Quem ganhou oito jogos seguidos, pode ganhar 12?

OPINIÃO11.11.202105:55

O Sporting é uma equipa económica em todos os aspetos. Gasta menos dinheiro do que os rivais diretos, marca menos golos e sofre ainda muito menos. E faz acreditar

DESDE o jogo em Dortmund, a 29 de setembro, o Sporting realizou oito partidas e ganhou-as todas. Na Alemanha podia não ter perdido ou até ter ganho, mas acabou por sofrer um golo.  Daí para cá, em oito jogos oficiais ganhou-os todos, sofrendo três golos (um na Liga, um na Champions e um na Taça da Liga) e marcando 20 golos. A média não é má, mas oito destes golos foram marcados ao Besiktas e quatro ao Belenenses (verdadeiro), na Taça de Portugal. Ou seja, na Liga em quatro jogos marcou seis golos, a uma média de 1,5 golos por jogo.
Na terça-feira, num trabalho de Mário Rui Ventura publica aqui em A BOLA, mostrava-se um Ruben Amorim com  duas caras: uma, a preta e branco, mostrava que era das piores épocas goleadoras do Sporting, apenas com 17 golos na Liga, muito menos do que os 28 marcados pelo FC Porto e os 27 do Benfica. Iguais, aliás, ao SC Braga. Na parte colorida da foto de Ruben, mostra-se o reverso da medalha: apenas quatro golos sofridos na Liga. Também substancialmente menos do que os sete sofridos por Porto e Benfica e muitíssimo menos do que os 14 que o Braga já leva (embora seis sejam do Benfica, na última jornada).
Isto significa, como se afirma no início, que somos uma equipa económica. Jogamos para vitórias e quando ganhamos fazemo-lo q.b. Ao contrário do Benfica que parece ciclotímico, tanto vencendo nas aflitas, como no desperdício total de energia e golos, o Sporting é constante no 1-0, no 2-1, etc. Quando, como no sábado passado, ganhou 2-0, fora de casa, ao Paços de Ferreira, já foi uma exceção. Desde que a época se iniciou oficialmente com a Taça da Liga, que convém recordar vencemos ao Braga por 2-1, que as exceções à margem mínima são poucas: 3-0 ao Vizela na primeira jornada; 2-0 à Belenenses SAD e 2-0 agora ao Paços. De resto diferenças mínimas, com três exceções: 4-0 ao verdadeiro Belenenses; 4-1 ao Besiktas em Istambul, mais 4-0 aos mesmos, em Lisboa. Em matéria de empates houve dois seguidos, um fora com o Famalicão (1-1), outro em casa, com o FC Porto (também 1-1). Derrotas, foram também duas: em casa 1-5 contra o Ajax, na primeira Jornada da Champions e em Dortmund por 0-1 na jornada seguinte.
Daqui se conclui que contra equipas portuguesas o Sporting nunca perdeu; que a derrota com o Ajax foi uma exceção e que estamos há oito jogos a ganhar consecutivamente, coisa que nenhum dos concorrentes se aproxima sequer.
Aliás, o Sporting é o único clube português que já sabe ficar na Europa (mínimo Liga Europa) e o que mais possibilidades tem de passar para a fase seguinte da Champions. A receita é simples: quem ganha oito jogos seguidos, pode ganhar 12. Os quatro seguintes são o Varzim, em casa, para a Taça; o Dortmund, também em casa, para a Champions;  o Tondela, ainda em casa, para a Liga e o Benfica, na Luz, também para a Liga. 
Seria um feito extraordinário ganharmos todos estes jogos. E, para fechar com chave de ouro, só no jogo número 13, que dizem que é de azar ou de sorte, fazermos um bom resultado em Amesterdão contra o Ajax.
 

Lesão de Coates é preocupação para Henrique Monteiro 


COATES E ASTÉRIX 

PREOCUPA-ME o estado físico, a lesão de Coates. Também me preocupa que Porro e Neto estejam lesionados, mas confio muito em que Porro esteja em forma para o próximo jogo, assim como desejo o mesmo a Luís Neto. Já o capitão Coates, que teve de falhar a seleção do Uruguai, para onde seguiu Ugarte, corre o risco de se ver afastado do jogo com o Dortmund. Ora um jogo na Europa sem Coates é perigoso, muito perigoso. Contra o Ajax foi assim e levámos cinco. Coates estava castigado, por uns cartões da época passada e ficou de fora, Gonçalo Inácio, que é muito bom, mas não é a mesma coisa, ocupou-lhe o lugar tendo Feddal e Neto a ladeá-lo na defesa a três. Não correu bem, embora o dedo tenha sido mais apontado (com justiça) à má exibição de Vinagre (espero que esteja já recuperado da afetação psicológica que isso naturalmente acarreta). De qualquer modo, num jogo em Alvalade, que precisamos de vencer e, de preferência por mais de um golo, é difícil e muito azar não podermos contar com Coates. Não só pelo que defende (vê-se nos golos sofridos na Liga, sem desprimor para os outros defesas e para Adán, que é um gigante na baliza), como pelo que marca. Na Champions, dos nove golos marcados, três são de Paulinho (só na Liga é que há bruxedo), dois de Sarabia, dois de Pote e dois de Coates. Ou seja, o defesa central tem tantos golos como os dois avançados que ladeiam Paulinho. É um mestre!
Coates é, além disso, um jogador que ficará sempre ligado ao Sporting. Ainda que não fique organicamente (quem sou eu para sabê-lo), ficará na memória de todos os sportinguistas. Não por acaso é ele o capitão da equipa que está a dar tantas alegrias e espero dê ainda mais. Um homem assim não se esquece.
O Sporting é, além disso, um clube com uma resiliência (palavra em voga no momento) notável. Estando por dos períodos quase 20 anos sem ganhar um campeonato tem das maiores e mais ativas massas associativas. Nesse sentido, estes irredutíveis (não os arruaceiros) fazem lembrar a inexpugnável aldeia de Astérix. Mais ainda me lembrei quando vi o presidente do Sporting e mais alguns notáveis do clube visitar a pequeníssima aldeia de Parambos, com os seus cerca de 200 habitantes e onde todos, ou quase todos, são do Sporting. No largo principal vê-se uma das três estátuas de leão que a aldeia colocou em pontos distintos. Sendo que nesta, a maior, lê-se: «Nesta aldeia quem reina é o Leão». Por trás há um outdoor verde, claro, onde se lê «O Sporting é o nosso grande amor»; noutra casa anuncia-se Parambos como a «aldeia mais sportinguista de Portugal». 
A visita de Varandas ao que considerou ser uma terra mítica, foi acompanhada por António Pinto, presidente do Sporting Clube de Parambos e por Adalgisa Barata, vice-presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, concelho onde se localiza a Aldeia. 
Um lugar assim deve ter o carinho e o apoio dos sportinguistas. Está para os sportinguistas como Coates para a equipa de futebol. É um exemplo. 
 

SELEÇÃO 

ALGUÉM tem dúvidas de ganharemos hoje à Irlanda? Eu não. Pesem as lesões e o mais que seja, estou absolutamente convicto da vitória. Assim como no domingo derrotaremos a Sérvia. Portugal vai a caminho do Catar e, embora não entenda inteiramente a não convocatória de Pedro Gonçalves (talvez para o Sporting não ficar com mais representantes do que o FC Porto, ou seja, dois, já que o Benfica não tem nenhum), continuo a confiar em Fernando Santos para, dentro do seu estilo pacato conduzir a seleção nacional a mais vitórias e alegrias.
Ganhando ou empatando com a Irlanda, basta-nos empatar com a Sérvia para ter o primeiro lugar. Perdendo com a Irlanda, basta-nos vencer a Sérvia. Portugal está muito bem colocado; com menos um jogo do que os sérvios, tem os mesmos golos marcados e só metade dos sofridos.
Neste intervalo das emoções da Liga e das competições de clubes, somo todos da mesma equipa. São boas alturas para refletir na estupidez que é a violência entre adeptos e na inutilidade do chamado cartão do adepto em boa hora revogado.
 

RICARDINHO 

Já tudo foi dito sobre o maior herói do futsal. O Ronaldo dos pavilhões, com a vantagem de além de ser campeão da Europa é também campeão do mundo, pela Seleção portuguesa. Marcou 141 golos e tem 187 internacionalizações, mais do que Cristiano. É um colosso. 
 

RUI 

Meu querido amigo e consócio do Sporting, o cancro levou-o  na segunda-feira. Também com ele, na sua vertente de um dos proprietários de uma empresa de sondagens, tive muitas e animadas reuniões e discussões com Rui Oliveira e Costa. Era, como eu sou, adepto do modelo de círculos nominais com compensação nacional. Éramos próximos em todas as vertentes das nossas vidas. Que repouse em paz e que connosco fique a sua boa disposição e a sua alegria.