Sair de cena

OPINIÃO01.04.202206:55

Cristiano Ronaldo e um adeus à Michael Jordan; Bale galáctico mas pouco; impensável

Se a carreira de Ronaldo fosse uma maratona, os 42.195 metros estavam quase percorridos e a meta à vista. «Há um miúdo madeirense no Sporting que vai ser o melhor ponta de lança do nosso futebol», assim ouvi falar pela primeira vez do, por muitos considerado, maior desportista português de todos os tempos, então com 14, 15 anos, palavras premonitórias de um técnico da formação da FPF que só pecaram por defeito. O resto é uma história repleta de capítulos de sucesso que terá um final mais ou menos épico consoante o momento que escolha para escrever a última palavra. Aos 37 anos Ronaldo já não é Ronaldo tantas vezes como no passado. É a inexorável passagem do tempo, traduzida numa convivência mais distante com o golo apesar de jogar perto da área como nunca. Mas continua a ser ele e mais 10 na Seleção e no Man. United deveria ser igual. Até quando? «Quem vai decidir o meu futuro sou eu. Quem manda sou eu, ponto final», sentenciou na véspera do duelo com os macedónios que lhe garantiu o quinto Mundial. A Ronaldo desejo que seja capaz de se despedir do futebol com o mesmo simbolismo de Michael Jordan no adeus ao basquetebol - com um último lançamento que valeu uma NBA. Saber sair de cena enquanto ainda se ouvem aplausos será o derradeiro desafio de CR7.

Gales, golfe e Madrid, as prioridades de Gareth Bale, por esta ordem, com o risco de o Real até cair do pódio. Desde 2013 na casa branca, ajudou o Real a conquistar 14 troféus mas talvez seja o galáctico que menos saudades deixará no Bernabéu. Em fim de contrato, pago a peso de ouro (€17 M limpos/ano), jogou mais vezes esta temporada por Gales (6) que no Real (5). Amor à camisola (não) é isto mesmo.

Abel Ferreira (Palmeiras), Paulo Sousa (Flamengo) e Vítor Pereira (Corinthians) à conquista do Brasil, agora que em Portugal os técnicos portugueses fazem o pleno na Liga. Impensável não há muito tempo.