AD vence legislativas mas será difícil governar
TIAGO PETINGA/LUSA

AD vence legislativas mas será difícil governar

DIVERSOS11.03.202401:40

Supera PS em território nacional, mas apenas com mais dois deputados. Votações nos consulados podem dar empate. Subida exponencial do Chega deixa dúvidas sobre o Governo

A Aliança Democrática, coligação dos partidos PSD, CDS e PPM, parece ter vencido as eleições legislativas, mas a margem (79 contra 77 deputados) é suficientemente curta para que as votações no estrangeiro — os resultados nos consulados ainda não são conhecidos — mudem tudo. Aliás, se a distribuição de deputados nos círculos de Europa e fora da Europa for igual à de há dois anos (três para o PS e um para o PSD), poderá mesmo haver empate no Parlamento.

O cenário de governabilidade afigura-se difícil de desenhar, sobretudo à conta da subida exponencial do Chega — subiu de 12 para 48 deputados, pelo menos, isto se não conseguir qualquer mandato nos círculos do estrangeiro.

Luís Montenegro, líder do PSD, assumiu vitória nas eleições — mesmo que a AD termine com os mesmos deputados de PS, terá quase seguramente mais votos — e disse esperar que o Presidente da República o convide a formar Governo.

«Sempre disse que vencer as eleições era ter mais um voto que qualquer outra candidatura e que só nessa circunstância assumiria as funções de primeiro-ministro», afirmou. Mas garantiu que iria «cumprir a palavra» dada durante a campanha, de que não formaria Governo com o Chega, pelo que o caminho para ser primeiro-ministro pode ser difícil.

Já Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, assumiu a vitória da AD e afastou o cenário de um Bloco Central que viabilize a formação de Governo e a aprovação de orçamento. «Vamos liderar a oposição. A AD que não conte com o PS para governar. Não somos nós que vamos suportar um Governo da AD», afirmou ao fim da noite, embora também admitisse que o Partido Socialista não iria «obstaculizar» uma solução de Governo.

Quanto a André Ventura, o grande vencedor da noite, destacou o fim da maioria de esquerda no Parlamento, que existia desde 2015, e piscou o olho ao PSD para a formação de Governo, falando em «maioria clara» na Assembleia da República: «Só um líder e um partido muito irresponsável deixarão o PS para governar quando temos na nossa mão a possibilidade de fazer governo de mudança.»

A Iniciativa Liberal voltou a ser a quarta força mais votada, mantendo 8 deputados. O Bloco de Esquerda passa para quinto, com 5 deputados, agora à frente da CDU, que perdeu dois parlamentares (6 para 4). O Livre consegue formar grupo parlamentar, com 4 deputados (tinha 1). O PAN mantém a líder Inês Sousa Real na Assembleia da República.

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