Um Sporting sem identidade

OPINIÃO02.02.202022:44

Rúben Amorim prova a cada jogo que passa que foi boa ideia, já Silas, que também o parecia ser em teoria, está a ter dificuldades para criar uma equipa com identidade própria. É verdade que o mercado deixou o leão ainda mais esquelético, mas era bem mais de assinatura o pobre Belenenses que treinou (sobretudo em massa crítica) do que este Sporting, que vê abrir-se um fosso de 22 pontos para o líder Benfica e ameaça não voltar a pisar o pódio tão cedo. Tantas semanas depois, parece cruel dizê-lo, mas Silas ainda não estabilizou. O que mudou agora para que a linha de três defesas seja, afinal, o caminho? E pode até sê-lo, mas porquê só agora? Será que os sinais são mesmo assim tão positivos ou o contexto favoreceu a exibição menos má na pedreira?


Há muito campeonato, é verdade, mas a tendência não será certamente para melhorar, sem a definição e liderança de um fora de série - para já à nossa escala , logo veremos para onde caminha - como Bruno Fernandes. Só alguém especial como ele chegaria a Old Trafford e sentiria à-vontade para organizar um Manchester United, apesar da falta de espaço enquanto se vestiu de dez, do ritmo elevado que o deixou de meias em baixo e da ausência (proveitosa) até de um tal de Paul Pogba, por lesão.


A duas derrotas da pior época de sempre, com um plantel com poucas referências e que, por incapacidade financeira e até incompetência ao nível do scouting e recrutamento, vai empobrecendo, Silas tem muitos obstáculos para que venha a ser bem-sucedido. Não precisa ser ele próprio adversário de si mesmo. Seja a linha de três, pressão kamikaze ou um losango no meio, o treinador tem de escolher um caminho. E viver com ele.


P.S. - Varandas queixou-se da arbitragem e prometeu ruído, fora o já incluído nas palavras. É o mais antigo discurso do mundo e não serve nem o próprio.