Rui Costa deixa a porta aberta
Rui Costa, presidente do Benfica (IMAGOUkrainian News)

Rui Costa deixa a porta aberta

OPINIÃO10.02.202407:00

Discurso do presidente do Benfica parecia ser de despedida, mas o 'maestro' não chutou à baliza

Rafa Silva nunca será um jogador consensual. Entre a diferença que faz e aquela que podia fazer parece que, muitas vezes, vai um universo de separação. 

Os números mostram que Rafa está a ter uma temporada tremenda, mas quando se vê o futebol do camisola 27 parece sempre que esses números seriam grandiosos caso Rafa tomasse melhor opções. Não sei se é o homem em dúvida com si mesmo, numa luta interna, se é apenas indecisão futebolística. A verdade é que Rafa Silva parece viver entre a glória futebolística e a mais incrível das oportunidades falhadas. 

O que é inegável, porém, é a influência do antigo internacional português no Benfica, desde que chegou. No fundo, ninguém fica indiferente perante Rafa Silva. Os que gostam muito e os que não gostam nada. Aos 30 anos, Rafa já venceu por SC Braga, Benfica e Seleção Nacional. Duas Taças de Portugal, três campeonatos, três supertaças, um Campeonato da Europa e uma Liga das Nações. Portanto, dir-se-ia que Rafa Silva já venceu quase tudo o que podia com cores portuguesas – faltar-lhe-á uma competição europeia de clubes, mas isso para quem joga em Portugal é uma raridade. 

Na entrevista à BTV, Rui Costa abordou o futuro de Rafa Silva no Benfica. Falou do futuro começando pelo passado. Pelo que Rafa abdicou, pelo que o próprio clube não quis ganhar numa transferência. Uma opção legítima do Benfica, que optou por ganhar rendimento desportivo em vez de dinheiro. Neste aspeto, Rui Costa fez jus à declaração de intenções que teve quando se candidatou: o projeto do Benfica é desportivo, não financeiro. Com o final de contrato em junho, é no plano desportivo que fará sentido Rui Costa ter feito o que fez: deixar a porta aberta à continuidade de Rafael Silva. 

Todo o discurso do presidente ia no sentido de uma despedida. Duas, aliás, a de Rafa e a de Angel di María. Mas Rui Costa não concluiu, ou seja, não rematou à baliza, no caso. Não sei se para não causar qualquer ruído a mais, ou se alimenta ainda a esperança de contar com Rafa Silva. Seja qual for a decisão de jogador e clube, ela não agradará a todos, seguramente, e dividirá o mundo encarnado em dois: aqueles que acham que Rafa Silva atingirá nova glória e os que vão sempre lembrar-se da última oportunidade falhada.

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