DORTMUND — O espaço exterior não desperta a atenção do mais atento. Quando entramos, aí sim, viajamos no tempo. Carlos não é apenas um restaurante. É um museu, com beleza arquitetónica singular. Onde é possível captar todo o tipo de informação. Visão, audição, paladar, olfato e tato unidos num restaurante que no seu interior é, imagina-se, uma caravela, tipo de embarcação inventada pelos portugueses nos séculos XV e XVI. «O meu pai era professor de história e um dia resolveu sentar-se com um arquiteto e idealizar isto tudo. Demorou três anos e meio a ser construído», conta Chiara Couto, filha de Carlos, o idealizador de tudo. Situada a escassos quilómetros de onde a Seleção Nacional se encontra instalada, o restaurante Carlos, terá lotação esgotada na partida de hoje contra a Turquia: 280 pessoas. Carlos Couto, natural de Braga, além da mãe Carminha, não estará presente por se encontrar no Porto, com um camião, a vender… sardinhas para as festas de São João. «Se tudo correr bem, estarei aí na próxima semana para assistir ao jogo com a Geórgia», diz, através de uma videochamada para Chiara promovida por A BOLA, uma das responsáveis pelo espaço, além da irmã mais velha, Viviane. O famoso frango assado do Carlos ganhou sucesso sobretudo pela distinta lista de clientes. Já existem cinco cadeias espalhadas na Alemanha, mas foi em Dortmund onde tudo começou. Consegue imaginar Jurgen Klopp, após um treino, antes de ir para casa, passar por um take away para levar um frango assado à moda portuguesa? Essa imagem foi uma constante enquanto o técnico alemão orientava o Borussia. «Sim, muitas vezes passou aqui só para levar um frango. Mas também Marcos Reus, Hummels, Witsel ou até o nosso Raphael Guerreiro que uma vez até esteve aqui a fazer rissóis [risos]», recorda Chiara, sempre lado a lado com Júlia Silva, amiga de infância, uma das 40 pessoas que trabalha diariamente neste espaço. O sonho do meu pai era que o Cristiano Ronaldo viesse aqui comer um franguinho. Já disse que no dia em que isso acontecer será feriado aqui! «Todos falam português. Todos os temperos do frango chegam de Portugal. O mais curioso disto tudo é que o meu pai nem sequer sabe cozinhar. Só grelhar…», diz, em tom muito animado a filha de Carlos Couto, que confidenciado aquele que seria o maior desejo do pai apesar de receber muitas estrelas. «O sonho do meu pai era que o Cristiano Ronaldo viesse aqui comer um franguinho. Já disse que no dia em que isso acontecer será feriado aqui!», conclui. Alguns craques que já foram ao 'frango' de Carlos Couto em Dortmund «Craques? Só mesmo Ronaldo!» «Estamos a carregar para a festa!», diz a mãe Carminha, não escondendo a satisfação, acedendo ao convite de A BOLA numa videochamada feita de Portugal, nos preparativos para a festa de São João. Ao lado dela estava Carlos Couto.«Casei com uma mulher certa, que adora a cozinha. Os meus pais, mulher, sogros são artistas na cozinha e eu sou o artista a ter paleio para toda a gente. Com churrasqueira pequenas começamos com frango e depois fomos crescendo para maiores. Estivemos a pensar na história e no que melhor Portugal e na mente surgiu logo os descobrimentos. Começamos com um barco, que se tornou pequenino para tanta gente, fizemos o segundo e já vamos no terceiro», diz, lamentando não ter na sua lista de cliente um nome: «Craques não existem muitos, apenas bons jogadores, mas o nosso sangue, Cristiano é único. Se viesse por certo que não se arrependeria. Começaria por lhe oferecer um iogurte, assim como toda a equipa e depois passava para o franguinho, entrecosto, um peixinho, bacalhau… A minha especialidade? É o frango mas estamos no São João. E um São João sem sardinhas é como um jardim sem flores.»