Da disponibilidade «para ajudar» Portugal às críticas em Itália: tudo o que disse Rafael Leão

SELEÇÃO13.11.202418:04

Extremo entrega-se 'de corpo e alma' à seleção nacional, independentemente do estatuto ou posição em campo; abordou temporada ao serviço do Milan, prometendo «dar o melhor»

Portugal pode despachar as contas do apuramento para os quartos-de-final com um ponto no jogo contra a Polónia. Sente-se titular nesta equipa?

Vai ser um jogo importante e como jogador eu quero sempre jogar, seja como titular ou no banco. O mister está a preparar bem o jogo e vai ser complicado, apesar de o Lewandowski não estar, a Polónia é uma equipa perigosa se dermos espaços. Mas nós teremos o apoio dos portugueses e queremos ganhar este jogo para irmos para o último jogo mais tranquilos apesar de, sendo nós Portugal, queremos sempre ganhar.

Tem aqui na equipa dois companheiros que ainda não se estrearam pela seleção A (ndr: Nuno Tavares e Tiago Djaló). Há um motivo extra para que possam vencer a Polónia e eles possam, em teoria, estrear-se já nesta jornada dupla?

São dois jogadores que conheço muito bem, têm muita qualidade e acho que podem acrescentar muito valor à seleção. O mister tem sido muito justo e dado oportunidades aos nossos jovens jogadores, porque Portugal tem muito talento. Fico muito contente por eles e espero que também possam representar a seleção porque será um orgulho para eles e seria, por assim dizer, um presente por aquilo que têm feito.

Fala-se muito de na convocatória só haver um ponta-de-lança, Cristiano Ronaldo, e o Rafael pode ser uma solução. Pode também jogar nessa função?

É uma posição que conheço e não tenho problema em jogar nessa posição se o mister lá me meter. Estou aqui para ajudar, independentemente da posição, e o que mais quero é representar a seleção da melhor maneira, seja como extremo ou ponta-de-lança.


Houve recentemente uma crítica de uma figura histórica do Milan, Alessandro Costacurta, que diz que lhe falta intensidade e que não basta jogar por 18 segundos. Acha que a seleção será um bom palco para mostrar essa intensidade?

Não concordo, claramente. Tenho feito grandes épocas pelo Milan, durante as épocas existem altos e baixos e acho que os meus últimos jogos pelo Milan provam isso. A época ainda agora começou, não sou um jogador perfeito, claro que há vezes que posso fazer muito melhor e eu sou muito autocrítico comigo mesmo.

Esse tipo de criticas não me abala, tenho pessoas no Milan e aqui, no espaço da seleção, que me ajudam a crescer e são quem tenho de escutar e com quem aprender. Por um lado, essas críticas ajudam e motivam-me, ajudam-me a responder dentro de campo.

Como disse, a nível individual vem de duas exibições muito bem conseguidas. A partir deste momento, a Seleção pode ser um escape para o seu melhor futebol?

(risos) Independentemente de jogar bem ou mal, o Milan é um clube de que gosto muito, é o meu clube e tento sempre dar o melhor. Não acho que a seleção seja uma escapatória para dar continuidade, são dois espaços, dois lados em que sinto muita confiança.

Se puder fazer uma autocrítica, como olha para a sua temporada até ao momento?

Penso sempre para a frente, claro que fico contente com o que que tenho feito, especialmente nestes últimos dois jogos, mas não penso nos jogos anteriores, penso logo no que posso fazer e melhorar, assim como nos jogos aqui na seleção. No geral, acho que está a correr muito bem, pode correr muito melhor, como é óbvio, quero conquistar coisas grandes tanto no Milan como na seleção.

O que acha que tem de melhorar?

Acho que é simples, tenho de ser mais egoísta à frente da baliza porque cresci a ver jogadores que não tinham aquele faro de golo, Ronaldinho, Robinho, e desder criança que o meu objetivo era driblar os adversários, fazer assistências, boas jogadas e passes e por isso nunca tive aquela direção para o golo.

Agora, com 25 anos, vejo que o futebol é mais pelas estatísticas e tento estar à altura em golos e assistências, porque por vezes podes fazer um grande jogo, mas se não fizeres um golo ou uma assistência vão dizer que o teu jogo foi mediano. Tento focar-me nesse aspeto de ser mais decisivo.

O Rafael é alvo de críticas, mas também de muitos elogios e de interesse de grandes clubes como o Barcelona e ainda recentemente esteve em grande plano na vitória do AC Milan sobre o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu. Sente que esses momentos têm mais importância que as críticas, que podem ser infundadas?

Há sempre muita crítica e pressão e eu, pessoalmente, acho que se ligar às críticas negativas, isso vai afetar o meu psicológico e não vou conseguir dar o melhor à minha equipa e à seleção.

Portanto, tento sempre focar-me nas coisas boas, claro que as críticas têm de ajudar-te a ser melhor nos teus pontos fracos, a seres forte, e eu como já estou no futebol há algum tempo e no Milan há cinco anos, já me habituei à pressão e um pouco de pressão faz bem, para continuar a competir e a mostrar valor.

Em Itália falou-se muito de a sua relação com o seu treinador, Paulo Fonseca, não ser a melhor. Como esclarece essa situação?

São coisas que acontecem durante a época, não tenho nada contra o mister nem o mister contra mim, é um assunto resolvido. Certamente que como jogador, não gosto de ficar no banco, quero sempre estar em campo para a ajudar a minha equipa e ó mister toma as suas decisões e eu só tenho de respeitar e quando tenho oportunidade de entrar, seja na seleção ou no Milan, dou sempre o máximo para a equipa.

Já representou o Sporting, que teve agora uma alteração na sua equipa técnica - saiu Rúben Amorim, entrou João Pereira. Qual é a sua opinião?

Como sportinguista, desejo sempre o melhor ao Sporting. Fiquei muito contente, porque o Rúben fez um excelente trabalho no Sporting e desejo-lhe as maiores felicidades a partir de agora no Manchester United. João Pereira não conheço muito bem como treinador, conheço como jogador, mas de certeza que se o Sporting fez essa escolha é porque o mister tem qualidade acima da média, para dar continuidade e títulos ao Sporting.