- Não sabia que tinha nascido em dia de provas europeias, mas vou ficar com essa referência. É apenas uma coincidência, mas uma coincidência engraçada. E tenho outra: o meu filho nasceu às 19h45, horário da antiga Champions League.
- Como começou a sua ligação ao desporto?
- Nunca pensei ser treinador. Queria era jogar à bola e ser futebolista.
- Quando o Daniel tinha 19 ou 20 anos, José Mourinho salta para a ribalta internacional, vencendo com o FC Porto a Taça UEFA e a Liga dos Campeões, entre múltiplos troféus internos. Os feitos dele também o ajudaram a optar pela carreira de treinador?
- Completamente. Há pessoas que marcaram a minha carreira por impacto direto e outras por impacto indireto. Uma das pessoas que tiveram impacto indireto foi, sem dúvida, o José Mourinho. O professor Vítor Frade, na faculdade, alimentava-nos com aquilo que era o José Mourinho. Também devo muito daquilo que sou, até como pessoa, ao professor Vitor Frade. A minha fase formativa foi vivida com o sucesso do José Mourinho e, obviamente, foi impossível ficar indiferente a esse sucesso todo. E ainda hoje tenho a felicidade de poder comunicar com ele pontualmente. Mas, sim, tornou-se uma referência para mim.
- Por essa altura, conheceu André Villas-Boas, certo?
- Sim. O curso eram cinco anos e, ao terceiro, tínhamos de optar e a minha opção sempre foi o Alto Rendimento com opção de Futebol. Foi aí que conheci os professores Vítor Frade e José Guilherme. Uma das possíveis formas de entrar no futebol era através da observação. Agora chama-se análise, mas na altura era observação. E tentei chegar àquele que era, no momento, o melhor adjunto observador do futebol europeu: André Villas-Boas, então adjunto de José Mourinho no FC Porto.
- Ainda estava na faculdade?
- Sim, no último ano. O André mostrou abertura e passei a estar em contacto com ele. Aquilo que noto nas pessoas com alto nível de competência é terem uma partilha muito grande, sem qualquer tipo de problema. E foi isso que senti do André logo na primeira impressão. Ele surge porque eu precisava de uma base para o meu trabalho de fim de curso, que tinha a ver com o futebol de ataque. E o André fazia parte da minha amostra, tal como o Van Gaal.
- Quando entra na equipa técnica dele?
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- Quando o André vai para a Académica, entro uma semana depois como observador.
- Quem está de fora acha que um observador passa a vida a ver jogos ou num ecrã de computador a passar os dados. É assim?
- Isso é a base, mas há toda a preparação estratégica. Agora é um bocadinho diferente. Em termos digitais a coisa mudou de tal forma que agora as ferramentas são imensas. Na altura havia um observador em cada equipa e atualmente cada gabinete tem três e quatro. Na altura vi imensos jogos, sim. A minha primeira viagem de avião foi em 2009 e, desde aí, nunca mais parei de aumentar o volume de viagens.
- Que tipo de marca André Villas-Boas deixou em si?
- O André atingiu um patamar de sucesso desportivo que poucos conseguem atingir. Além disso, é uma pessoa com uma ética brutal e uma capacidade de comunicação incrível, o que ainda hoje é bem visível na posição que ocupa.
- Ao lado de Villas-Boas, trabalhou em Inglaterra, Rússia, China, França, além de Portugal. Foi importante não estar reduzido ao retângulozinho chamado Portugal?
-É factual. Realidades bem distintas obrigam-nos a adaptações metodológicas e de ideias de jogo, as quais, estando só em Portugal, não melhoramos. Quando as pessoas e as realidades são culturalmente diferentes, é preciso haver ajustes e adaptações.
- China terá sido a adaptação mais complicada?
- A adaptação ao país foi simples. Porém, o mandarim é uma língua extremamente difícil de aprender e a mensagem pode não chegar com a mesma força. O jogador chinês tem um perfil e o russo tem outro, por exemplo.
- Que memórias tem da época 2010/2011, com André Villas-Boas no FC Porto, em que ganham Liga Europa, campeonato, taça e supertaça?
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- De desfrutar do jogo e de desfrutar de ver. Os jogadores do FC Porto desfrutavam daquilo que faziam. Marcou-me de forma extremamente positiva, obviamente, também com os resultados, claro.
- Há cerca de um ano, esteve na apresentação da candidatura de André Villas-Boas a presidente do FC Porto. Conseguia antecipar há alguns anos que ele chegaria onde chegou?
- Surpresa não é, porque ele sempre foi manifestando, inclusive publicamente, o desejo de ser presidente do FC Porto. Reconheço-lhe imensas competências e capacidades. É meu amigo, tenho uma estima muito grande por ele, agradeço-lhe tudo o que fez por mim e desejo-lhe o maior sucesso do mundo.
Olha que o xico falido não é da mesma opinião, pois já falou que ele não quer mostrar os ordenados de alguns elementos da direcção e parece que ainda não pagou o Amorim mexicano-