Superliga: dissolvida e em liquidação
E se a coima pela saída da Superliga ajudar a violar o ‘fair play’ financeiro da UEFA?
E UROPEAN Super League Company, S.L. foi a denominação escolhida para a empresa criada pelos 12 clubes elitistas que lançaram o pânico no futebol europeu com a tentativa frustrada de criação de uma competição direta e ilegalmente concorrente com a Liga dos Campeões da UEFA. Espero que os magnatas estejam a tratar da extinção amigável do seu nado morto. Se esta aberração efémera tivesse ocorrido em Portugal, a empresa mantinha personalidade jurídica mas passava pela vergonha de ter que acrescentar a menção sociedade em liquidação ou tão só em liquidação. Deu-me prazer ver Florentino Pérez encostado a uma parede, numa posição que só ele sabia deixar os dirigentes dos clubes quando passava o cheque para levar os melhores jogadores. Referiu que queria salvar o futebol e que, se nada fizerem, estarão todos mortos em 2024. Mas o novo estádio do seu clube vai custar €796,5 milhões e só lhe falta liquidar a terceira e última prestação em julho. Tio Pérez tem razão quando nos diz que a pandemia está a destruir os clubes mas a solução não é a Superliga, atropelando-se os princípios básicos que se conhece no futebol e rasgando o Livro Branco sobre o Desporto da Comissão Europeia. E é ridículo ouvi-lo a comunicar que para os clubes deixarem a Superliga terão uma penalização. Pelos artistas envolvidos, a coima não deve ser simpática. Tanta transparência mas nem sequer revelou o valor das penalizações. Seria bonito de se ver a possibilidade de contabilização para o fair play financeiro da UEFA dessa penalização pela saída de cada um desses 12 clubes europeus. Já imagino os dissidentes, incluindo o Real Madrid, a serem alvos de sanções disciplinares, impossibilitados de contratar jogadores e até arrecadados das competições europeias por dívidas à Superliga, SL nos termos do regulamento da UEFA. Era o que mereciam.