«A Justiça desportiva tem recorrido às mulheres»
Sandra Oliveira e Silva (Foto: Liga Portugal)

Entrevista «A Justiça desportiva tem recorrido às mulheres»

NACIONAL22.09.202314:34

Entrevista a Sandra Oliveira e Silva, presidente da Comissão de Instrutores da Liga Portugal

Sempre atarefada, entende que viver em dois mundos tão diferentes, da academia e do futebol, «até favorece a saúde mental»

— No seu caso pessoal, com a atividade na Liga e com as funções académicas, não será fácil gerir o dia-a-dia...

— Não, fácil não é. Mas gosto de ter vários centros de interesse, e isso obriga-me a gerir bem o tempo. Quando temos todo o tempo do mundo para fazer pouca coisa, se calhar gastamo-lo mal; quando somos obrigados a construir uma agenda com uma boa coordenação de tarefas, as coisas até correm melhor. Não estou em exclusividade na Liga, nem sequer estou em tempo integral, como a restante equipa, em função de uma atividade académica, que deve ter estado na base da minha escolha para este cargo, mas são atividades tão diferentes que consigo harmonizar bem. Quando as coisas com os meus alunos não correm como eu gostaria, tenho a atividade na Liga para compensar; se na Liga há um processo que, pelo seu mediatismo, nos traz uma notícia menos positiva, tenho a atividade académica e o contacto com os estudantes para compensar essas agruras e amarguras. Aliás, esta articulação até favorece a saúde mental e aconselho a toda a gente, como terapia, fazer várias coisas diferentes.

— O futebol no feminino ganhou uma relevância grande no nosso País, há mais praticantes, mais espectadores, maiores audiências televisivas, uma qualidade superior do jogo, que nos levou ao Mundial. Quer isto dizer que a participação das mulheres no dirigismo poderá vir a ser aumentada em breve, numa área que tem sido historicamente monopólio dos homens?

— Não posso negar que, no futebol e em cargos de direção, há mais homens que mulheres. Mas, na Justiça desportiva, o cargo que agora desempenho já foi ocupado, antes de mim, por duas mulheres: a Professora Cláudia dos Santos, atual presidente do Conselho de Disciplina da FPF, e a Professora Cláudia Viana. Pelo menos em número, na Justiça desportiva não estamos mal servidos de mulheres. Na Liga temos, na Direção Executiva, uma mulher, dra. Helena Pires, e já há mulheres presidentes de clubes. Há muito caminho para andar, mas estamos a trilhar os primeiros passos na direção certa.

— Alegações finais...

— Foi uma grata surpresa este convite, uma grata surpresa a forma feliz como este ano correu. Estou muito satisfeita com o trabalho da equipa que coordeno, grata pela competência, rigor e seriedade. Aprendi muito do ponto de vista profissional e pessoal, e é com muito entusiasmo que me proponho enfrentar os dois anos de mandato que restam, certa de que estes resultados são para manter e até para melhorar.