Vamos conversar: Schmidt de férias, e bem
Roger Schmidt afirmou que a época desportiva só começa realmente depois da pausa para os jogos das seleções, quando houver competições a cada três dias, e como ele é um treinador de convicções repetiu a experiência, concedendo um curto período de férias aos jogadores que ficaram de fora nas convocatórias para os jogos do Euro-2024. Li em A BOLA que todos levaram um plano individualizado de treino e diariamente terão de contactar os técnicos do clube para «sintonizar dados», uma forma de desaconselhar eventuais excessos.
Há quem discorde, mas treinador que é campeão costuma ser o dono da razão e uma semana de arejamento talvez faça sentido, principalmente a seguir a uma jornada santa para o Benfica, em que não só venceu o Vitória de Guimarães, com uma exibição que muito agradou à família encarnada, como viu reduzida para um ponto a desvantagem para Sporting e FC Porto, e também para o Boavista, que o derrotou logo na jornada de abertura e sentenciou o divórcio com Vlachodimos
Roger Schmidt tem do futebol uma perspetiva muito própria e terá sido por isso que Rui Costa o contratou. Sendo alheio às nossas invejas de freguesia, pede-se-lhe que faça o seu trabalho sem perder tempo com inutilidades. Se o presidente do Benfica o identificou com o perfil ideal para desenvolver o projeto da nova águia, por certo que pretende que seja genuíno, e aja e pense em alemão, o que ainda nos faz alguma confusão, como esta ideia de mandar a sua gente espairecer com a época em curso.
Para ele será uma medida normal e até benéfica para a estabilidade do grupo, poupando os que ficaram, à exceção dos lesionados e de Bernat, a uma espécie de sessões de preparação constrangedoras, para preencher o tempo e não com algum objetivo concreto em termos desportivos, no imediato ou a prazo, quando mais de metade do plantel está ausente. Além de ser um prova de confiança nos jogadores. Se estes retribuem ou não, é outra conversa…
Sei que há treinadores que pensam como ele e não abdicam das suas rotinas. Compreendo-os, dado não ser com muitas cargas de treino que se ultrapassam os problemas. Aprendi isso com José Mourinho, quando este dava os primeiros passos, ainda em Leiria, de uma carreira de enorme sucesso e quem o escutava percebia que às vezes uma boa conversa em ambiente sereno motiva mais do que um treino duro e com toda a gente aos gritos.
Na opinião de Luís Mateus, jornalista de A BOLA, um estudioso do futebol culto e muito atento ao percurso de Roger Schmidt, depois da lição de Barcelos, ao treinador do Benfica «falta-lhe fechar de vez o capítulo Salzburgo, onde queria atropelar os rivais, e resistir à tentação».
Talvez Schmidt sinta precisar de tempo e de espaço para refletir. Como referiu, a seguir ao jogo com o Vitória de Guimarães, é agora que a época vai começar e o Salzburgo visita a Luz no próximo dia 20, primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Vendo assim o quadro dirão os adeptos encarnados: mister, descanse bem, liberte-se definitivamente do capítulo Salzburgo e continue a escrever com a mesma arte o capítulo Benfica.
Arraial no Dragão
Na segunda jornada, Marcano deu o triunfo (2-1) ao FC Porto sobre o Farense, ao minuto 90+10. Na terceira, com o Rio Ave, em Vila do Conde, o FC Porto empatou por Galeno ao minuto 90+1 (penálti) e garantiu a vitória (2-1), de novo por Marcano, ao minuto 90+4.
Anteontem, diante de um Arouca maduro e organizado, foi o que se viu, em Portugal e no Mundo. Cristo González, com disparo certeiro, colocou o Arouca a ganhar no Dragão (1-0), ao minuto 84. Aparentemente, nada de transcendente na perspetiva portista, pois ainda havia tempo suficiente para resolver o problema, como sucedera nas duas jornadas anteriores. Só que, desta vez, Marcano muito se esforçou, mas não chegou… Em desespero, o dragão, que já tinha trocado Toni Martínez por Evanilson, retirou os dois laterais e os dois médios. Até o recém-chegado Iván Jaime foi a jogo, coisa muito rara em Sérgio Conceição.
Como nada resultasse, e na iminência de o jogo se prolongar até o FC Porto empatar, Taremi, a subir de forma, quis ser a solução. A primeira queda só serviu para o VAR fazer má figura e ficar a saber-se que «a única tomada elétrica disponível na área de revisão do estádio não tinha corrente elétrica», sempre a inovar…, mas a segunda funcionou. Taremi voltou a cair, o árbitro voltou a marcar penálti, mas Arruabarrena defendeu o remate de Galeno. Não havia forma de o jogo acabar, até que, em bola lançada para a área arouquense, Evanilson empatou, felizmente, com 23 minutos de compensação. Felizmente, não, porque houve quem no banco portista protestasse. Mais uma queda de Taremi e a coisa resolvia-se…