A nova vida da Portuguesa dos Desportos
Histórica equipa de São Paulo com raízes lusas esteve fora dos campeonatos nacionais. Luta agora na Série D brasileira e nova SAD, que investiu 162 milhões de euros, promete levá-la até 2029 ao Brasileirão, de onde caiu há 11 anos...
SÃO PAULO - «Vamos todos cantar e ir em frente para tirar a nossa Lusa dessa gente, vamos Portuguesa, sua história é tão bonita, por você sou capaz de dar a minha vida, honrem nossas cores, lutem por nós torcedores.» A meio da apresentação do projeto da SAD da Portuguesa dos Desportos, clube da colónia lusa de São Paulo, a claque Leões da Fabulosa não resistiu e levantou-se emocionada a cantar. No papel, pelo menos, a Portuguesa parece voltar a ter futuro.
O clube desceu à Série B em 2013, por culpa da utilização de Heverton no fim do último jogo do Brasileirão da Série A daquele ano frente ao Grêmio. O atacante havia sido punido com um jogo de suspensão mas, na véspera da partida, a Justiça Desportiva dobrou a penalização, tendo notificado advogados do clube que, porém, não informaram o departamento de futebol. Penalizada com quatro pontos, a Portuguesa tombou do 12.º para o 17.º lugar e caiu.
E no ano seguinte, caiu da B para a C, depois da C para a D e, finalmente, da D para fora das competições nacionais; em paralelo, foi despromovida à segunda divisão paulista. O processo de lenta recuperação desportiva e financeira – hoje está na Série D nacional e na elite do Paulistão – começou em 2019, sob presidência de Antonio Castanheira, dirigente que apresentou o projeto da SAD (no Brasil chamam-se SAF), ao lado de um grupo de investidores.
Esse grupo é constituído pela Tauá Partners, responsável pela gestão, pela Revee, responsável pela administração do Estádio do Canindé, e pela XP Investimentos, responsável pelas finanças. No total, o grupo promete investir o equivalente a cerca de 162 milhões de euros para sanar as dívidas, construir uma arena multiuso de 30 mil lugares (45 mil em concertos) e colocar a Portuguesa nas meias-finais do Paulistão de 2028 e na Série A do Brasileirão até 2029.
«Ninguém promete títulos, só trabalho e boa gestão, como o Botafogo, mal até há alguns anos e agora na final da Taça dos Libertadores», disse André Berenguer, sócio da Tauá Partners ao lado de Alexandre Bourgeois, ex-CEO do São Paulo. Na compra de jogadores, a dupla prevê investir mais de oito milhões de euros, num centro de treinos 18 milhões de reais, entre outras injeções de capital.
Foi mais ou menos nessa altura que os membros da Leões da Fabulosa começaram a cantar, por entre lágrimas e abraços entre membros de famílias há gerações a apoiar o clube. A Lusa ganhou o Paulistão em três ocasiões, 1935, 1936 e 1973 e chegou à final do Brasileirão, em 1996, quando, sob a liderança do médio Rodrigo Fabri (ex-Sporting), perdeu para o Grêmio, de Luiz Felipe Scolari, Carlos Miguel (ex-Sporting) e Paulo Nunes (ex-Benfica).