Vai começar a festa
Os jogos particulares deram indicações mas tudo vai ser diferente: a conquista dos pontos, o trabalho intenso e o sonho comandam o jogo
ACABADAS as fases de investimento e de preparação, das escolhas e dispensas, a comunicação social depende muito dessas notícias e bitaites antes de começar o campeonato, como se fosse uma fase de aquecimento e tudo passa a ter outra relevância. Há mesmo quem perca o equilíbrio emocional, faça figuras tristes que deveriam analisar posteriormente, para evitar cenas desprestigiantes. Porém, antes de a bola rolar na relva, convém avisar os mais incautos que ainda existem clubes a serem multados pelas entidades responsáveis por violação de deveres a atitudes incorretas. Um empresário norte-americano que se apaixonou por um clube da nossa capital, entre outros de terras mais longínquas, juntamente com um investidor nacional, não cumpriu o seu dever de informar, inclusivamente para com o clube. Ora no futebol podem sempre surgir frangos que estragam as vitórias. Norte-americanos insistentes não costumam ser habituais. O carrossel começou a andar e agora não vai parar em breve, mesmo com as interrupções do Mundial. O início manteve vícios e penalizações direcionadas, como facilmente se calculava, deixando indícios e hábitos que vêm de longe mas sem conseguirem ultrapassar aquelas ondas enormes: falta firmeza, independência e frontalidade, mas abundam incendiários de conflitos. As cores dos equipamentos começam a criar manchas coloridas deste país, lamentavelmente com divisões prepotentes. Não se pode ser adepto pela negativa, ou seja, apoiamos sempre a mesma equipa e nos outros jogos que vença o melhor. O país é a nossa realidade. Antes do jogo começar, ambas as equipas acalentam o desejo de se superarem para ganhar. Porém, nas 3 equipas que entram no jogo, há uma que tem de manter o equilíbrio e evitar o erro, seja para onde for; caso contrário nunca mais sairemos do buraco fundo para onde alguns nos pretendem empurrar. Há clubes que, desde o início, têm de enfrentar armadas poderosas, estratégias destrutivas para os aterrorizar sempre com muito respeitinho…; outros, com algumas dependências e fragilidades, receiam consequências porque desconhecem o valor de saber ser adepto. À medida que a época se aproxima do pontapé de saída, os plantéis reduzem, chegam os últimos craques, os mitos vão caindo e começa a época. Os empréstimos visam mira de valorização para ter sempre alternativas de futuro. Os jogos particulares deram algumas indicações mas tudo vai ser diferente: a conquista dos pontos, o trabalho intenso e o sonho comandam o jogo. Infelizmente, ainda surgem casos de desrespeito da lei, porquanto um treinador principal usa a estratégia de um elemento com o 4.º nível, para iludir a falta de cumprimento da lei, que só teoricamente finge ser principal. Liga, FPF e SEJD têm a palavra: já é tempo para resolver definitivamente essas situações. Queremos um futebol que respeite as regras ou então alterem-nas, seja como for. A visão dominante do negócio tem vindo a desvalorizar a prática desportiva. Se por um lado, são constantes as alterações das regras, inúmeras as aquisições em todos os clubes, envolvendo verbas astronómicas, especialistas de investimento e de descoberta de talentos precoces, por outro lado, a bola perde para negócio, de forma contínua. Os valores em causa teriam de garantir jogos de excelência sistemáticos, porém, a especialização natural teria de conseguir a qualidade dos intervenientes e sem rastilhos de polémicas ou violência. Claro que poderemos falar do perfil de vários jogadores e do seu valor nas transferências, da qualidade de treinadores e mesmo de árbitros, mas faltam elementos essenciais: transparência e rigor. Por isso, como escreveram analistas do futebol e da sua organização, a Casa das Transferências poderia representar uma oportunidade para clarificar e nunca manter inquietações e suspeições que levantam inúmeras questões: de onde vem tanto dinheiro? As sucessivas transferências a nível intercontinental movimentam valores fabulosos, que deveriam também salvaguardar os destinos dos que entregam a sua vida ao jogo, havendo o reverso da medalha que ninguém quer conhecer. As lideranças devem ser exemplares, falar o indispensável, melhorar a estruturação e evitar comentários sobre jogos, esse papel é para treinadores e analistas, mas imparciais. As transmissões televisivas, a publicidade, a inundação de programas de alienação e fervor clubista, o clima de guerra e de ódio entre adeptos é alimentado por frases, atitudes e opiniões ao serviço de cores diferentes (que têm causado problemas graves) sempre com exaltação, como simulacros de gritos de guerra. O jogo é belo, a inteligência constrói dribles e passes, autênticos planos geométricos muito ousados e os golos, esses levam-nos por breves instantes ao Olimpo da cor preferida. Para além de tudo isso, o futebol é um laboratório excelente para analisar o comportamento humano e poder construir processos que fomentem a cooperação, a tolerância o encontro de ideias e um momento mágico e imortal… o resto já passou. De ministros a presidentes, de escritores a cirurgiões, de cientistas a cidadãos comuns, voltamos ao fundo do tempo e nesse momento, mesmo com gostos diferentes, sabemos o que sente quem vence e quem perde. Por isso, os árbitros deveriam ter uma formação técnica excecional, uma gestão emocional constante, uma capacidade para decidir sem hesitação e sem paragens desnecessárias. No fim do jogo, se ninguém se recordar da equipa de arbitragem, temos uma prova irrefutável de que há quem consegue ser exemplo de qualidade. A Arbitragem e a Disciplina, são talvez os universos que originam mais polémica no próprio jogo; seria uma boa prenda para o nosso futebol se o conseguirem gerir, com eficácia, rapidez e equidade, valorizando as relações entre os treinadores, o 4.º árbitro e os árbitros. Não banalizar processos mas antes estar precavidos para evitar situações que originem momentos inadequados de discussão, prejudicando o jogo: os autoritarismos promovem inquéritos, perdas de tempo e sanções evitáveis, porém desde que o equilíbrio emocional do 4.º árbitro e do banco de cada equipa se torne um exemplo consensual, sem prepotência e até um modelo de saber estar, nunca se desvaloriza o rumo. Cada um tem a sua função, mas todos devem visar o mesmo: um grande jogo de futebol. Em campo, não há grandes nem pequenos, apenas duas equipas que tentam vencer até ao fim. Esta semana foi aplicada sanção de um ano de castigo a Fábio Coentrão, que já deixou de ser jogador de futebol, há mais de uma época: inacreditável ou ridículo? Que a próxima edição da Liga consiga promover condições para imparcialidade, rigor, transparência e ainda para fazer da verdade desportiva o seu golo essencial. Finalmente, um alerta e uma dúvida: Barcelona, com sérios problemas de tesouraria, com estratégias arriscadas de financiamento, num salto para a frente, contratou quatro craques, entre os quais Lewandowski, por valores muito elevados; fica a expectativa do que poderá acontecer…
Antes do arranque da Liga, vitória portista na Supertaça Cândido de Oliveira
O PRIMEIRO TROFÉU DA ÉPOCA
ASupertaça Cândido de Oliveira, entre o FC Porto (Campeão Nacional e vencedor da Taça de Portugal) e o Tondela (finalista vencido), disputou-se no dia 30 de julho, no Estádio Municipal de Aveiro, totalmente cheio. O FC Porto controlou o jogo, com determinação e organização, procurando o golo e mantendo a posse da bola. Taremi (aos 30’ e 82’) e Evanilson (33’) decidiram o marcador. O Tondela lutou sempre, procurando contrariar a estratégia azul e branca. O FC Porto começou a época com o 23.º título de vencedor da Supertaça Cândido de Oliveira e é o recordista da competição, com 23 troféus conquistados. Com esta vitória, Sérgio Conceição igualou o número de títulos de Artur Jorge nos azuis e brancos.
REMATE FINAL
Marchesín, o fantástico guarda-redes argentino, foi o titular da baliza azul e branca na Supertaça Cândido de Oliveira. No último ano de contrato, com 34 anos, sentindo a necessidade de jogar para conseguir integrar a sua seleção no Mundial do Catar, Marchesín saiu para a liga espanhola (Celta de Vigo), deixando no FC Porto muitas saudades, muita admiração e votos de muitas felicidades. Exemplar, pelo enorme valor e experiência que possui e pelo muito que deu ao FC Porto em jogos decisivos, muitos êxitos campeão. Serás para sempre um grande Dragão!
O Tribunal Arbitral do Desporto suspendeu a decisão do Conselho de Disciplina da FPF, de interdição do Estádio do Dragão, por dois jogos. A questão que se coloca é a decisão coincidir com o início do novo campeonato. Recorde-se que o caso que originou essa sanção aconteceu na 22.ª jornada da época anterior (com 12 jornadas por realizar e com tempo suficiente para resolver a questão durante a respetiva época). Começar dessa forma e acrescentando convite para VAR a quem criou polémicas suficientes que semearam violência revela, no mínimo, lentidão, incapacidade ou mera coincidência…