Renovação do Benfica com Di María: para memória futura
Argentino e clube encarnado podem renovar no final da temporada: que é quando a decisão deve ser tomada à luz do que mudou
Era setembro de 2023, na noite anterior o Benfica jogara de branco, Di María apontara o 2-0 de uma vitória por 2-1 sobre o Gil Vicente em Barcelos, e os encarnados eram quartos na Liga, atrás do líder Boavista, de Sporting e FC Porto. As águias vinham atrás do trio com menos um ponto. A BOLA fazia capa com uma imagem da parte de trás do argentino, na qual se lia, portanto, número e nome de Di María, identificando com a manchete: «As costas que carregam o campeão.»
Por essa altura, nada estava em causa como estaria mais à frente na temporada. Desde logo Roger Schmidt, o treinador da altura, com a crítica a cair em Rui Costa também e no próprio Fideo.
Chegou-se ao ponto de a renovação de Di María, anunciada após o regresso a Rosário, Argentina, ter deixado de ser uma possibilidade, ter sido ela criticada com o argumento de que o esquerdino já não conseguia aguentar ritmo e que era um problema para o técnico alemão. Primeiro porque Di María não podia ser suplente, depois porque também não podia ser substituído e, portanto, tinha de jogar sempre. Pelo Benfica e pela Argentina, que ainda representava.
Hoje, o peso de Di María no Benfica é o mesmo que em setembro de 2023 e não há crítico passado que não se tenha rendido já. Há duas verdades sobre o argentino: o Fideo é um jogador com uma qualidade muito acima da média do campeonato português; a idade pesa a todos e o argentino não é diferente. Assim, é preciso trabalhar com estas duas ideias em mente e isso cabe somente a duas pessoas: ao treinador e ao próprio Di María.
Começou por mudar-se o primeiro e, pelo que se vê, o segundo foi atrás. Bruno Lage começou por gerir a qualidade de Di María através de minutos e convenceu-o de que não precisa de estar sempre em campo para ter impacto ou, nesta idade e fase de carreira, ser feliz. O argentino parece ter aceitado que assim é.
A 21 de dezembro de 2023, Di María tinha 21 jogos, 1683 minutos, nove golos e duas assistências pelo Benfica; um ano depois tem os mesmos 21 jogos, mas 1421 minutos e…onze golos e cinco assistências em todas as provas.
Menos Di María é mais Di María, portanto, o que até poderia dar razão aos críticos do passado. Lage tem a vantagem sobre Schmidt de Di María ter terminado a carreira na seleção, mas a questão é que a crítica nunca devia ter estado no argentino, mas sim em quem o geriu e o deixou gerir-se.
No fundo, e para memória futura, tendo em conta este contexto, e admitindo que ele mantém mínimos físicos para um futebolista profissional, renovar com Di María pode ser mesmo uma opção lógica. Como lógica também é essa decisão suceder perto do final da época, não vá algumas das condições acima descritas, de treinador e jogador, mudar.