Academias de futebol (artigo Vítor Rosa, 194)

Espaço Universidade Academias de futebol (artigo Vítor Rosa, 194)

ESPAÇO UNIVERSIDADE12.04.202222:12

São cada vez mais escassos os chamados mecenas do futebol. Atualmente, os clubes viraram-se para a formação e escolas/academias de futebol. Acolhem jovens futebolistas de todo o mundo, com idades compreendidas entre os 13 e os 20 anos, dando-lhes a oportunidade de viver a sua paixão pelo futebol e de mostrar toda a extensão do seu talento. A abertura de academias requer condições de organização e financeiras, infraestruturas desportivas adequadas, recursos humanos, etc. Em Portugal, existem várias academias. Como qualquer empresa, elas visam o lucro. Assim, consoante a idade do interessado, cobra-se um valor financeiro mensal.
 

O gosto pelo futebol e as capacidades e os conhecimentos que se podem ter neste campo (futebol), não é inato. No dizer prosaico, “não existe esta coisa do génio”. A formação de um futebolista é um processo de socialização, primeiro no seio da família e depois em instituições especializadas, tais como os centros de formação/academias. A aquisição de competências e a entrada numa carreira profissional exigem, frequentemente, um mínimo de recursos (capital económico e social). A passagem pelas academias, com o seu conjunto de regras e constrangimentos, nem sempre é fácil para os jovens. Já não é a realização individual que se procura, mas o facto de “jogar coletivamente”. Numa determinada equipa, “o todo é maior do que a soma das partes”.
 

Era interessante que os meios de comunicação social (e não só) se interessassem pelo que se passa neste tipo de academias, a forma como são integrados os jovens oriundos de outros países sem serem da Europa, a sua “exploração comercial”, o seu aproveitamento escolar, as férias, a nutrição, etc.

Vítor Rosa

Sociólogo, Doutor em Educação Física e Desporto, Ramo Didática. Investigador Integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CeiED), da Universidade Lusófona de Lisboa