Tal como muito desejava Rúben Amorim, o Sporting vai mesmo chegar ao derbi na Luz com a vantagem de três pontos sobre o Benfica. Pode parecer um pequeno pormenor entre tudo o que pode decidir um jogo especial, como é sempre um Benfica-Sporting. Mas não é pequeno, nem é pormenor. Em primeiro lugar, porque a pressão do Benfica se torna mais pesada. Nenhum dos seus jogadores deixará de pensar que, se tudo correr bem e alcançar uma vitória sobre o rival, conseguirá, então, chegar a uma liderança repartida, com os mesmos ponto, mas se perder o jogo cava-se uma diferença preocupante de seis pontos de diferença. Depois, porque manter, à décima jornada do campeonato, uma situação de invencibilidade (um empate e nove vitórias) isso contribui decididamente para consolidar uma forte saúde psicológica e colocar em alta os níveis de confiança que, aliás, muito ajudaram ontem o Sporting a virar um jogo que, depois do intervalo, lhe começara a correr francamente mal. O Sporting chega assim ao importante jogo da Luz no mais alto patamar anímico, com uma equipa confiante, capaz de encarar o jogo com personalidade e uma expectativa otimista. Há a convicção, dentro desta equipa do Sporting, que o Homem traça o seu destino, através de competência e de trabalho e não aceita que haja um destino traçado, ao qual ninguém poderá fugir. Não existe, atualmente, em Alvalade, essa atitude fatalista. Bem pelo contrário. Da equipa, mesmo em alturas mais problemáticas, quando os adeptos vacilam na crença de que vai tudo correr bem, quando o adversário se sente mais empolgado e acredita que é possível, como sucedeu com o surpreendente Estrela da Amadora, emana uma aura de segurança, de vontade e de audácia que sustenta a solução, quer ela seja coletiva, quer seja individual. O Sporting é, hoje, um líder fiável e firme. Continua a ser a equipa mais regular, mais consistente e mais consequente do campeonato. É verdade que falta muito futebol e que muita água correrá debaixo das pontes até aos momentos decisivos da prova. No entanto, percebe-se a razão pela qual Rúben Amorim parece tão convicto de que a sua equipa poderá, mesmo, chegar ao título e voltar a ser campeã nacional. Os jogadores também acreditam e os adeptos, mesmo os receosos, querem acreditar.
