Dois jogos é curto para amostra, porém ouve-se um toque a reunir, um segundo fôlego a manter o FC Porto à tona na viragem do campeonato, ainda que sob ameaça, mais uma vez, do mercado. A resiliência faz parte da cultura, o apresentar-se ao serviço da causa e o espírito de missão também, contudo não se trata de apenas isso. Sérgio Conceição regressou do laboratório com os acertos à fórmula necessários para, pelo menos, a nova versão parecer um pouco mais equilibrada e ligada entre os vários setores. O técnico nunca teve medo de mexer, de experimentar, de procurar soluções, de se reinventar em novos esquemas e dinâmicas – o que é, sem dúvida mais-valia para a equipa e para o futebol português –, e poder-se-á agora beber no Dragão do confronto vitorioso com o SC Braga bom alento para uma segunda volta que o aproxime de novo dos maiores rivais. Porque, embora a distância não seja grande, a fragilidade demonstrada, que não tem sido nada comum por esses lados, foi bem mais do que evidente. Já o SC Braga iniciou mais uma temporada cheio de expetativas, no sentido que esta poderia ser finalmente a da luta pelo título e, quem sabe, até da sua conquista. Ano após ano, a promessa fica por cumprir, por muito que o plantel se apresente equilibrado ou, finalmente, se vejam algumas tentativas de dotá-lo de elementos de maior qualidade, casos de Zalazar, Bruma ou Rony Lopes, por exemplo. Só que a última vitória nos 90 minutos diante de um grande foi há mais de um ano, aquele 3-0 ao Benfica depois de ser goleado por 5-0 em Alvalade, e não há qualquer indício de que possa dar novo salto em breve. É a quarta equipa da Liga, mesmo com um FC Porto em crise, o que diz bem do que vale atualmente. Crescer passa por estratégia, futebol jogado, ainda mais qualidade, mas sobretudo, mentalidade. O degrau tem sido alto demais.
