Schmidt está perdido nos que 'têm de jogar'
«Lá, onde a coruja dorme», a opinião de Luís Mateus
O empate com o Casa Pia, depois das três derrotas na Liga dos Campeões, confirma apenas os sinais negativos já identificados no modelo benfiquista, e que, se nos oferecermos um pouco mais de distanciamento para que se vislumbre todo o cenário, percebemos que virão desde o final da última época. Terão que ver, sobretudo, com a perda gradual de confiança dos jogadores no processo, que se acentuou esta temporada com a escolha perfis diferentes e uma interpretação errada por parte de Schmidt de que era momento para apontar a um registo mais ofensivo, mesmo em cima de terreno pouco firme, depois da perda de jogadores até aí sido nucleares – por escolha sua, Florentino, e não é o penálti cometido, que espelha a falta de ritmo e de confiança e, provavelmente, a necessidade de ter de voltar a mostrar-se útil, que me faz mudar de opinião; Gonçalo Ramos e Grimaldo, por questões de mercado.
É verdade que o Benfica ao atacar desequilibrado expõe-se demasiado defensivamente no momento do erro, mas também a forma como defende, sem o mesmo critério, impede que o ataque possa ser feito em qualidade e em número. Schmidt está neste momento perdido ‘nos que têm de jogar’ e as suas opções não estão a encontrar o equilíbrio, mesmo com a reentrada de Florentino. É preciso rever tudo, se é para manter a pressão alta e a contrapressão como princípios nucleares. O Benfica, neste momento, precisa de olhar para a forma como defende – que lhe dará unidades mais juntas também quando ataca – antes de dar o próximo passo.
Kokçu ‘tem de jogar’, porém Florentino, a meu ver, também. Tal como João Neves. Mas se o turco entrar não pode ser Rafa a fechar o meio, porque simplesmente não o faz. Aursnes é obrigatório, mas sobretudo no ataque: na esquerda, ajudará Jurásek na questão da largura ou combinará melhor com Bernat. No meio, tapará o corredor central, algo que o Benfica tem de privilegiar. Neves também o pode fazer, numa falsa posição 10. Ou Gonçalo Guedes, que poderá acrescentar depois a explosão que faltará ao jovem médio, ao mesmo tempo que contribui na pressão. Igualmente Di María ‘tem de jogar’, mas este Rafa indefinido terá mesmo? João Mário, por outro lado, também é importante. Já Musa é o mais parecido com Gonçalo Ramos.
Não há outra forma, Schmidt não pode continuar a fugir para a frente.