Rúben Amorim, novo ‘special one’?
A sair do Sporting no final da temporada, como se afigura inevitável (para o clube), vai fazer-lhe muita falta. Amorim é (ou era a partir da próxima época) o treinador certo, não apenas para o Sporting… para qualquer clube
Rúben Amorim é o treinador português mais competente para singrar na alta roda do futebol europeu. Tem as qualidades adicionais ao talento, digamos, puramente técnico, para ser bem-sucedido num clube de topo de uma liga grande.
É exímio comunicador, passando para fora da equipa que lidera a clara perceção do que transmitirá para dentro. Ou seja, responde a todas as perguntas, mesmo as mais difíceis, satisfazendo quem o questiona (jornalistas) e os principais destinatários: os adeptos do Sporting e o público em geral, e tão ou mais importante, os seus próprios jogadores – que defende sempre, mesmo quando, ao fazê-lo, está a criticá-los. Estes sabem-no, percebem-no, e não há nada mais consolador para um atleta do que a defesa pública pelo seu líder. O tal discurso para dentro. Com isso, Amorim agarra o plantel. É mestria.
Depois, no banco, não é parcimonioso, nem agressivo, mas sim reativo, que é a atitude (e a imagem) que mais se apreciam num treinador. E reage quase sempre com fair-play.
A sair do Sporting no final da temporada, como se afigura inevitável (para o clube), vai fazer-lhe muita falta. Amorim é (ou era a partir da próxima época) o treinador certo, não apenas para o Sporting… para qualquer clube. A partir de 2024/25, estará por sua conta (tal como os leões na árdua e delicada tarefa de o substituir) certamente num clube de máxima exigência, mas também com cultura desportiva máxima. Liverpool?
Amorim é o protótipo de José Mourinho de há 10-15 anos, em que tudo o que tocava transformava em ouro, que construiu o FC Porto vencedor da Champions e a base da seleção portuguesa de 2004 que Scolari não conseguiu fazer campeã europeia. Mourinho era mestre da psicologia de treino e trouxe inéditas formas de comunicação aos treinadores. E a ele o galarim do futebol. Nunca teve o fair-play de Amorim. Quando perdia o… «campo estava inclinado», mas poucos eram tão competitivos. Foi mesmo special one, na medida em que era… inigualável. Amorim tem tudo isso e mais fair-play. Poderá ser ainda melhor.