A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Estoril-FC Porto
António Nobre reverte penálti a favor do FC Porto. Foto: Miguel Nunes

A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Estoril-FC Porto

NACIONAL31.03.202400:21

Faltou coragem e personalidade. Nota para o árbitro: 2

António Nobre, árbitro de elite da UEFA e que noutras ocasiões já provou ter ótimas condições para a função, foi este sábado traído pela incapacidade em tomar decisões corajosas quando a coragem se impunha. 

O leiriense teve noite terrível pela frente, é certo, mas a sua maior falha não aconteceu a nível técnico ou disciplinar. Foi na autoridade ou, no caso, na falta dela e em momento que exigia muito mais de quem tem a sua experiência e qualidade. 

Um jogo importante para ver e rever.

 Dado o número de lances de análise difícil, segue o resumo possível dos que entendemos serem mais relevantes:

2' Alan Varela devia ter visto cartão amarelo após entrada muito negligente às pernas de Mateus Fernandes.

28' Remate de Alan Varela foi desviado pelo braço direito de Mangala, que estava em posição defensiva e não fez qualquer movimento irregular. Lance bem analisado na área do Estoril.

36' Amarelo bem exibido a João Mário, após abordagem tardia e negligente a lance com Tiago Araújo. 

45+1' Evanilson atingiu com a perna esquerda as costas de Bernardo Vital e, na sequência, a nuca daquele (com o joelho). O adversário estava caído e o jogo interrompido. O gesto antidesportivo devia ter sido sancionado com advertência, apesar do aparato evidente na reação do jogador estorilista. 

57' Francisco Conceição, para tentar a bola, correu para dentro, na direção de Mangala, colocando-se sob/à frente do francês. O contacto que determinou a sua queda, aquele que de facto o fez desequilibrar, foi provocado pelo próprio: o joelho esquerdo do avançado azul e branco tropeçou na parte de trás da perna esquerda do francês, que só caiu por força disso. Não houve infração do defesa ao nível dos braços nem dos pés. Pontapé de penálti bem anulado.

65' Diogo Costa foi quase «forçado» a derrubar Wagner, que ficaria com clara possibilidade de golo se não fosse cometida infração. Cartão vermelho bem exibido ao guarda-redes do FC Porto. 

78' Um dos tais lances que define a categoria de um árbitro, por estar em causa algo maior que tudo no jogo: a sua personalidade e autoridade. Francisco Conceição, de cabeça quente, protestou com o árbitro assistente e depois, bem na cara de António Nobre, disse tudo o que o coração lhe ordenou. A escolha de ter permanecido em campo foi, apenas e só, do árbitro leiriense. 

89' Wagner «provocou», sabendo do ambiente e momento do jogo. Retardar o recomeço é passível de advertência, mas reagir como Francisco Conceição reagiu, também. A sua conduta antidesportiva foi bem sancionada com segundo amarelo. 

90+1' Otávio, numa fase de jogo de maior descontrolo emocional, travou a progressão de Fabrício Andrade, pontapeando-o nas pernas. Conduta violenta clara. Cartão vermelho por exibir. Intervenção do VAR impunha-se.

90+3' Bernardo Vital derrubou Galeno, impedindo-o de prosseguir clara oportunidade de golo. Decisão corretíssima: cartão vermelho bem mostrado ao defesa do Estoril. 

90+5' Amarelo por exibir a Stephen Eustáquio após entrada negligente sobre um adversário. 

90+6' Wagner Pina derrubou Ivan Jaime ainda fora da sua área. O árbitro permitiu que a jogada prosseguisse, com Jorge Sanchez a rematar depois com perigo. 

Até ao final de jogo:

Alguns jogadores e parte do staff técnico dos dois bancos estiveram constantemente de pé, proferindo insultos e fazendo gestos ofensivos. Enorme desequilíbrio emocional dos dois lados. Não é possível justificar tudo isso com o «calor do jogo». Profissionais deste nível têm obrigação de ter outro comportamento, sobretudo sob pressão. 

No pós-jogo:

- Wendell, em descontrolo emocional completo, empurrou ostensivamente um dos árbitro assistentes. A ação do jogador do FC Porto tinha que ter sido sancionada com vermelho direto.