Aí está o campeonato de regresso, passadas as emoções dos jogos a eliminar. Volta mais motivado, curiosamente, o Benfica, que tinha saído chamuscado antes do interregno da Liga. Sortilégios do futebol, que muda num ápice. Em Portugal, esta época, então, tem sido um autêntico fartote. Adeptos com as emoções ao rubro, ora em autêntica euforia ora em pura depressão. O Benfica não podia ter recuperado melhor dos traumas provocados pelas derrotas perante Sporting e SC Braga. Quis o calendário que fossem estes os adversários seguintes das águias. Bruno Lage emendou bem os erros estratégicos e conquistou a Taça da Liga, derrotando, precisamente, guerreiros e leões, embora estes apenas no desempate nos penáltis. Sinceramente, para mim e, penso que também para a maioria das pessoas, o resultado é o mesmo: ganhou. E por isso ergueu mais um troféu. Embalados, os encarnados garantiram também o apuramento para os quartos de final da Taça de Portugal, com Schjelderup, verdadeiro reforço de inverno, a brilhar. Mais uma vez.Do meu ponto de vista, o Benfica tem o melhor plantel da Liga e agora ainda mais, depois de o jovem extremo norueguês revelar-se mais-valia. Diria que, no máximo, o treinador, sempre partindo do princípio que Rui Costa não deixa sair nenhum dos intérpretes principais, só precisa de suplentes fiáveis para Bah e Carreras, isto para não necessitar de adaptar Tomás Araújo ou Aursnes. Pelo meio, surpreendentemente, o FC Porto caiu na Choupana. Uma derrota diante do Nacional difícil de aceitar pelos adeptos. Os azuis e brancos tinham feito as contas e já se viam no primeiro lugar, com mais dois pontos que o Sporting e cinco que o Benfica. Um sonho, depois de tudo o que o clube viveu no ano que acabou de terminar. Por isso, a derrota com o Sporting, para a Taça da Liga, não fez grande mossa. Pior foi mesmo a viagem à Madeira. Melhor, o regresso. Adeptos à espera no Dragão, com jogadores e, claro, Vítor Bruno com as orelhas a arder. Mais uma vez. O FC Porto não é o mesmo a que nos habituou durante décadas. O plantel perdeu qualidade e, mais importante que isso, vive agora em democracia. Depois de mais de 40 anos em autêntica monarquia, não é fácil para André Villas-Boas conseguir agradar a todos. Antes, com Pinto da Costa, era bem mais simples: ou apoiavam ou… calavam-se. Para os lados de Alvalade, ninguém sabe o que vale o novo Sporting. Enquanto tentam completar o luto da traição de Ruben Amorim e esquecer o erro de casting que foi a promoção de João Pereira, os leões conseguiram dividir com o rival Benfica o título de campeão de inverno. Taça da Liga para os encarnados, liderança do campeonato no final da 1.ª volta para os verde e brancos. O que tem de ser considerado um bom registo de Rui Borges. O treinador ainda há pouco chegou e teve pela frente só estes adversários: Benfica, V. Guimarães, FC Porto e Benfica! Mais complicado era difícil e ainda tem o crédito de não ter saído derrotado de nenhum jogo, embora tivesse perdido a oportunidade de ter conquistado o primeiro título. Considero que o Sporting é a maior incógnita do campeonato e só a partir de sábado podemos começar a ter uma ideia aproximada do que pode valer. Não que o Rio Ave seja um adversário acessível, muito menos em Vila do Conde…, mas porque Rui Borges já tem três semanas com a equipa (isto até parece uma eternidade, tal a densidade do calendário…) e mais do que cinco dias para preparar um jogo, o que neste janeiro louco é um verdadeiro luxo! Além disso, já poderá utilizar Rui Silva, o primeiro reforço. Rui Borges teve a coragem de implementar de imediato o seu modelo de jogo, mas estou curioso por ver o Sporting a ser obrigado a dominar os jogos. Até este momento, dado o poderio dos adversários, percebo que não o tenha feito, mas a partir de agora tudo será diferente. Não haverá espaços para a procura constante pelas transições e Gyokeres terá de ser também potenciado com a equipa a jogar em ataque organizado. Para ter sucesso, necessita de mais soluções. No meio-campo e com mais opções para os flancos. Na defesa e, principalmente, no ataque. O mercado pode dar uma ajuda. Ou melhor, Frederico Varandas…