Mercado, aumento salarial e comparações com os rivais: tudo o que disse Frederico Varandas

Sporting Mercado, aumento salarial e comparações com os rivais: tudo o que disse Frederico Varandas

NACIONAL15.06.202323:00

Acompanhe aqui a entrevista de Frederico Varandas à Sporting TV:

«A época 23/24 já arrancou no planeamento, na preparação. Começou em fevereiro/março, de forma atempada. Sim, já começou, está a decorrer da forma como nós gostaríamos, a tentar fazer as vendas de que precisamos rapidamente e as contratações para estarem ao dispor do treinador. Mas nem só de vendas se faz a planificação. Jogadores como Bragança recuperado, Edwards, Trincão ou Diomande vão-se apresentar com mais confiança e acreditamos que se vão apresentar em bom ritmo competitivo. Acreditamos que há muitos jovens jogadores que já estavam no plantel e que vão crescer no ritmo competitivo.»

«É uma época que do ponto de vista desportivo não correu bem. Há um ano, ou mais perto do arranque, tínhamos expectativas de terminar nos dois primeiros lugares, como nas duas anteriores, em épocas muito bem conseguidas, de sucesso. Este ano não correu bem, é um facto. É uma oportunidade, muitos diriam, de mudar isto ou aquilo, grandes revoluções para inglês ver. Não é. Os resultados são importantes, mas no Sporting não gerimos e não decidimos apenas pelos resultados. terminando em quarto, muito aquém do esperado. Temos de fazer uma análise interna, séria. E fizemos. Primeiro, acreditar nas pessoas da estrutura, depois, confiar no processo de trabalho. Nestas variáveis não consigo dizer que alguma coisa mudou nestas épocas. Fazendo análise fria, as pessoas que me abordam, tristes... quando faço a análise seria racional. É a melhor forma de dirigir, penso eu. Olhando para trás, e vendo a dificuldade de toda a época desportiva, se tivéssemos vencido as equipas ditas pequenas e tivéssemos claudicado com os grandes, era óbvio que teria havido falta de qualidade. Seria claro. Não foi isso que se passou. Olho para os jogos de maior dificuldade deste ano, para o Arsenal, e fizemos de um dos melhores jogos que vi na minha vida e vou fazer 40 anos de sócio. E eliminámos essa equipa. Depois vejo Tottenham e Frankfurt, que teríamos passado, perdemos com erro grave arbitragem. Com a Juventus fizemos dois jogos brilhantes e claudicámos nos últimos segundos. Jogámos muito bem, com qualidade, mas não fomos felizes. Contra o Benfica, justo campeão, desperdiçámos duas vitórias no fim, com um erro de arbitragem, mas não é por aí. Estivemos a ganhar e não perdemos. Ficámos atrás do Braga extremamente competente, mas fazemos três jogos contra o Braga e temos parcial de 13-3. Fica-se por aqui. Foi uma equipa que não conseguiu materializar a qualidade de jogo. Este foi o ano onde a equipa rematou mais, teve mais posse, mais cantos, mais ações na área adversária. Materializou-se em pontos? Não. Fomos ineficazes. Olhando para trás e com lição aprendida, a qualidade está lá. Temos de nos tornar mais eficazes. Ninguém melhor que o nosso treinador para tornar a equipa mais eficaz.»

«Houve factos que as pessoas esquecem ou não convém relembrar. Bragança teve lesão e tínhamos grande espectativa na sua época que seria de afirmação. Tivemos de jogar com Marsà, Chico Lamba, com Neto e Coates indisponíveis. Em janeiro colmatámos com Diomande, um jovem com muito talento, mas sem dúvida, e não tenho problemas em afirmar, que faltou sobretudo eficácia e pagámos muito caro.»

«Temos a obrigação de estar mais preparados para o ano. Seria erro grave achar que ficámos em quarto por questões de sorte, azar ou arbitragem. Não é altura para mudar nada, do ponto de vista revolucionário da equipa. Confio muito no diretor desportivo, no treinador, e confio muito nos reajustes do plantel.»

«Ugarte é um grande jogador, com excelente caráter, grande profissional, mas que não é jogador do PSG, é jogador do Sporting. Se me perguntar a opinião, tem 95 por cento de hipóteses de sair do Sporting, para dois grandes clubes europeus, um é o PSG. Chelsea? Não comento. Há dois clubes que bateram a cláusula de rescisão. Fizeram propostas ao jogador e ele optou por um clube e depois mudou de opinião, é normal. Dissemos as condições, era o valor da cláusula e outros custos que tem de ser o clube comprador a assumir. Não está preto no branco com o PSG. Há outro clube disposto dar o valor, mas não lhe posso dizer que será o PSG.»

«Vendemos em janeiro o Porro sem querer, pelo valor da cláusula. Fizemos um crescimento sustentável e um trabalho de formiga para não destruir a equipa toda. Se tivermos de fazer a venda de Ugarte, não vamos vender mais nenhum jogador do plantel. Este processo de venda de Ugarte também teve um aspeto importante: recomprámos mais dez por cento de Ugarte antes de o vender. O PSG sabe as condições, só o vamos fechar depois de 1 de julho. Estamos tranquilos, Ugarte tem dois grandes clubes a querer o jogador, preferiu o PSG. Neste momento a decisão está no PSG.»

«O sonho de qualquer presidente era fazer vendas na primeira semana do mercado e fazer compras também na primeira semana. Fechar o plantel o mais rapidamente possível. Vendas? Não vamos vender mais nenhum jogador que consideramos nuclear. Nenhum jogador será negociável pelo Sporting. É bater a cláusula, um pagamento. Se isso acontecer, temos de ir ao mercado. Pode haver jogadores com menos espaço e que queiram mais minutos. Se houver uma boa oportunidade, podemos estar abertos a negociar.»

«Se tivéssemos encontrado o clube noutro estado, se calhar era mais fácil gastar 200 milhões em duas épocas, e estou a falar de um dos nossos rivais, mas estamos a fazer o nosso trabalho de formiga.»

«Apesar de o ano não ter corrido bem desportivamente, o Sporting não parou de crescer e bateu vários recordes de receitas. Nos últimos três anos aumentámos 38 mil sócios e isso mostra como o Sporting está vivo e tem estado a crescer. E nos últimos anos tem vindo sempre a aumentar o investimento. Mais importante do que os títulos ou o quarto lugar é o caminho que o Sporting está a trilhar. A estabilidade não é só quando se ganha, é também quando não se ganha.»

«Fui comparar com os rivais Benfica e FC Porto e andamos perto de investir metade do que vendemos. O FC Porto investe um pouco menos [do que vende] e o Benfica tem rácio superior ao Sporting. O que mudou é que o Sporting passou a vender jogadores a valores que os rivais venderam nos últimos 15 anos. As cinco maiores vendas da história foram feitas por esta administração. Vamos manter o mesmo rácio e temos de olhar também para o número de troféus nos últimos anos: FC Porto 8, Sporting 6, Benfica 3. Por isso não vamos alterar o nosso rumo.»

«O treinador já disse que pretende um avançado, isso seguramente, e se houver alguma saída teremos de colmatar. Gyokeres? Não vou dizer que é mentira, é um dos jogadores referenciados. Quando chegámos contratávamos jogadores de três, quatro milhões de euros. Fomos crescendo na capacidade de investimento. Se tivermos de ir aos 20 milhões temos capacidade. Não estou a dizer que o vou fazer, mas temos essa capacidade. O crescimento do Sporting é sustentado, coisas que os nossos rivais fizeram muito bem durante 15 anos, estando a gozar dessa mais-valia.»

«A nossa expectativa é ficar sempre mos dois primeiros lugares. Nos primeiros anos da minha presidência não tínhamos capacidade, hoje temos. O primeiro objetivo é ser campeões e no mínimo ficarmos nos dois primeiros lugares.»

«Bellerín não fica no Sporting.»

«A formação vai sempre ter de ser uma base do plantel.»

«Vão existir renovações, como nos últimos anos, com revisões salariais e das cláusulas.»

«Luís Neto vai renovar, fica mais um ano.»

«Trincão já é jogador do Sporting. Mais sete milhões e 50% do passe.»

Espero que Rúben Amorim esteja de férias e a descansar porque precisamos muito dele, é o homem certo para continuar à frente do nosso grupo de trabalho. É muito trabalho o nome dele ser badalado, mas também é bom sinal ele querer ficar. Não estávamos habituados e faz confusão a muitas pessoas um treinador estar quatro anos no Sporting e ainda por cima estar feliz, mas é verdade que tem sido alvo do interesse de grandes clubes europeus. É um privilégio para o Sporting ter o Rúben Amorim uma quarta época. E um sinal de estabilidade.»

«Hoje estou muito melhor preparado como presidente.»

«Fiquei contente com esse passo da FPF [arbitragem poder ser controlada por entidade externa], é o caminho que defendemos. Quando criticamos, tentamos que seja de forma positiva, não o fazemos de forma tóxica, mas os árbitros têm de ter as melhores condições possíveis e para isso têm de ser geridos de forma cem por cento independente da esfera dos clubes de futebol, à imagem do que se faz na Premier League. Não temos de ter vergonha de copiar o melhor. Têm de ser independentes e muito bem pagos.»

«Respeito todas as opiniões. Jamais na minha vida eu disse ou vou dizer que o presidente do Sporting deve ganhar isto ou aquilo. Eu peço é que não olhem a quem é o presidente. Analisem o processo de remuneração dos três grandes e ponham o SC Braga também e vão ver que o processo do Sporting é o mais transparente. Mesmo o que foi agora aprovado fica ao nível da administração do SC Braga, muito inferior aos nossos rivais, onde não há limites. Percebo a questão do 'timing' mas para mim há algo mais importante do que perder, vencer e competir: é a forma de estar. E o nosso processo de remuneração é transparente, sem sacos azuis, fraude fiscal, desvio de dinheiro, empresários de jogadores a ganhar dinheiro com contratos televisivos, não temos isso. Nunca tive a ambição de ser presidente do Sporting, foi por amor ao clube e farei sempre o que é melhor para o clube e não para aquele grupo de adeptos.»

«Um dos problemas que herdámos foi a falta investimento e degradação de infraestruturas. Agora temos a academia a funcionar bem. No estádio, no último ano terminámos de mudar todas as cadeiras, que era desejo antigo, e até 2026 vamos fazer muitas obras [no estádio], não posso contar detalhes. Em 2026 os adeptos terão orgulho pela primeira vez no seu estádio. Quer no interior, quer por fora.»