Governo anuncia medidas para os 'media' e recebe críticas do Sindicato dos Jornalistas
Declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, classificadas como «infelizes e desinformadas»
O Governo apresentou esta terça-feira o Plano de Ação para os Media (PAM), um conjunto de 30 medidas anunciadas com o intuito de apoiar o setor da comunicação social.
«É uma iniciativa pioneira. É a primeira vez que se tenta encontrar um plano integrado, com coerência, que tenta responder de forma realista aos problemas do setor», explicou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, na conferência «O Futuro dos Media».
Entre as principais medidas está a eliminação gradual da publicidade na RTP, no prazo de três anos, e um programa de «reorganização e modernização» da estação pública, que contempla um plano de saídas voluntárias que pode chegar aos 250 trabalhadores, sendo que o objetivo é contratar um trabalhador com perfil diferente por cada duas saídas.
No que diz respeito à agência Lusa, o Governo quer clarificar a sua estrutura acionista, aplicar um novo modelo de governação e reduzir custos aos meios de comunicação social na utilização deste serviço público.
O executivo liderado por Luís Montenegro pretende também lançar assinaturas digitais bonificadas para acesso aos meios de comunicação social, incluindo a oferta a alunos do ensino secundário.
Em comunicado divulgado posteriormente, o Sindicato dos Jornalistas classifica como «insuficiente» o plano apresentado pelo Governo, e fala mesmo em «projeto de desmantelamento da RTP sob a capa da defesa do Serviço Público».
O Sindicato, que fala também em «manobra de diversão», admite que o fim da publicidade na RTP pudesse «proporcionar mais tempo de antena ao jornalismo» e «dar mais mercado às televisões privadas», mas realça que a quebra de receita não está salvaguardada por qualquer aumento da comparticipação pública, mas sim pelo objetivo de ter uma «gestão mais eficiente dos recursos».
«Críticas infelizes e desinformadas»
No mesmo comunicado, de reação ao Plano de Ação para os Media (PAM), o Sindicato considera «infelizes e desinformadas as críticas do primeiro-ministro ao jornalismo e ao trabalho dos jornalistas».
Presente na conferência, Luís Montenegro defendeu uma comunicação social «mais tranquila», e não «tão ofegante». «Uma das coisas que mais me impressiona hoje, quero dizer-vos aqui olhos nos olhos, é estar com seis ou sete câmaras à minha frente e ter os jornalistas a fazerem-me perguntas sobre determinado acontecimento e ver que a maior parte deles tem um auricular no qual lhe estão a soprar a pergunta que devem fazer. E outros à minha frente pegam no telefone e fazem a pergunta que já estava previamente feita», referiu o primeiro-ministro.