Aglutinar ou fraturar? Uma questão de bom senso… (artigo de José Manuel Delgado)

CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO Aglutinar ou fraturar? Uma questão de bom senso… (artigo de José Manuel Delgado)

NACIONAL20.04.202012:41

Depois da Áustria, da Dinamarca e da Itália, outros países, como a Alemanha, a Polónia e a República Checa começaram a dar, hoje, os primeiros passos rumo ao ‘novo normal’, com a abertura de pequenos comércios, cabeleireiros e mais setores considerados não essenciais. Outros se seguirão, neste jogo de gato e rato com o vírus, até que seja inventada a ratoeira que dê cabo dele de vez.

Há sinais que, mesmo aparentemente insignificantes, nos incutem esperança num amanhã melhor, ajudando-nos a ultrapassar aquilo que desejamos que seja a última fase do confinamento.

Por exemplo, a simplicidade com que o Papa Francisco tem conduzido a vida pública da Igreja – inesquecíveis as imagens da Praça de São Pedro vazia, enquanto o Sumo Pontífice celebrava a Páscoa – devia fazer escola e ensinar-nos que nesta conjuntura os atos simbólicos são mais do que suficientes para manterem vivas as tradições (não é preciso pôr os velhinhos do lar a beijar a Cruz, não é…). Ou seguir o caminho tomado pelo Grande Mufti saudita, Abdul Aziz bin Abdullah al-Sheik que disse aos muçulmanos, quando está para começar o mês do Ramadão, que «devido às medidas de prevenção levadas a cabo pelas autoridades para lutar contra o novo coronavírus, as pessoas vão ter de rezar em casa para obter a virtude de rezar.»

Estes exemplos deviam servir de bússola para outras celebrações, do 25 de abril ao 1.º de maio, momentos que vão estar sob grande escrutínio público e servirão de modelo para comportamentos futuros da população em geral.    

É evidente que são datas importantes, que devem ser assinaladas. Mas é possível fazê-lo com atos simbólicos, enviando uma mensagem de responsabilidade e respeito por quem tem feito sacrifícios para não incumprir o confinamento, sob pena de dias que deviam ser aglutinadores, se transformarem em elementos fraturantes da sociedade.

No fundo, bastará bom-senso e alguma coragem política em São Bento e em Belém.

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O futebol em Espanha ficou ontem mais perto do regresso, depois de uma reunião, que durou oito horas, promovida pelo Conselho Superior do Desporto, e que sentou à mesma mesa os presidentes da Liga e da Federação, há muito desavindos. Perante a crise, o diálogo e depois a solução. Uma boa receita para aplicar em Portugal, não entre Liga e Federação mas, pelo menos, entre os presidentes dos três mais representativos clubes do país…

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Parabéns ao novo septuagenário Humberto Coelho, jogador de classe mundial, selecionador de uma das melhores equipas da história do futebol português, no Euro 2000, e vice-presidente da FPF para o futebol na gesta de França, em 2016. O sucesso de Humberto Coelho nas três vertentes referidas ficou em grande parte a dever-se a um carisma e uma liderança que nasceram com ele. Cristiano Ronaldo, Eusébio, Figo, três Bolas de Ouro, foram melhores jogadores? Sem dúvida. Mas ninguém duvide de que Humberto foi o grande líder do nosso futebol.

Parabéns, amigo.