«Que la chupen»

OPINIÃO27.11.202015:34

1 - Não sei se Diego Maradona foi o melhor de todos os tempos, mas nunca vi um futebolista que ficasse tão bem junto a uma bola e um homem que precisasse tanto dela. O trajeto naquele Nápoles abandonado no sul e o Mundial do México em que carregou a Argentina no pé esquerdo não são futebol - é vida. E que saudades desse verão de 1986 e de todos os outros que chegavam com a garantia de um mês de futebol na TV. Que jogador divino foste, D10S, e aqui só para nós, «con el perdon de las damas», como disseste um dia, «que la chupen, que la sigan chupando» os Goikoetxea que te fizeram mal dentro e, sobretudo, fora de campo.

2 - José Mourinho já era especial antes de ser special one. Num dos campos do antigo complexo da Luz, naqueles convívios diários em trabalho com a malta de outros jornais, rádios e televisões, logo nos primeiros treinos percebemos que a surpreendente aposta de Vale e Azevedo para substituir Heynckes era um treinador diferente. Quase um ano depois, em Tábua, após acompanhar um estágio do UD Leiria, confirmei esses indícios. Os métodos de trabalho eram, à época, revolucionários, João Bartolomeu, presidente dos leirienses, estranhava a ausência de treinos físicos na praia e na mata, ouvia-se pela primeira vez falar em periodização tática… Sim, tudo isso, mas era na relação com os jogadores que Mourinho fazia a diferença, na capacidade de ter ao lado dele os menos utilizados como se fossem titulares indiscutíveis. A passagem pela casa blanca de Madrid, por culpas próprias e alheias, fê-lo perder essa aura e só agora, no Tottenham, se nota um regresso às origens complementado até com traços de influencer no Instagram.

3 - Entre ir a pé ou de moto, sempre preferi a primeira opção, nem que fosse para caminhar até ao carro ou à paragem mais próxima. Mas domingo ganhei coragem e fiz aquela última volta em Portimão à pendura com o Miguel Oliveira. Obrigado pela boleia, campeão!